Como praticar empatia durante a pandemia?

Segundo pesquisas, um indivíduo que pratica empatia, mesmo em tempos de pandemia, pode ter uma mente mais saudável e viver melhor.

Escrito por Agência de Conteúdo DN ,
Legenda: Cícero Jorge realizou várias ações de voluntariado no Ceará
Foto: Acervo pessoal

Isolamento social, distanciamento entre as pessoas, a falta do abraço afetuoso dos familiares e amigos, ou mesmo a dor de perder alguém querido. O cenário que a pandemia do novo coronavírus trouxe tem gerado grande impacto na saúde mental de todos. Em meio ao momento mais difícil dos últimos 100 anos para se viver em sociedade, surge a pergunta: é possível praticar empatia durante a pandemia? 

O termo “empatia” tem o seu significado, de acordo com o dicionário, como a capacidade de se identificar com outra pessoa, de se colocar no lugar do outro e poder sentir o que ele sente. 

Mas como praticar, no cenário atual, um sentimento que exige, por muitas vezes, que o indivíduo esteja primeiro bem consigo? De acordo com a psicóloga Andrea Almeida Cordeiro, a ansiedade gerada pela pandemia tende a instaurar um estado de paralisia das pessoas em geral.

“O quadro atual justifica que as pessoas estejam mais ansiosas. A prática da empatia pode ajudar quando nos disponibilizamos a ouvir o outro sem julgamentos, a compreender que cada uma vai reagir de modo diferente à situação, acolher e amparar as pessoas em suas necessidades emocionais e matérias na medida do possível. A empatia é a habilidade de escutar, acolher e dar atenção às mensagens enviadas pelo outro, sejam verbais ou não. É acolher o comportamento, pensamento ou perspectiva do outro diante da situação atual de caos que vivemos”, explica a psicóloga.

Foi durante o surto de Covid-19 que o administrador Cícero Jorge Pereira intensificou suas ações de voluntariado indo às ruas de Fortaleza, e até mesmo no interior do estado, para entregar cestas básicas e doar alimento aos moradores de rua. Ele conta que, antes do novo coronavírus, já praticava a empatia com algumas ações, mas foi a partir do isolamento social que viu a grande oportunidade de aumentar o seu relacionamento com o outro.

“Lembro que o lockdown do ano passado iniciou no dia 19 de março e exatamente no dia seguinte passamos a cuidar mais das pessoas. Eu achava que esse era o melhor momento para viver a nossa missão de cuidar das pessoas. E não somente com cestas básicas, ou alimentos para os pobres, mas o simples fato de fazer uma ligação a alguém que estivesse precisando ouvir algo bom. As pessoas, muitas vezes, precisam somente ser ouvidas”, relembra Cícero. 

A Cruz Vermelha Brasileira no Ceará estima que o voluntariado aumentou em 70% na instituição desde março de 2020, início da pandemia. Segundo o presidente, Allan Damasceno, paralelamente à campanha “fique em casa” cresceu o número de pessoas que queriam fazer o bem ao outro. Com o apoio da Cruz Vermelha Nacional, a instituição local arrecadou, ainda, 40 toneladas de alimentos e dez toneladas de medicamentos. 

“O lado altruísta do ser humano consegue se adaptar a momentos de adversidades. Nós temos voluntários como médicos, enfermeiros, engenheiros, que dão seus plantões e, no dia de suas folgas, estão investindo tempo em empatia juntando-se a nós para cuidar das pessoas. O que nos move é a empatia”, revela Damasceno.

Legenda: Cruz Vermelha no Ceará
Foto: Divulgação

Com aproximadamente dois mil voluntários, a Cruz Vermelha no Ceará tem recebido vários pedidos de inscrição.  “Muitas donas de casa querem ajudar como podem, seja cozinhando numa operação ou fazendo triagem de roupas doadas a nós. Já visitamos mais de 70 cidades que receberam algum tipo de intervenção, como distribuição de cestas básicas, desinfecção de espaços públicos e orientações de cuidados básicos”, diz Allan Damasceno.

Benefícios

Segundo a psicologia, quando o indivíduo diminui a necessidade de estar sempre certo, a tolerância e a paciência são trabalhadas de uma melhor maneira, o que torna a população mais empática, aceitando as diferenças.

“Passamos a nos relacionar de forma mais calorosa e acolhedora, a ter uma escuta mais ativa e nos conectamos de forma mais eficiente. Validamos sentimentos, ideias, pensamentos do outro e enxergamos os fatos pelo ponto de vista dele, que pode ser diferente do meu. Aceitar esta diversidade de se movimentar no mundo nos leva ao desenvolvimento emocional”, diz Andrea Almeida. 

Dicas para praticar a empatia na pandemia

A psicóloga Andrea Almeida aponta algumas atitudes para ser mais empático.

Autoconhecimento

Conhecer seus sentimentos, emoções, os aspectos pessoais que devem ser mudados ou fortalecidos, nos leva a desenvolver a empatia. O autoconhecimento ajuda a perceber que o outro pode ter motivações, valores e comportamentos diferentes. Para a psicóloga, aceitando essa diversidade desenvolve-se a tolerância. 

Aprenda a escutar

Esteja verdadeiramente interessado na fala do outro. Desenvolva um diálogo que mostre um interesse real ao que está sendo dito e evite julgamentos ou preconceito, o outro tem o direito de pensar diferente.

Fale apenas quando solicitado

Às vezes, a outra pessoa precisa ser ouvida. Saber silenciar também nos torna empáticos. Nosso corpo fala. Por isso, assuma uma postura de interesse diante do outro. Procure ter uma postura coerente com sua fala ou silêncio.

Gestos simples

Ajude um vizinho a realizar suas compras, envie um doce a um amigo que mora sozinho. Faça uma chamada de vídeo e converse com amigos e familiares.

Mesmo de máscara, sorria

Nossos olhos mostram ao outro quando estamos sorrindo. Às vezes, este simples gesto muda o humor de uma pessoa. Dê bom dia e agradeça cada gesto do outro. Doe afeto. Seja empático, você e o outro vão crescer muito neste processo.

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