Pediatria do HGF deve ser transferida para o Hias; abaixo-assinado é lançado contra a mudança

Em funcionamento há mais de 50 anos, o serviço de pediatria do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) deve migrar para o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), conforme foi comunicado pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa). Com a transição, ainda em planejamento, serão ampliados os serviços de urologia, ortopedia, vascular e oncohematologia no HGF, além de desafogar a emergência deste hospital, segundo a pasta estadual.

Nas redes sociais, porém, uma petição contra a mudança de hospitais já reúne mais de sete mil assinaturas. 

No último sábado (18), a Sociedade Cearense de Pediatria (Socep) emitiu uma carta aberta em que indica que não houve chamamento para discutir a mudança no serviço e que, assim, muitos pontos de vista deixaram de ser considerados. Já em uma nota de apoio ao serviço de pediatria do HGF, a Socep também menciona vários benefícios proporcionados pela pediatria do hospital, como os procedimentos endovasculares em crianças de toda a rede estadual.

“Nós assistimos essa mudança com tristeza e sem entender essa decisão sem sequer uma discussão com os pediatras. Os profissionais de lá (HGF) nos reportaram que se viram prejudicados com essa medida, além de acarretar em prejuízos na atenção à saúde de crianças e suas famílias”, afirma a presidente da Socep, Anamaria Cavalcante. 

Com a mudança para o Hias, a presidente, que também já foi diretora do Hias por mais de dez anos, afirma que o lugar pode ter um prejuízo.

“O Albert Sabin vem passando por dificuldades no que diz respeito ao excesso de demanda. Nós jamais concordaríamos em fechar leitos de pediatria, ainda mais como os de excelência há anos como o do HGF”, pontua.

Outras questões sobre a mudança do serviço de pediatria do HGF foram feitas à secretária, mas até a publicação da reportagem não foram respondidas.

Apoio virtual

Portadora da uma patologia autoimune, a Doença Indeterminada no Tecido Conjuntivo (DITC), a paciente Anahélia de Paiva Nunes, de 19 anos, foi uma das colaboradoras de um movimento nas redes sociais em apoio à pediatria do HGF, chamado de #VoltaPediatriaHGF. A jovem diz que recebeu a notícia da transição com surpresa. 

“No início da pandemia, começaram a dar alta para os paciente. Primeiro soubemos que ia ser para dar o leito aos pacientes críticos da Covid-19, o que é entendível. Porém, logo soubemos que a ala permaneceria fechada após a pandemia”, explica Anahélia, que já foi internada no HGF por mais de seis vezes.

A paciente teme que o serviço no Hias não tenha a mesma “estrutura que tem no HGF”. “Eu já me internei lá uma vez e vi as condições. Imagina como deve ser quando todos os pacientes forem realocados para la?”, indaga. “Nós criamos laços com os profissionais e os também pacientes internados lá. A gente teme que muitas perdas acontecerão para todos até porque são muitos anos de história da pediatria HGF”, finaliza.