Preservativo é dispensado por 40% dos alunos
Em 2015, 26,4% dos estudantes entre 13 e 15 anos já haviam tido relação sexual pelo menos uma vez
Os adolescentes cearenses estão iniciando a vida sexual de forma cada vez mais precoce e insegura. No ano passado, 26,4% dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental do Estado, que inclui meninos e meninas com idades entre 13 e 15 anos, tiveram relação sexual pelo menos uma vez. O mais preocupante é que grande parte deles, cerca de 40%, não utilizou preservativos na primeira vez em que fizeram sexo, aumentando o risco de complicações que vão desde a gravidez indesejada até a aquisição de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).
Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) 2015, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) na última semana. Para a elaboração do estudo, foram entrevistados alunos do 9º ano de escolas públicas e particulares de todo o País. No Ceará, 122.529 estudantes participaram do levantamento, sendo 104.602 provenientes de instituições governamentais e 17.927 de colégios privados.
O levantamento mostrou que a vida sexual começa mais cedo entre os adolescentes do sexo masculino. Uma parcela de 35,3% dos meninos afirmaram já terem praticado sexo nessa faixa etária, enquanto, entre as meninas, esse percentual cai para 17,8%. Quando se comparam as redes de ensino, a sexualidade precoce foi mais comum nas escolas públicas (27,9% dos alunos) que nas unidades particulares (17,7%).
Em relação ao uso de camisinha durante a primeira relação sexual, 46,5% dos meninos disseram não ter utilizado nenhum tipo de proteção, contra 28,6% das meninas. Nesse quesito, o problema foi maior nas escolas particulares (43%) que nas escolas públicas (40%).
Para a coordenadora estadual de Aids e DSTs da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Telma Martins, a negligência quanto ao uso de preservativo entre aos adolescentes está mais ligada à falta de maturidade existente na faixa etária do que à questão do acesso à informação. "Há muitos anos, o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais vêm trabalhando o uso e o acesso ao preservativo, junto a essa faixa etária. Além disso, eles também têm acesso a esse tipo de informação na mídia. Acredito que seja mais aquele pensamento de adolescente, que acha que nada pode acontecer com ele".
Os dados comprovam a opinião da coordenadora. A grande maioria dos adolescentes cearenses (86,3%) afirmou ter recebido orientação na própria escola sobre Aids e outras DSTs. Cerca de 78% receberam dados sobre prevenção da gravidez e 62% foram orientados sobre como adquirir camisinha gratuitamente.
Alerta
Além da gravidez indesejada, Telma Martins cita um incontável número de doenças passíveis de serem contraídas por meio da relação sexual sem proteção. Sífilis, gonorreia, clamídia, cancro mole são apenas algumas delas. Segundo ela, entre os adolescentes, as infecções mais recorrentes são as transmitidas por vírus, como o HPV, a herpes e o HIV. Embora a Aids não seja tão comum nessa faixa etária, houve aumento do número de casos registrados nos últimos anos, alarmando o poder público.
Para conscientizar os adolescentes sobre o uso da camisinha, a gestora destaca que a Sesa realiza ações educativas regulares nas escolas do Estado. No entanto, conforme ela, ainda há resistência contra o trabalho e, na maioria das vezes, a dificuldade não parte dos jovens. "Existe resistências dos pais. "É uma barreira, porque o diálogo familiar é muito importante para que os adolescentes possam aprender".
Doenças comuns
Herpes genital
É causado por um vírus, transmitido durante a relação sexual sem preservativos com pessoas contaminadas. Pode ocasionar feridas, ardor e coceira na região afetada. Não há cura, mas pode ter sintomas amenizados
Condiloma acuminado (HPV)
É causado pelo vírus HPV, transmitido por via sexual. Também é conhecido como "verruga anogenital", causando feridas, lesões, irritações nos órgãos genitais. Pode ser prevenido com vacina
Infecção por HIV
O HIV é o vírus transmissor da Aids que ataca o sistema imunológico. É possível contrair o vírus sem desenvolver a Aids e sem apresentar sintomas, mas o vírus pode ser transmitido a outras pessoas por via sexual, pelo contato com o sangue de pessoas contaminadas, ou de mãe para filho
