A luta das mães atípicas por direitos no dia a dia: a força feminina além do Dia da Mulher
O tempo de espera para consultas e tratamentos pelo SUS pode comprometer o desenvolvimento da criança, enquanto planos de saúde frequentemente negam coberturas sob justificativas arbitrárias
Garantir direitos que já estão previstos na legislação brasileira não deveria ser uma batalha diária. No entanto, para as mães atípicas — aquelas que criam filhos com condições neurodivergentes — a realidade é diferente. Elas enfrentam barreiras que vão desde a falta de suporte do Estado (saúde e edução) até a burocracia de planos de saúde e instituições particulares de ensino que relutam em cumprir a inclusão. O que deveria ser um direito se transforma em uma luta constante, marcada por esgotamento físico, emocional e financeiro.
A Constituição Federal, no artigo 227, determina que é dever da família, da sociedade e do Estado garantir às crianças e adolescentes especiais o direito à dignidade, respeito e inclusão social. Além disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015) reforçam essa obrigação. Na prática, porém, mães precisam ingressar com ações judiciais para que seus filhos tenham acesso a terapias, educação adequada e atendimento médico especializado.
O tempo de espera para consultas e tratamentos pelo SUS pode comprometer o desenvolvimento da criança, enquanto planos de saúde frequentemente negam coberturas sob justificativas arbitrárias, descumprindo a Lei 9.656/98. No ambiente escolar, muitas mães lidam com a resistência na efetivação do ensino inclusivo, que deveria ser garantida pela Constituição e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). O resultado? Alunos sem mediadores, sem adaptação curricular e, em alguns casos, até impedidos de frequentar a escola.
Neste Dia das Mulheres, é essencial refletirmos sobre a realidade da mãe atípica. Sua luta vai além do presente; é uma batalha pelo futuro. Cada direito negado hoje compromete sua autonomia e qualidade de vida amanhã. A falta de políticas públicas eficazes transformam essas mãezinhas em advogadas sem diploma, especialistas em leis e incansáveis defensoras dos direitos de seus filhos.
Enquanto o Estado falha, a sociedade precisa evoluir. A inclusão não é um favor, mas um dever coletivo. É urgente que gestores públicos, escolas, profissionais de saúde e a população em geral compreendam que garantir dignidade a crianças atípicas não deveria ser uma luta isolada dessas mães, mas um compromisso de todos.