A escassez de oxigênio hospitalar e de leitos de enfermaria e terapia intensiva (UTI) tem feito com que municípios cearenses recorram uns aos outros para garantir atendimento a pacientes infectados pelo novo coronavírus. Paracuru, na Região Metropolitana de Fortaleza, é uma das cidades que têm recebido pedidos de ajuda. Segundo o secretário municipal da Saúde, Ângelo Nóbrega, a prefeitura foi procurada por Uruburetama, Pentecoste, Paraipaba e Santa Quitéria.
Atualmente, disse Ângelo, há uma paciente de Paraipaba internada em Paracuru, usando oxigênio. “Os municípios estão em rede procurando soluções. Quem está passando por uma situação difícil fica ligando para os colegas para ver onde consegue apoio”, relatou o gestor.
A situação tem sido pior, na análise do secretário, em municípios que não têm usinas próprias para gerar oxigênio e que, por isso, dependem exclusivamente de fornecedores — cujas principais, no Ceará, são as empresas Messer Gases Brasil e White Martins. “Os fornecedores têm enviado ofício dizendo que não está sendo possível fornecer [de acordo com] a necessidade devido à demanda [por oxigênio] que subiu bastante”, comentou.
Mesmo em municípios como Paracuru, que têm usina, há a possibilidade de demandar as empresas fornecedoras caso as estruturas não consigam mais atender à necessidade local. “Vai chegar uma determinada quantidade [de internações] que a usina não vai oferecer o grau de pureza do oxigênio e aí tem que partir para as balas, que são fornecidas pelos distribuidores. As usinas foram projetadas para uma quantidade ‘x’ de internações”, explicou Ângelo.
Até as 17h13 deste domingo (14), conforme a plataforma IntegraSUS, estavam internados no hospital municipal de Paracuru oito pacientes, o que representa uma ocupação de 57,14% das estruturas disponíveis na cidade. O receio de Ângelo é de que, uma vez completamente ocupados e sem a possibilidade de transferência, o tempo de permanência dos pacientes internados aumente, o que compromete o estoque de insumos.
Repercussão
Representantes dos municípios se reuniram neste domingo (14) com o secretário estadual da Saúde, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, Dr. Cabeto, para discutir a gravidade da situação e encontrar soluções. Após a reunião, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) anunciou que vai ajudar emergencialmente as cidades com baixo estoque de oxigênio. Isso porque a rede se preparou com estoque cinco vezes maior do que o de 2020, na primeira onda da pandemia.
A Sesa também informou que acionou o Ministério Público do Ceará (MPCE) para adotar providências para a normalização do fornecimento de oxigênio aos municípios, principalmente aos fins de semana, quando as empresas costumam interromper o abastecimento.
O Diário do Nordeste entrou em contato com o Conselho das Secretarias Municipais da Saúde do Ceará (Cosems-CE) para saber detalhes sobre as resoluções da reunião com o Governo e com os municípios que buscaram ajuda de Paracuru, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.