Fortaleza teve aumento na faixa de praia semelhante a de Balneário Camboriú há quase 2 anos; lembre

Intervenções na orla com objetivo turístico foram marcadas por questionamentos sobre os impactos ambientais para a zona costeira e para a vida marinha

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Engorda na Praia de Iracema atingiu 2 km de extensão; em vista aérea, mudança é visível.
Foto: Nilton Alves

A ampliação da faixa de areia na Praia Central de Balneário Camboriú, cidade da orla de Santa Catarina, tem chamado atenção desde seu início, no último dia 22 de agosto. A previsão é que a largura passe dos atuais 25 para 70 metros, de acordo com o projeto da Prefeitura. Ambientalistas revelam preocupação com os impactos ambientais da obra.

Esse processo já foi vivenciado por Fortaleza há quase dois anos. Entre abril e novembro de 2019, o Aterro da Praia de Iracema teve aumento entre 40 e 80 metros de faixa de areia, ao longo de 2 km (cerca de 18 quarteirões), entre os espigões da Avenida Rui Barbosa e da Avenida Desembargador Moreira.

A ampliação faz parte do projeto de requalificação da Nova Beira-Mar, um dos principais pontos turísticos da Capital. A Prefeitura explicou que o novo aterro possibilitou a ampliação do calçadão, a instalação de equipamentos de esportes e lazer e uma nova via paisagística com ciclovia, pista de cooper e criação de 350 vagas de estacionamento.

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À época, a Prefeitura de Fortaleza também garantiu que a obra tinha as devidas licenças ambientais, com o cálculo de profundidade e extensão do aterro levando em consideração fatores como a “ressaca” do mar e a existência de arrecifes de corais. As negociações foram acompanhadas pelo Ministério Público Federal (MPF).

Problemas costeiros

No entanto, a conclusão da obra foi acompanhada pelo aumento da profundidade na entrada do mar, que em alguns trechos formou valas de até 3 metros, conforme monitoramento do Laboratório de Gestão Integrada das Zonas Costeiras da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Legenda: Expansão ocorreu entre os espigões da Avenida Rui Barbosa e da Avenida Desembargador Moreira.
Foto: Nilton Alves

Até dezembro de 2020, foi percebida uma “suave melhora” no desnível, mas os pesquisadores que elaboraram o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) sugerem um acompanhamento de três ou quatro anos para melhor detectar a acomodação natural da areia.

A obra na orla fortalezense também foi cercada de questionamentos por parte de ativistas ambientais e mergulhadores. Eles apontaram que a medida promoveria o soterramento de recifes de corais, que funcionam como berçários inclusive para espécies ameaçadas de extinção.

Transmissão ao vivo

Em Balneário Camboriú, até a última sexta-feira (27), já haviam sido alargados 350 metros de praia, conforme boletim da Prefeitura. Um navio está dragando a areia da enseada para levar até a costa. A previsão para o término do preenchimento é novembro deste ano.

O alargamento da área está sendo transmitido ao vivo pela Prefeitura. São 13 câmeras que cobrem toda extensão da orla, 24 horas por dia.

Legenda: Trecho da Praia Central, na manhã desta terça-feira (31).
Foto: Prefeitura de Balneário Camboriú/Reprodução

 

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