Legislativo Judiciário Executivo

Mauro Cid responde apenas uma pergunta durante CPI, após dizer que permaneceria em silêncio

Em depoimento, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro disse que suas funções eram apenas protocolares e envolviam, inclusive, 'receber presentes'

Escrito por Redação ,
Mauro Cid durante depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal
Legenda: Mauro Cid durante depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal
Foto: Reprodução/Tv Câmara

O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, respondeu apenas uma pergunta durante a CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, após afirmar que permaneceria em silêncio durante toda a sessão na manhã desta quinta-feira (24). 

Questionado sobre a sua idade pelo deputado Daniel de Castro (PP), ele disse: "tenho 44 anos", sendo essa a única vez que o militar decidiu responder a perguntas de parlamentares.

Em um depoimento de cerca de 2 horas de duração, Cid fez um discurso inicial, em que disse que suas funções eram apenas protocolares e envolviam, inclusive, "receber presentes".

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Em julho, também durante sessão da CPI, Mauro argumentou que não participava das atividades relacionadas à administração pública, nem questionava Bolsonaro sobre o que era discutido em reuniões e encontros com autoridades dos poderes Executivo, Judiciário e Legislativo.

“Na prática, a função do ajudante de ordem consistia, basicamente, em um serviço de secretariado executivo do ex-presidente”, explicou Cid.

Segundo ele, embora próximo ao ex-presidente, apenas recepcionava os convidados e os direcionava ao local desejado, ficando do lado de fora das salas de reunião.

Investigações

Cid é apontado como um dos articuladores de uma conspiração para reverter o resultado eleitoral do ano passado, inclusive com planos de uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com investigações da Polícia Federal, mensagens capturadas com autorização judicial após apreensão do celular de Cid evidenciam que ele reuniu documentos para dar suporte jurídico à execução de um golpe de Estado.

O ex-ajudante de ordens está detido desde 3 de maio, acusado de ter fraudado cartões de vacinação contra a Covid-19, incluindo o de Bolsonaro e parentes do ex-presidente. Em seu telefone celular, peritos da Polícia Federal (PF) encontraram mensagens que ele trocou com outros militares e que, segundo deputados federais e senadores que integram a chamada CPMI do 8 de janeiro, reforçam a tese de que o grupo tramava um golpe.

Relatório de investigação produzido pela Polícia Federal informa que as mensagens mostram Cid reunindo documentos para dar suporte jurídico à execução de um golpe de Estado. Nelas, o militar teria compartilhado um documento com instruções para declaração de Estado de Sítio diante de "decisões inconstitucionais do STF".

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