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Podemos articula visita de Moro ao Ceará e montagem de palanque para o ex-ministro em 2022

Partido tem no Estado o senador Eduardo Girão e o prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra, no grupo de oposição

Escrito por Felipe Azevedo , felipe.azevedo@svm.com.br
Eduardo Girão segura máscara de Sérgio Moro
Legenda: Senador Eduardo Girão é um dos principais expoentes do Podemos no Ceará.
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O partido Podemos inicia nesta sexta-feira (17) uma investida para estruturar o palanque do ex-ministro Sérgio Moro no Ceará, mirando as Eleições de 2022. Um evento de filiação em Fortaleza reunirá a cúpula regional da sigla e pavimenta o caminho para a vinda do ex-juiz ao Estado, marcada para acontecer entre fevereiro e março do ano que vem, segundo lideranças.  

A movimentação ocorre em meio a um cenário no qual Moro aparece, logo após se filiar ao partido, como um agente da chamada terceira via, em uma pré-candidatura ao Palácio do Planalto que se coloca como opção entre o ex-presidente Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL). 

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O principal articulador do Podemos no Ceará é o senador Eduardo Girão. Além dele, o prefeito Glêdson Bezerra, de Juazeiro do Norte, é o único chefe de Executivo no Estado pelo partido. Mesmo ligado ao grupo apoiador de Bolsonaro no Estado, especialmente ao pré-candidato ao Governo Capitão Wagner (Pros), Girão tem dado sinais de entusiamo com a candidatura de Moro.

"A  candidatura de Moro à Presidência do Brasil pelo Podemos, além  de ser legítima, contribui a meu ver, para evitar o pior para o país , que seria o retorno do PT - depois de todos os escândalos de corrupção - ao poder nacional", disse Girão, em nota, nesta sexta (17).

Ele também sai em defesa da candidatura de Capitão Wagner ao Governo e afirma que há "uma convergência política natural no enfrentamento do mal maior tanto para a nação como para a 'Terra da Luz'".

Em recente rota de colisão com bolsonaristas no Ceará, Girão tem rebatido ataques de seguidores nas redes sociais que criticam sua relação com Moro. Desde que deixou o Governo Federal, Moro gerou um racha no eleitorado de Bolsonaro que o apoiava desde a Operação Lava Jato.

A inflexão com núcleo cearense que apoia Jair Bolsonaro, como o deputado estadual André Fernandes (Republicanos), se deu principalmente por posicionamento contrário do senador ao PL 3723/19 que trata da regulamentação de armas para caçadores, atiradores esportivos e colecionadores. Em meio a críticas, o senador disse que votaria a favor após mudanças na lei.

Estratégia 

No Ceará, a tática do partido é atrair empresários e simpatizantes à candidatura de Sérgio Moro que, de acordo com as últimas pesquisas de intenção de voto, aparece em terceiro lugar na corrida eleitoral

O presidente do Podemos no Ceará, Fernando Torres, diz que a estratégia do partido é ter maior representatividade no Parlamento cearense no ano que vem. Atualmente, a sigla conta com o vereador de Fortaleza Danilo Lopes

“A nossa pretensão é eleger um deputado federal e dois estaduais [...], até final de março vamos apresentar para os nossos filiados a nossa chapa para as eleições”, disse o presidente.  

Filiação

Nesta sexta-feira (17), o Podemos organiza um evento de filiação do empresário cearense Geraldo Luciano, que chegou a ser cotado, em 2020, como pré-candidato a prefeito de Fortaleza, à época pelo Novo.  

“Desde quando ele era do (partido) Novo eu já o imaginava no Podemos. Ele tem essa pegada de gestão onde, em um futuro governo, vai nos ajudar a desenvolver políticas públicas sustentáveis, e é um amigo de longas datas do senador Eduardo Girão”, sinaliza ainda Fernando Torres.  

A expectativa é reunir empresários, políticos e pessoas ligadas ao senador Girão. O vereador Danilo Lopes também deve comparecer.  

Bolsonaro em palanque em Juazeiro do Norte
Legenda: Bolsonaro em palanque em Juazeiro do Norte
Foto: Thiago Gadelha

Desafios de Moro no Ceará 

A última vez que Sérgio Moro esteve no Ceará foi em fevereiro de 2020, ainda como Ministro da Justiça, para tratar do motim da Polícia Militar que acontecia naquela época no Estado.  

A próxima visita, de acordo com Fernando Torres, está marcada para ocorrer entre fevereiro e março de 2022, já como pré-candidato.

A intenção é que Moro visite Fortaleza e se encontre com correligionários. Uma das possibilidades é que Moro faça um evento de lançamento de seu livro "Contra o Sistema de Corrupção". 

Também está prevista uma agenda em Juazeiro do Norte, no Cariri, única cidade entre os 184 municípios cearenses comandadas por um prefeito filiado ao Podemos. 

Há, no entanto, uma aproximação também de Glêdson Bezerra com o grupo político do deputado federal Capitão Wagner que, na pré-campanha ao Governo do Estado, conta com apoio de parlamentares bolsonaristas no Ceará.  

Fator Glêdson Bezerra 

Ainda em outubro, Fernando Torres e Glêdson Bezerra estiveram com Wagner durante visita em Juazeiro do Norte. “É sempre uma honra reencontrar nossos parceiros de luta e poder falar sobre a boa política e projetos importantes para nossa querida Juazeiro do Norte”, escreveu o prefeito à época.  

Na visita que Bolsonaro fez ao município, em agosto, o prefeito recepcionou o presidente e voltou a declarar que havia votado nele no primeiro turno em 2018. Na ocasião, Capitão Wagner também esteve no palanque e foi mencionado positivamente pelo Presidente da República.  

Para Fernando Torres, o momento eleitoral, com a entrada de Moro no Podemos, servirá, entre outros pontos, para reforçar “que o senador Eduardo Girão mantém uma postura de independência, e que é um político de causa”. 

“A gente sabe dessa polarização e o partido como um todo vem fugindo disso. A gente vai mostrar nossa independência, como já estamos mostrando”, finaliza.  

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