Não existe cidade inteligente sem uma distribuição eficiente
Nem todo mundo se dá conta da importância que a mobilidade exerce na qualidade socioambiental de qualquer grande cidade, mas o alto volume de emissões de carbono, boa parte proveniente dos combustíveis de veículos, vem acelerando as mudanças climáticas. E muitas pessoas não consideram que parte fundamental da mobilidade está na cadeia logística, afinal é cada vez mais comum termos mercadorias e produtos em entregas expressas percorrendo desde pequenas distâncias até cruzando a cidade. E se fosse possível tornar esses trajetos mais eficientes e ainda estimular o uso de energia limpa pelas empresas distribuidoras? A boa notícia é que essas ideias já estão em movimento.
O mercado de self storage está crescendo no País. Segundo pesquisa realizada pela Brain Inteligência Estratégica, encomendada pela Associação Brasileira de Self storage (ASBRASS), de 2021 para 2022, ele ganhou aproximadamente 24 mil novos boxes, o que representa um crescimento de 16%. O intuito desse setor é exatamente oferecer soluções de armazenamento, com unidades em bairros consolidados nos principais centros urbanos do Brasil, perto de onde as pessoas moram e trabalham, para que possam viver de maneira mais prática e organizada.
A mesma lógica se aplica ao mercado corporativo, que vem utilizando espaços de armazenamento como estoque de insumos e mercadorias ou centros de distribuição, trazendo maior agilidade para os processos produtivos e encurtando a última milha das entregas expressas.
Esse mercado não apenas contribui com a qualidade de vida das pessoas, mas aos poucos ajuda a impulsionar pequenos negócios e e-commerces. A própria pandemia da Covid-19 acelerou o comportamento de consumo on-line, com a exigência de instantaneidade. E hoje o segmento logístico dos centros urbanos precisa operar 24h.
O que consequentemente aumentou o apetite por espaços estratégicos por parte de grandes empresas e indústrias leves, em busca de instalar seus centros de distribuição e estoques em áreas centrais para encurtar prazos e custos de entregas.
E esses espaços passaram então a apoiar essas empresas na concepção de trajetos mais racionais, capazes de recursos naturais, e na transição energética de suas frotas para a matriz elétrica.
Quanto mais digital se torna a experiência do consumidor, mais as cidades precisam de infraestrutura para atender à demanda por entregas instantâneas. Sem isso, não há cidade inteligente e muito menos sustentabilidade. Nesse contexto, outro aspecto super relevante e que cresce exponencialmente conforme avança o consumo digital é a logística reversa. Trata-se de um conjunto de métodos e recursos que busca facilitar a coleta e a reintegração de resíduos sólidos, de modo que sejam reutilizados pelo meio empresarial no mesmo ciclo ou em outros processos ou então pelo menos para garantir uma destinação final sustentável. Esses sistemas podem abranger tanto produtos quanto embalagens e assim reduzir o impacto do consumo na saúde pública e no meio ambiente.
Mas, para a logística reversa funcionar de verdade, é preciso viabilizar o armazenamento dentro da própria cidade dos itens que retornam para serem revendidos. O que acontece em muitos casos é o oposto: há rotas até mesmo interestaduais antes de os materiais retornarem ao ponto de partida, gerando emissões CO2 e corroendo as margens das empresas com a ineficiência.
Os princípios ESG, formados pelas questões sociais, ambientais e governamentais, exigem um olhar mais amplo e integrado para os negócios, a qualidade de vida das pessoas e o planeta.
É o que chamamos de "human to human" (H2H), em que a responsabilidade de gestores públicos e investidores privados é construir cidades mais favoráveis à permanência humana. Conforme se tornam mais adensadas, promovem mais inclusão, pluralidade, tempo livre e a tão almejada qualidade de vida – desde que bem geridas, claro.
Aproximadamente 33% das emissões totais do planeta são provenientes do transporte movido a combustíveis fósseis. Encurtar distâncias e usar energia limpa no segmento logístico, além de torná-lo mais eficiente, também contribui para um futuro mais verde para as cidades.
Cidades inteligentes demandam logística sustentável e eficiente, e o mercado de self storage está em expansão exatamente com o objetivo de desenvolver soluções logísticas inovadoras que promovam o bem-estar das pessoas e a preservação do meio ambiente, enquanto ajuda empresas a atenderem às demandas do consumidor digital e a alcançarem seus objetivos comerciais. Juntos, podem construir um futuro mais sustentável e democrático para todos.
Thiago Cordeiro é CEO e fundador da GoodStorage