Cidadania antiecológica: até quando?

Um outro horizonte, de utopia, se apresenta para uma nova caminhada. Nele está o futuro da vida humana na Terra

Escrito por Nilson Fernandes , jnilsonfe@gmail.com
Diretor de Comunicação do Sintaf
Legenda: Diretor de Comunicação do Sintaf

O marco temporal para a sustentabilidade socioambiental brasileira não é 1988, mas, muito provavelmente, o início do terceiro milênio com o inolvidável fenômeno da pandemia da covid-19, atestando um mundo globalizado, interdependente. O futuro da humanidade depende do ser humano e não da Natureza, da Gaia - sistema autopoiético de vida e vontade próprias. As tintas que falam das crises, do senso comum ao conhecimento científico, já estão pra lá de desbotadas. Não cabe mais a ilusão de conceber uma simples demão, na mesma velha paisagem que apenas oculta um horizonte sinistro.

A modernidade, agonizante, embora ainda politicamente hegemônica, caminhando a passos largos, sob desejos humanos insaciáveis ao consumo e esgotamento de recursos naturais, atingiu a beira do abismo. Chegou-se ao fim de uma era, antropocêntrica, de ideologia voraz androcêntrica, para dar início a uma outra, ecocêntrica, de cidadania ecológica. Um outro horizonte, de utopia, se apresenta para uma nova caminhada. Nele está o futuro da vida humana na Terra. Realidade tanto irretorquível quanto desanimadora.

J. J. Rousseau, um incompreendido da modernidade humanista iluminada, botânico no final da vida, legou à posteridade, em os ''Os devaneios do caminhante solitário'', a pegada ecológica suficiente que preveniria a distopia em que vive a atual sociedade humana planetária. Em genialidade, auscultando Deus/Natureza, revelou, no século XVIII, as verdades científicas que os séculos XX e XXI anunciam e consolidam. Entre o otimismo da vontade e o pessimismo da realidade, talvez caiba às crianças anunciar a verdade científica, denunciando que o ''rei está nu''.

Alfabetizadas ecologicamente pela transdisciplinar ecopedagogia, desnudam a incongruência e ingenuidade em que os adultos se meteram, ao reverenciarem a moral daquele que não admite ser contrariado. As crianças ecólogas, em solidariedade com as gerações futuras, ensinarão, como Rousseau, a verdade que importa: “Seja qual for o efeito que resulte da verdade, nunca somos culpados ao dizê-la, porque nela nada pusemos de nosso”. Verdade solar para cegos. Nada mais!

 

Nilson Fernandes é diretor de Comunicação do Sintaf

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