Jair Bolsonaro põe sigilo bancário à disposição ao comentar denúncias

Presidente disparou críticas à oposição e à imprensa, ao comentar o avanço das investigações de denúncias contra seu filho Flávio

Escrito por Redação ,
Legenda: No Texas (EUA), Jair Bolsonaro recebeu prêmio de personalidade do ano
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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) colocou, nesta quinta-feira, seu sigilo bancário à disposição e atribuiu a uma perseguição política o avanço da investigação contra seu filho mais velho, Flávio.

"Querem me atingir? Venham pra cima de mim! Querem quebrar meu sigilo, eu sei que tem que ter um fato, mas eu abro o meu sigilo. Não vão me pegar", disse o presidente em Dallas (EUA). Questionado sobre a investigação que atinge seu filho, Bolsonaro falou por quase 15 minutos, disparando críticas à imprensa, a jornalistas presentes no momento e aos governos do PT.

Oito alvos da quebra de sigilo bancário e fiscal na investigação, que mira Flávio, já trabalharam no gabinete de seu pai, quando este era deputado federal. Os nomes, que incluem uma irmã e uma prima de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro, aparecem em decisão do juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, de 24 de abril, que listou 95 pessoas e empresas na investigação. Todos terão os dados bancários e fiscais abertos a pedido do Ministério Público.

"Fizeram aquilo para quê? Para prejudicar. Desde o começo do meu mandato, o pessoal está atrás de mim, o tempo todo usando a minha família. Quebram o sigilo de uma ex-companheira minha, que eu estou separado há onze anos dela, que nunca foi empregada no gabinete. Eu me pergunto, por que isso? Qual a intenção disso? 93 pessoas? Eu não quero acusar outras pessoas de nada, não, mas está escandaloso esse negócio, está escandaloso", disse Bolsonaro, sobre as investigações.

Bolsonaro sugeriu que há uma "ilegalidade" na quebra de sigilo de Flávio. "O que diz a jurisprudência, eu não sou advogado, nulidade de processo", afirmou.

As declaração foram feitas no Texas, onde o presidente recebeu o prêmio de personalidade do ano, oferecido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em Dallas, no Texas. O evento de duas horas contou com um discurso de 11 minutos do presidente, uma continência prestada por Bolsonaro à bandeira americana e o bordão de Governo refeito: "Brasil e Estados Unidos acima de tudo".

'Milagre'

O evento no Texas foi um almoço preparado para cerca de 100 empresários organizado às pressas depois que Bolsonaro cancelou ida a Nova York, onde receberia a premiação, diante de críticas, inclusive do prefeito nova-iorquino, Bill de Blasio, que classificou Bolsonaro como "perigoso" e preconceituoso. O Itamaraty articulou a agenda no Texas, um Estado conservador, e a organização World Affairs Council aceitou receber o evento.

"Lamento muito o ocorrido nos últimos dias. Eu não posso ir à casa de uma pessoa onde alguém da sua família não me queira bem, mas meu amor por todo os Estados Unidos, inclusive os nova-iorquinos, continuará da mesma forma", afirmou Bolsonaro, que disse ainda que o Brasil de hoje é "amigo dos EUA, respeita os EUA e quer o povo americano, os empresários americanos, ao nosso lado".

Bolsonaro classificou como um "milagre" sua chegada ao poder. Ao falar sobre as manifestações de quarta no Brasil, contra o bloqueio do orçamento da educação, ele afirmou que "a esquerda brasileira infiltrou e tomou não só a imprensa, mas também as universidades e as escolas do ensino médio e de fundamental".

O presidente da República afirmou ainda que a política no Brasil era de antagonismo aos EUA, mas que agora há intenção de "fazer comércio, assinar muitos acordos, trazer mais que a felicidade para esses dois países".

Cautela no Senado

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou que a Casa poderá discutir as denúncias envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Ele reconheceu que há “cautela” entre os parlamentares ao abordarem o tema

O silêncio de Olavo

O escritor Olavo de Carvalho, um dos principais influenciadores do bolsonarismo, afirmou que vai deixar de “se meter” na política brasileira. “Eles querem me tirar da parada? Tiraram. Eu vou ficar quietinho agora, não me meto mais na política brasileira. O Brasil escolheu o seu caminho”