Novo ministro da Defesa assina ordem alusiva a golpe militar de 1964
Documento se refere ao golpe como 'movimento'; Anistia Internacional Brasil repudia comemoração
O novo ministro da Defesa, general da reserva Walter Souza Braga Netto, assinou, nesta terça-feira (30), uma ordem alusiva ao 31 de março de 1964, dia do golpe militar.
O documento se refere ao golpe como "movimento" e afirma que "eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época".
A ordem alusiva diz que, com o golpe, as Forças Armadas "assumiram a responsabilidade de apaziguar o país". "Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março", finaliza o texto.
A Anistia Interacional Brasil publicou nota em repúdio a menção do golpe como algo benéfico para a sociedade brasileira. "O Regime Militar instalado no país por mais de 20 anos foi um período de exceção marcado por graves violações de direitos humanos, que se constituíram em ataques generalizados e sistemáticos contra a população civil", destacou o órgão.
A nota também ressalta que a Corte Interamericana de Direitos Humanos declarou, em julgamento do caso Vladimir Herzog vs. Brasil, que os fatos ocorridos durante esse período eram considerados crimes contra a humanidade.
Comando das forças armadas
Walber Braga Netto foi anunciado como ministro da Defesa na segunda-feira (29), após o presidente Jair Bolsonaro demitir o então ministro Fernando Azevedo. A mudança fez parte de uma reforma ministerial com troca de comando de seis pastas.
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Na terça-feira (31), os comandantes das três Forças Armadas, Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica), também deixaram seus cargos.
Em sua carta de demissão, Fernando Azevedo disse que buscou preservar as Forças Armadas como instrumentos de estado, não como força de apoio ao governo.
Ainda não foram divulgados os nomes dos novos comandantes. Na nota de alusão ao golpe militar, Braga Netto afirmou que as forças acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais.
"e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso País", completou.