Infrações por velocidade aumentam durante o isolamento social

Apesar de menos carros nas ruas de Fortaleza, AMC registra que subiu em 23% o número de motoristas que aceleram além da conta. Prudência ajuda a evitar sobrecarrega nos hospitais.

Escrito por Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania ,
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Legenda: Além de aumentar a gravidade do acidente, o excesso de velocidade dificulta a percepção do entorno por parte do condutor.
Foto: AMC/Divulgação

Com a redução do volume de tráfego em Fortaleza nos últimos três meses, por conta do isolamento social, observa-se um maior desrespeito aos limites de velocidade. De acordo com levantamentos preliminares da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) , houve aumento de 23% nesse tipo de infração no período. “Em um dia normal, do total de veículos que passam por uma determinada avenida, em torno de 1% comete excesso de velocidade, e nesse período o índice aumentou. Muitos veículos que ultrapassaram a velocidade permitida são de emergência, como ambulâncias e viaturas, mas ficamos preocupados, porque com o fluxo menor, infelizmente muitas pessoas aproveitam para acelerar além da conta e avançar o sinal vermelho”, alerta Arcelino Lima, superintendente da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC).

Esse comportamento é preocupante, porque a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que uma em cada três mortes por acidentes de trânsito em todo o planeta é causada por velocidade excessiva. “Além de aumentar a gravidade das consequências do acidente, o excesso de velocidade dificulta a percepção do entorno por parte do condutor. “Quanto mais rápido o motorista estiver, menos percepção ele terá dos riscos e maior a possibilidade de uma reação inapropriada, o que acaba contribuindo para a ocorrência de acidentes”, analisa Dante Rosado, coordenador executivo da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global.

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Legenda: O comportamento do usuário é fundamental para a prevenção dos acidentes de trânsito.
Foto: AMC/Divulgação

Esclarecer a população sobre esse perigo ganha relevância nesse período em que os hospitais estão com a capacidade bastante exigida, em razão do atendimento aos pacientes acometidos pela Covid-19. “Com menos infrações, diminui a probabilidade de ocorrerem acidentes, e aquela pessoa que iria para um leito de hospital devido a uma colisão, deixa a instalação disponível para quem está adoecendo por conta da pandemia”, observa Arcelino Lima.

Impactos
Uma pesquisa da Universidade Johns Hopkins (EUA), em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), mostra que 20% dos veículos em Fortaleza infringem a velocidade  – em locais onde não há fiscalização. Entre os motociclistas, esse número sobe para 33%. Apesar disso, a capital cearense tem alcançado progressos. A readequação da velocidade em algumas áreas foi um dos fatores que possibilitou à cidade diminuir em 50,3% o número de mortes em seu trânsito, de 2010 para 2019, atingindo a meta da Organização das Nações Unidas (ONU), que é de 50%.

“Nos últimos seis anos temos apresentado diminuição de mortes no trânsito. Já chegamos a ter quase 400 óbitos anuais, e em 2019 foram 198. É um resultado significativo, que fez a cidade conquistar premiações e se tornar referência nacional. No entanto, o desafio continua, pois a cada ano precisamos trabalhar mais para reduzir esse índice”, explica o superintendente da AMC.

Ações de fiscalização, campanhas educativas, mudanças na engenharia de tráfego e investimentos na infraestrutura cicloviária também contribuíram para esse resultado. “Não existe uma solução única. A política de segurança viária em Fortaleza tem quatro eixos: análise e gestão dos dados, desenho urbano, fiscalização e campanhas educativas. É preciso trabalhar nessas várias frentes para lidar com esse problema”, detalha Dante Rosado.

Comportamento
É fácil entender a gravidade do excesso de velocidade e suas consequências. De acordo com pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o impacto de um veículo em uma pessoa pode ser comparado com a queda livre de um edifício: em caso de um atropelamento a 80 km/h, os danos causados ao corpo humano seriam equivalentes a uma queda do 9° andar de um prédio, praticamente anulando as chances de a vítima sobreviver. Porém, se o veículo estiver a 50km/h, as chances são maiores, similares a uma queda do 4° andar.

“O comportamento do usuário é fundamental para a prevenção dos acidentes. A população precisa ter consciência de que tem deveres a cumprir quando estiver circulando nas vias da cidade, como não beber se for dirigir e respeitar os limites de velocidade”, observa o coordenador executivo da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global.

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