Dar colo estreita laços e previne transtornos, dizem especialistas

Estudiosos discutem o comportamento dos pais em situações de choro das crianças, reforçando a busca por estratégias diferentes para lidar com o temperamentos dos pequenos. Indiferença é o caminho mais difícil

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: Profissionais debatem criação em roda de conversa realizada pelo Sistema Verdes Mares
Foto: FOTO: ISANELLE NASCIMENTO

Especialistas em saúde e cuidado infantis defendem que dar colo a crianças pode funcionar tanto para o estreitamento de laços entre pais e filhos quanto para prevenir transtornos que venham a surgir no futuro. Uma roda de conversa promovida pelo Sistema Verdes Mares discutiu o tema e marcou o encerramento do mês temático "Criação com Apego", trabalhado nos veículos do SVM durante o mês de julho.

"Hoje, muita gente pensa 'ah, ela tem que aprender', 'colo vai acostumar mal' ou 'colo não é bom'. A gente sabe que esse choro persistente, essa forma de abandono no berço e esse não dar o colo liberam níveis de estresse altos nessa criança. Isso pode gerar transtornos futuros, incluindo hiperatividade, déficit de atenção e chegar a transtornos psicóticos", alerta a pediatra Vanuza Chagas.

De acordo com a médica, é preciso deixar que a criança chore "um pouquinho" porque, às vezes, "ela quer ouvir o som da corda vocal" e, em seguida, para naturalmente. A especialista lembra que esse apoio pode vir desde a gestação, por meio de conversas com o bebê.

Para tratar sobre o choro, a educadora parental Christina Bona remonta uma cena comum em shoppings, quando crianças esperneiam e/ou choram a fim de ganhar brinquedos para satisfazer suas vontades. De acordo com ela, este é um momento-chave que põe em xeque a atuação dos pais, já que eles estão à vista de centenas de outras pessoas. A dica é bem simples: manter a calma e lidar diretamente com a criança.

Olho no olho

"O julgamento alheio traz todas as nossas emoções: ego, orgulho, vergonha. Isso impede, muitas vezes, que a gente faça a coisa certa naquele momento. Finge que não tem ninguém ao teu redor. A conversa é ali, olho a olho, o filho é seu. As pessoas que estão olhando não vão levá-lo pra casa, não vão criá-lo, não vão ver quem ele vai se tornar", explica, ressaltando a necessidade de enxergar pela visão do pequeno. "O mundo delas é lúdico, tudo o que querem é atenção e aceitação".

Tais situações também devem levar em conta a individualidade das crianças, conforme Manuella Bayma, psicóloga infantil e da adolescência. Ela recomenda a chamada "parentalidade proativa", quando os pais tentam entender o temperamento do filho, ao mesmo tempo em que analisam o modelo em que eles próprios foram criados.

Compreensão

"Tudo isso faz parte da formação da psiquê infantil: o que ela vive, a gestação, a cultura, nossas histórias familiares. Entendê-la é buscar estudar fases do desenvolvimento, porque criação com apego é também entender a natureza da sua criança", revela, destacando inquietações.

"Muitas vezes, não é nem o temperamento da criança, mas sua resposta que causou outra resposta nela. Claro que lidar com uma criança mais amena é diferente de uma mais enérgica. Não há uma fórmula pronta", diz Manuella.

O empresário e blogueiro Matheus Pfaender, que cuida da pequena Pietra, de 5 anos, sabe bem como isso funciona. "A gente, às vezes acorda mal humorado. Eu tive esse dia com a minha filha. Ela não queria nada, e a gente quer meio que forçar a criança a estar bem, sendo que a gente mesmo não está", confessa. "Fui aprendendo com meus erros. Hoje, a gente exerce a cama compartilhada, o carinho e a conversa".

A íntegra da roda de conversa sobre "Criação com Apego" pode ser conferida neste sábado (2), às 20h30, na TV Diário.

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