Estado de alerta em Tejuçuoca e Banabuiú

Escrito por Redação ,
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Foto: Fábio Lima

O Ceará vive hoje mais um problema de saúde pública. Cerca de um ano após a morte de três irmãos em Tejuçuoca vítimas de melioidose, a bactéria Burkholderia pseudomallei ataca novamente e faz a primeira vítima da doença em 2004. Enquanto começa a investigação sobre o novo óbito, desta vez em Banabuiú, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) ainda está tentando descobrir como os garotos de Tejuçuoca foram contaminados.

Técnicos da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) e a bióloga australiana Kay Howart passaram todo o dia de ontem em Tejuçuoca, a 144 quilômetros de Fortaleza. Eles coletaram amostra do solo e da água para juntos analisarem hoje o material no Lacen. Amanhã, os técnicos vão para Banabuiú fazer o mesmo trabalho. Enquanto não se consegue os resultados, o estado é de alerta nos dois Municípios e no Estado como um todo.

A melioidose provocou a morte de três pessoas em 2003 no Ceará e este ano, em fevereiro último, fez sua primeira vítima no município de Banabuiú, a 223 quilômetros de Fortaleza.

Hoje, o material coletado em Tejuçuoca será avaliado no Lacen, juntamente com as amostras coletadas no dia 9 de janeiro passado pelo microbiologista australiano, Tim Inglis. Ele também veio ao Ceará a convite da Sesa para auxiliar nos métodos de investigação, diagnóstico e tratamento da melioidose.

Na ocasião, conforme a chefe de Microbiologia do Lacen, Iracema Miralles, ficou acertado este segundo encontro, já que as técnicas de coleta utilizadas não foram as mais adequadas. Já tendo repassado ontem a técnica ideal de coleta, Kay Howart mostrará, hoje, aos técnicos cearenses, novas formas de análise.

Desde segunda-feira, a bióloga vem realizando capacitação sobre o comportamento da bactéria no meio ambiente aos profissionais de Saúde em Fortaleza. Até agora, eles só dominavam a técnica de identificação da bactéria nos humanos.

Conhecer o mais que se possa sobre a doença é de extrema importância para o controle dela no Estado. É o que defende Iracema Miralles. Para ela, é imprescindível esse estudo de campo e o aprimoramento de técnicas. “Se as pessoas estão se contaminando, a bactéria tem de estar em algum lugar. E a gente precisa encontrar”, diz.

É com este objetivo que se está apostando no intercâmbio entre o Ceará e a Austrália. Além da visita dos dois especialistas, aguarda-se um terceiro especialista ainda este ano. Na avaliação de Iracema, embora o Lacen tenha conseguido identificar a bactéria em 2003, as pesquisas e controle da doença na Austrália estão bastante avançados. Naquele País, a melioidose acontece de forma endêmica e anualmente são registrados em torno de 50 casos.

Erilene Firmino

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