Instalação de CPI da Covid-19 é apoiada, mas gera divergências entre senadores cearenses

Enquanto Tasso e Cid Gomes cobram a instalação da CPI, Eduardo Girão diz que é favorável à medida, desde que ela também investigue estados e municípios

Escrito por Alessandra Castro , alessandra.castro@svm.com.br
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Legenda: Os três dizem ser favorável à instalação de uma CPI, mas divergem sobre os entes que ela deve investigar
Foto: Agência Senado

A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado Federal para investigar a atuação do Governo Federal no combate à pandemia voltou ao radar dos senadores cearenses, causando inclusive divergências entre os legisladores. Após aglomerações durante visita do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) ao Ceará e de declarações do mandatário contrárias a restrições sanitárias, o senador Tasso Jereissati (PSDB) disse que vai cobrar do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a instalação da CPI para apurar eventual crime de responsabilidade do chefe do Palácio do Planalto. 

"Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao mandar as pessoas à morte, estimulando aglomeração”, afirmou o senador tucano após a visita do presidente ao Ceará. Para Tasso, o chefe do Executivo Federal "veio ao Ceará para tentar desmoralizar as medidas de restrição que acabaram de começar". "Isso é criminoso”, acrescentou. As declarações do senador foram concedidas em entrevista ao jornalista Gerson Camarotti, do portal G1.

O senador Cid Gomes (PDT) disse, neste sábado (27), que também pretende reivindicar a ação do Senado. “Estou afinado com o Tasso e cobrarei a instalação da CPI”, frisou o pedetista. Pouco antes, ele fez críticas às atitudes do presidente no Ceará. Nos eventos para liberação de obras em estradas federais, Bolsonaro discursou e cumprimentou apoiadores sem máscara, além de provocar aglomerações.

 Na ocasião, ele também alfinetou os gestores estaduais, dizendo que o governador "que fecha seu estado e que destrói emprego, ele é quem deve bancar o auxílio emergencial".

O senador Eduardo Girão (Podemos), por sua vez, disse ser favorável à instalação da CPI, desde que ela também investigue as ações e uso de recursos por estados e municípios no combate à pandemia. Essa é a condição, inclusive, para ele assinar o requerimento para a abertura da investigação. 

"Sou favorável à CPI e assinarei desde que inclua também a gestão da pandemia nos estados e municípios. Existem indícios de desvios dos recursos para o enfrentamento ao coronavírus em alguns entes federativos, inclusive no Ceará, como no escândalo do Hospital de Campanha do PV em Fortaleza", afirmou. Ele também aponta a necessidade de apuração de supostas irregularidades na compra de respiradores pelo Consórcio Nordeste.

“Creio ser necessária uma investigação completa para que não tenhamos mais uma CPI inócua, correndo o risco de funcionar apenas como palanque político-partidário”, justificou Girão.

No fim do ano passado, antes das eleições, a Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão na Capital para apurar suposto desvio de recursos públicos em contratos ligados à instalação do Hospital de Campanha. Neste ano, sem indiciar ninguém, a PF transferiu a investigação para o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE). Na época da operação, o então prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), negou irregularidades e atribuiu as ações a interferência eleitoral de Bolsonaro.

Trâmite

Ao todo, 30 senadores assinaram o requerimento para a instalação da CPI, protocolado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Como são necessárias 27 assinaturas para pautar a abertura da investigação, o requerimento já pode deliberado em plenário e, em seguida, o colegiado ser montado. Todavia, a medida depende do aval do presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco.

Senadores que assinam o requerimento

  • Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
  • Tasso Jereissati (PSDB-CE)
  • Cid Gomes (PDT-CE)
  • Jean Paul Prates (PT-RN)
  • Alessandro Vieira (Cidadania-SE)
  • Jorge Kajuru (Cidadania-GO)
  • Fabiano Contarato (Rede-ES)
  • Alvaro Dias (Podemos-PR)
  • Mara Gabrilli (PSDB-SP)
  • Plínio Valério (PSDB-AM)
  • Reguffe (Podemos-DF)
  • Leila Barros (PSB-DF)
  • Humberto Costa (PT-PE)
  • Eliziane Gama (Cidadania-MA)
  • Major Olimpio (PSL-SP)
  • Omar Aziz (PSD-AM)
  • Paulo Paim (PT-RS)
  • José Serra (PSDB-SP)
  • Weverton (PDT-MA)
  • Simone Tebet (MDB-MS)
  • Rose de Freitas (MDB-ES)
  • Rogério Carvalho (PT-SE)
  • Renan Calheiros (MDB-AL)
  • Eduardo Braga (MDB-AM)
  • Rodrigo Cunha (PSDB-AL)
  • Lasier Martins (Podemos-RS)
  • Zenaide Maia (Pros-RN)
  • Paulo Rocha (PT-PA)
  • Styvenson Valentim (Podemos-RN)
  • Acir Gurgacz (PDT-RO)