'Tudo tem um preço', diz Moro sobre ameaças do PCC

Interceptações telefônicas realizadas pela Polícia Federal , na última terça-feira (6), revelaram conversas em que integrante do PCC afirma que o PT tinha “um diálogo cabuloso” com a organização criminosa

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: O Ministro da Justiça é citado em grampos registrados pela Operação Cravada
Foto: Agência Brasil

O ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) disse à reportagem do Estadão que seu compromisso com o presidente Jair Bolsonaro é endurecer o combate ao crime.

Nas últimas semanas, a Polícia Federal, braço do Ministério de Moro, tem atacado intensamente o coração financeiro de organizações e facções violentas, como o PCC. Essa ofensiva permitiu a descoberta de diálogos entre lideranças do crime organizado com ameaças ao ministro.

Moro não se mostra acuado. "Tudo tem um preço", ele disse.

Os grampos que citam Moro estão nos autos da Operação Cravada, deflagrada pela PF na quarta (7) - os agentes saíram às ruas em sete Estados para cumprir 30 mandados de prisão e bloquear 400 contas do PCC.

"O PT tinha diálogo com nóis cabuloso… é que esse Moro aí mano, esse cara é uma filha da puta', disse no celular Alessandro Roberto Pereira, o 'Elias' ou 'Veio', segundo a Operação Cravada.

Ao Estadão, Moro declarou. "O compromisso assumido com o presidente Bolsonaro foi sermos firmes contra corrupção, crime organizado e crimes violentos. Essa foi a orientação feita à Polícia Federal que tem o mérito pelas recentes operações."

O ministro disse, ainda. "Precisamos avançar mais, porém com medidas executivas e também legislativas, como o projeto anticrime."

Áudio

Entre os presos, está Alexsandro Roberto Pereira, conhecido como 'Elias' ou 'veio'.

De acordo com as investigações, ele atua como 'Resumo da Rifa', e é responsável por 'posição na hierarquia da organização criminosa e também possui poder de decisão e mando sobre os demais integrantes'.

"Das investigações foi possível desvelar que o noticiado possui a função de controlar as contas bancárias, utilizadas pela organização para movimentar dinheiro de suas atividades ilícitas principalmente, o tráfico de drogas".

Ele é um dos homens de 'relevante função, bem como poder e comando' do PCC, que foram transferidos para presídios federais, segundo decisão judicial que deflagrou a Cravada.

Líder do PCC critica Moro e diz que tinha 'diálogo' com PT em ligação gravada pela PF

A investigação mostrou que o núcleo financeiro da facção é responsável por recolher e gerenciar as contribuições para a organização em âmbito nacional

Uma operação da Polícia Federal que investiga o núcleo financeiro da organização criminosa PCC revelou um diálogo entre chefes da facção que citam o Partido dos Trabalhadores (PT) e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, segundo reportagem do Estadão. A operação “Cravada” cumpriu 28 mandados de prisão em sete Estados e fechou 400 contas bancárias ligadas à facção. 

A investigação mostrou que o núcleo financeiro da facção é responsável por recolher e gerenciar as contribuições para a organização em âmbito nacional. Os pagamentos, chamados de “rifas”, eram feitos por meio de diversas contas bancárias de maneira intercalada. 

Os diálogos são entre Alexsandro Roberto Pereira, conhecido como ‘Elias’ ou ‘Veio’, considerado de relevante posição dentro da organização criminosa e responsável por controlar as contas bancárias; Willians Marcondes Ferraz, o ‘Rolex’, também atuante em posição de comando; e André Luiz de Oliveira, o ‘Salim’, revela a reportagem. 

Durante as conversas, os traficantes falam que o Governo está “mexendo diretamente com a cúpula” e criticam Sérgio Moro.  

“Com nois já não tem diálogo, não, mano. Se vocês estava tendo diálogo com outros, que tava na frente, com nois já não vai ter diálogo, não. Esse MORO aí, esse cara é um filha da puta, mano. Esse cara aí é um filha da puta mesmo, mano. Ele veio pra atrasar”, diz Elias, segundo material colhido pela PF. 

“Ele começou a atrasar quando foi pra cima do PT. Pra você ver, o PT com nois tinha diálogo. O PT tinha diálogo com nois cabuloso, mano, porque… situação que nem dá pra nois ficar conversado a caminhada aqui pelo telefone, mano. Mas o PT, ele tinha uma linha de diálogo com nois cabulosa, mano….”, completa o traficante. 

Em conversa entre Elias e “Rolex”, os chefes da facção comentam uma reportagem do Estado sobre o isolamento de 134 presos em São Paulo, antes de o mesmo ser feito com William Herbas Camacho, o ‘Marcola’.  

“Esse verme aí que entrou aí”, mano, ele veio para querer mostrar serviço, mano, pra querer falar que “com ele é dessa forma”, e que “nas outra administração tava tudo errado”. Então, eles tão vindo nesse caminho, de querer mostrar que tudo que os outros estavam fazendo tava errado. Então, pode ter certeza, meu amigo, esse “verme” aí ele vai ô…primeiramente irmão: “mexeu, não teve uma resposta, até agora não teve uma resposta ainda!”. Os cara falou o quê? Falou: “oh mano, os cara não quer, não quer guerra”. Mas só que o… “a gente tem que desestruturar as peça chave”. As peça chave que ele sabe que eles tem o tabuleiro quem é.”, diz. 

Em nota, o PT afirmou se tratar de “mais uma armação como tantas outras forjadas contra o PT”,  e frisou que a Polícia Federal está subordinada a Sérgio Moro. “ 

“Vem no momento em que a Polícia Federal está subordinada a um ministro acuado pela revelação de suas condutas criminosas. Quem dialogou e fez transações milionárias com criminosos confessos não foi o PT, foi o ex-juiz Sergio Moro, para montar uma farsa judicial contra o ex-presidente Lula com delações mentirosas e sem provas. É Moro que deve se explicar à Justiça e ao país pelas graves acusações que pesam contra ele.”, finaliza a nota. 



Em diálogos com outros líderes do núcleo financeiro da facção, ele critica o ministro da Justiça Sérgio Moro: "Com nois já não tem diálogo, não, mano. Se vocês estava tendo diálogo com outros que tava na frente, com nois já não vai ter diálogo, não. Esse MORO aí, esse cara é um filha da puta, mano. Esse cara aí é um filha da puta mesmo, mano. Ele veio pra atrasar".

Também menciona um partido político. "Ele começou a atrasar quando foi pra cima do PT. Pra você ver, o PT com nois tinha diálogo. O PT tinha diálogo com nois cabuloso, mano, porque… situação que nem dá pra nois ficar conversado a caminhada aqui pelo telefone, mano. Mas o PT, ele tinha uma linha de diálogo com nois cabulosa, mano….", diz Elias.

E ainda menciona o Estado de São Paulo como núcleo do tráfico de drogas. "Os cara sabe os tabuleiro que é de dentro de São Paulo, do Progresso. Os Estado têm o tabuleiro que anda, mano".

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