Estruturas de concreto do prédio caíram antes do desabamento, conta estudante em depoimento; confira
Davi Sampaio Martins chegou a enviar fotos das estruturas danificadas para colegas da faculdade
Momentos antes do desmoronamento do Edifício Andrea, o estudante de arquitetura Davi Sampaio Martins, de 22 anos, estava na varanda do seu apartamento, no primeiro andar da edificação, quando observou que tinha “acabado de cair” o restante da estrutura de concreto que envolvia as ferragens do pilar abaixo da varanda. O relato consta em depoimento à Polícia Civil do Ceará, ao qual o Sistema Verdes Mares teve acesso.
Davi é uma das sete pessoas retiradas com vida dos escombros do prédio, que desabou por volta das 10h20 da última terça-feira (15), no bairro Dionísio Torres. Até a manhã desta sexta (18), outras seis pessoas morreram, de acordo com o Corpo de Bombeiros. Quatro pessoas seguem desaparecidas.
O jovem relatou que, como estudante de arquitetura, estranhou o descolamento das estruturas e entendeu que a construção iria ceder. O jovem fotografou as estruturas e enviou as imagens a colegas da faculdade, que concordaram com a suposição dele.
Davi e os pais moravam no apartamento há sete anos, mas, no momento do desabamento, era o único da família que estava no prédio. Após o envio das imagens, ele avistou a síndica Maria das Graças Rodrigues e dois homens, que seriam os engenheiros da obra, no térreo, “observando tudo com uma certa preocupação”.
O estudante escutou um barulho; ao olhar para a parede da janela do quarto da mãe, percebeu que o concreto abaixo da janela tinha formado “um bucho”, espécie de deformação. Logo após, um dos engenheiros teria se deslocado para perto dessa parede e dito “Isso aqui é uma viga”.
Tentativa de saída
Davi Sampaio pensou “Isso vai cair” e se dirigiu para a porta do apartamento. Ao destrancá-la, começou a ouvir o barulho de desmoronamento. No hall de entrada, ele só teve tempo de gritar pelo nome do seu gato antes de tudo desmoronar.
Com o impacto, o estudante desmaiou. Quando acordou, percebeu que estava no meio de entulhos, que formavam um “caixão de concreto”. Davi notou que ainda estava com o celular no bolso e telefonou para o pai e para a mãe. Ele também ligou para a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) e informou o ocorrido. Após finalizar a ligação, começou a ouvir o som de sirenes de veículo próximos ao prédio.
Momentos depois, Davi gravou um vídeo para mostrar a situação do local, mas não conseguiu enviar devido ao sinal ruim da internet. Em seguida, conseguiu tirar a selfie que repercutiu nas redes sociais. Ele afirma que ficou entre cinco e seis horas soterrado.