Instalação de CPI da Covid-19 é apoiada, mas gera divergências entre senadores cearenses
Enquanto Tasso e Cid Gomes cobram a instalação da CPI, Eduardo Girão diz que é favorável à medida, desde que ela também investigue estados e municípios
A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado Federal para investigar a atuação do Governo Federal no combate à pandemia voltou ao radar dos senadores cearenses, causando inclusive divergências entre os legisladores. Após aglomerações durante visita do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) ao Ceará e de declarações do mandatário contrárias a restrições sanitárias, o senador Tasso Jereissati (PSDB) disse que vai cobrar do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a instalação da CPI para apurar eventual crime de responsabilidade do chefe do Palácio do Planalto.
"Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao mandar as pessoas à morte, estimulando aglomeração”, afirmou o senador tucano após a visita do presidente ao Ceará. Para Tasso, o chefe do Executivo Federal "veio ao Ceará para tentar desmoralizar as medidas de restrição que acabaram de começar". "Isso é criminoso”, acrescentou. As declarações do senador foram concedidas em entrevista ao jornalista Gerson Camarotti, do portal G1.
O senador Cid Gomes (PDT) disse, neste sábado (27), que também pretende reivindicar a ação do Senado. “Estou afinado com o Tasso e cobrarei a instalação da CPI”, frisou o pedetista. Pouco antes, ele fez críticas às atitudes do presidente no Ceará. Nos eventos para liberação de obras em estradas federais, Bolsonaro discursou e cumprimentou apoiadores sem máscara, além de provocar aglomerações.
Na ocasião, ele também alfinetou os gestores estaduais, dizendo que o governador "que fecha seu estado e que destrói emprego, ele é quem deve bancar o auxílio emergencial".
O senador Eduardo Girão (Podemos), por sua vez, disse ser favorável à instalação da CPI, desde que ela também investigue as ações e uso de recursos por estados e municípios no combate à pandemia. Essa é a condição, inclusive, para ele assinar o requerimento para a abertura da investigação.
"Sou favorável à CPI e assinarei desde que inclua também a gestão da pandemia nos estados e municípios. Existem indícios de desvios dos recursos para o enfrentamento ao coronavírus em alguns entes federativos, inclusive no Ceará, como no escândalo do Hospital de Campanha do PV em Fortaleza", afirmou. Ele também aponta a necessidade de apuração de supostas irregularidades na compra de respiradores pelo Consórcio Nordeste.
“Creio ser necessária uma investigação completa para que não tenhamos mais uma CPI inócua, correndo o risco de funcionar apenas como palanque político-partidário”, justificou Girão.
No fim do ano passado, antes das eleições, a Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão na Capital para apurar suposto desvio de recursos públicos em contratos ligados à instalação do Hospital de Campanha. Neste ano, sem indiciar ninguém, a PF transferiu a investigação para o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE). Na época da operação, o então prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), negou irregularidades e atribuiu as ações a interferência eleitoral de Bolsonaro.
Trâmite
Ao todo, 30 senadores assinaram o requerimento para a instalação da CPI, protocolado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Como são necessárias 27 assinaturas para pautar a abertura da investigação, o requerimento já pode deliberado em plenário e, em seguida, o colegiado ser montado. Todavia, a medida depende do aval do presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco.
Senadores que assinam o requerimento
- Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
- Tasso Jereissati (PSDB-CE)
- Cid Gomes (PDT-CE)
- Jean Paul Prates (PT-RN)
- Alessandro Vieira (Cidadania-SE)
- Jorge Kajuru (Cidadania-GO)
- Fabiano Contarato (Rede-ES)
- Alvaro Dias (Podemos-PR)
- Mara Gabrilli (PSDB-SP)
- Plínio Valério (PSDB-AM)
- Reguffe (Podemos-DF)
- Leila Barros (PSB-DF)
- Humberto Costa (PT-PE)
- Eliziane Gama (Cidadania-MA)
- Major Olimpio (PSL-SP)
- Omar Aziz (PSD-AM)
- Paulo Paim (PT-RS)
- José Serra (PSDB-SP)
- Weverton (PDT-MA)
- Simone Tebet (MDB-MS)
- Rose de Freitas (MDB-ES)
- Rogério Carvalho (PT-SE)
- Renan Calheiros (MDB-AL)
- Eduardo Braga (MDB-AM)
- Rodrigo Cunha (PSDB-AL)
- Lasier Martins (Podemos-RS)
- Zenaide Maia (Pros-RN)
- Paulo Rocha (PT-PA)
- Styvenson Valentim (Podemos-RN)
- Acir Gurgacz (PDT-RO)