Fortaleza teve aumento na faixa de praia semelhante a de Balneário Camboriú há quase 2 anos; lembre
Intervenções na orla com objetivo turístico foram marcadas por questionamentos sobre os impactos ambientais para a zona costeira e para a vida marinha
A ampliação da faixa de areia na Praia Central de Balneário Camboriú, cidade da orla de Santa Catarina, tem chamado atenção desde seu início, no último dia 22 de agosto. A previsão é que a largura passe dos atuais 25 para 70 metros, de acordo com o projeto da Prefeitura. Ambientalistas revelam preocupação com os impactos ambientais da obra.
Esse processo já foi vivenciado por Fortaleza há quase dois anos. Entre abril e novembro de 2019, o Aterro da Praia de Iracema teve aumento entre 40 e 80 metros de faixa de areia, ao longo de 2 km (cerca de 18 quarteirões), entre os espigões da Avenida Rui Barbosa e da Avenida Desembargador Moreira.
A ampliação faz parte do projeto de requalificação da Nova Beira-Mar, um dos principais pontos turísticos da Capital. A Prefeitura explicou que o novo aterro possibilitou a ampliação do calçadão, a instalação de equipamentos de esportes e lazer e uma nova via paisagística com ciclovia, pista de cooper e criação de 350 vagas de estacionamento.
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À época, a Prefeitura de Fortaleza também garantiu que a obra tinha as devidas licenças ambientais, com o cálculo de profundidade e extensão do aterro levando em consideração fatores como a “ressaca” do mar e a existência de arrecifes de corais. As negociações foram acompanhadas pelo Ministério Público Federal (MPF).
Problemas costeiros
No entanto, a conclusão da obra foi acompanhada pelo aumento da profundidade na entrada do mar, que em alguns trechos formou valas de até 3 metros, conforme monitoramento do Laboratório de Gestão Integrada das Zonas Costeiras da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Até dezembro de 2020, foi percebida uma “suave melhora” no desnível, mas os pesquisadores que elaboraram o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) sugerem um acompanhamento de três ou quatro anos para melhor detectar a acomodação natural da areia.
A obra na orla fortalezense também foi cercada de questionamentos por parte de ativistas ambientais e mergulhadores. Eles apontaram que a medida promoveria o soterramento de recifes de corais, que funcionam como berçários inclusive para espécies ameaçadas de extinção.
Transmissão ao vivo
Em Balneário Camboriú, até a última sexta-feira (27), já haviam sido alargados 350 metros de praia, conforme boletim da Prefeitura. Um navio está dragando a areia da enseada para levar até a costa. A previsão para o término do preenchimento é novembro deste ano.
O alargamento da área está sendo transmitido ao vivo pela Prefeitura. São 13 câmeras que cobrem toda extensão da orla, 24 horas por dia.