Impactos da inteligência artificial no direito empresarial
A tecnologia está cada vez mais presente na sociedade e o escopo da sua utilização é uma discussão recorrente. O uso da inteligência artificial (IA) no direito empresarial tem se expandido, promovendo mudanças significativas na forma como empresas e escritórios de advocacia lidam com questões jurídicas. Um dos principais usos é a automação de tarefas repetitivas, a exemplo da revisão de contratos e da análise de documentos.
Ferramentas de IA conseguem examinar milhares de páginas rapidamente, identificando padrões e riscos. Outro uso no direito empresarial é com a sua capacidade de realizar previsões com base em grandes volumes de dados. Tecnologias de aprendizado de máquina analisam históricos de litígios e tendências do mercado, permitindo decisões mais estratégicas.
No entanto, surgem preocupações éticas e jurídicas com tal uso constante. Questões como privacidade, proteção de dados e transparência nos processos automatizados são cada vez mais discutidas. A manipulação de excesso de dados sensíveis exige uma execução rigorosa da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil. Ademais, a falta de clareza sobre como as decisões são tomadas pelos algoritmos pode gerar insegurança jurídica.
Outro ponto crítico é o impacto no mercado de trabalho. Ainda que as ferramentas de IA aumentem a produtividade, é necessária a interpretação humana para a correta aplicação da legislação. A tecnologia precisa ser vista como uma aliada e um complemento às habilidades humanas, não como uma substituição.
Algoritmos podem conter erros ou vieses que levam a decisões incorretas, prejudicando empresas e clientes. A falta de regulação clara sobre falhas tecnológicas no setor jurídico também deixa questões em aberto, como a responsabilidade por danos causados pelas decisões automatizadas.
Nota-se, nesse mundo globalizado, que a IA no direito empresarial traz eficiência e redução de custos, mas também exige muita cautela. Seu sucesso depende de um equilíbrio entre inovação tecnológica e princípios éticos e jurídicos, demandando uma reflexão contínua sobre seus impactos.
Karinne Lima é advogada e sócia do escritório Lessa & Lima Associados