Os animais excluídos
No reino dos irracionais, repetem-se as desigualdades que ocorrem entre os racionais. Os sofrimentos, dificuldades, os desafios na luta diária pela sobrevivência. Assim vemos, a todo momento, cães e gatos abandonados pelas ruas desta cidade. Sofridos, maltratados, ameaçados. Medrosos, diante da maldade e insensibilidade humana! Cada um deles parece nos olhar com tristeza, pedindo-nos carinho, atenção, amor!
Diferentemente dos seus irmãos caninos, como os yorkshires, os labradores, os golden retrievers ou shitzus que vivem em lares onde encontram abrigo, alimento e até uma caminha para o descanso, muitos vira-latas vagueiam pelas ruas e praças de Fortaleza, em busca de algum resto de comida, ossos ou um punhado de ração colocado nas calçadas por pessoas que se preocupam com esses bichinhos.
É, leitor(a)! Enfim, deparamo-nos com tão triste realidade vivida pelos pobres animais, que só desejam achar um lar onde, da mesma forma que tantos outros cães e gatos mais aquinhoados pela sorte, possam receber também os cuidados de que tanto necessitam. Ultimamente, tenho observado que muitos tutores já desfilam pelas calçadas de Fortaleza levando, em suas caminhadas, não apenas os cães “de luxo”, mas também vira-latas adotados, felizes com aquele passeio matinal ou vespertino, na sua inocência e alegria.
Mas é preciso que ações mais práticas e eficientes aconteçam em prol de muitos desses excluídos que, desorientados pelas artérias da cidade, correm outros riscos , como o de atropelamento por motoristas incautos ou mesmo insensíveis ao volante; ou da violência praticada por psicopatas moradores de rua, que os agridem sem motivo, com um pedaço de madeira ou até facas, como já vimos em casos relatados pela imprensa.
Já nascem em desvantagem pela vida, desprovidos de tudo, expostos ao frio, à fome e ao medo que os ronda a todo momento! Apesar dos esforços despendidos por inúmeros protetores, de abrigos como o São Lázaro e de organizações não governamentais que se dedicam à causa animal, há muito que ser feito em seu benefício. Cobramos também a participação efetiva e, principalmente, visível, dos órgãos municipais que têm como objetivo cuidar do problema. Uma campanha de esterilização em massa desses animais de rua, por toda a cidade, seria muito bem-vinda! Não adianta apenas dar entrevistas falando no tema, mas, sim, agir de fato, para evitar a reprodução incontrolável dos animais. Outra medida adequada deve ser a intensificação de campanhas de adoção responsável, após a castração de cães e gatos de rua. Que se pense no assunto com a seriedade que merece, é apenas o que pedimos!
Gilson Barbosa é jornalista