Análise: David Luiz no Fortaleza é experiência em campo e novo patamar de mercado para o time nordestino
Jogador de 37 anos assinou contrato até 2026
A contratação de David Luiz dividiu opiniões de torcedores e jornalistas. O jogador, com carreira vitoriosa, não precisa provar qualquer coisa. É que a expectativa de ter o nome de peso no elenco gera certo receio. Pela idade, pela fase, pelos altos e baixos - como é a vida de todo atleta. Aos 37 anos, o zagueiro tem Chelsea, Arsenal, PSG, Flamengo e Seleção Brasileira no currículo e, dessa vez, optou por vestir novamente a camisa de um time nordestino a partir de 2025, o Fortaleza. O atleta foi anunciado nesta segunda-feira (20) e desembarca na capital cearense na madrugada de terça.
O vínculo é até 2026, com possibilidade de renovação por mais um ano. Aceitou reduzir salário e vai compor a zaga com Brítez, Titi, Kuscevic, Cardona e Gastón Ávila. Apenas os três últimos têm menos de 30 anos. Um sexteto defensivo de respeito por vários motivos: pela experiência, pela dedicação ao clube, por entender a filosofia do técnico Juan Pablo Vojvoda. É o segundo brasileiro do setor.
David Luiz sabe bem o que é disputar títulos. O defensor já ergueu as taças da Liga dos Campeões (2011/12) e da Premier League (2016/17) com o Chelsea. Pela Seleção Brasileira, foi campeão da Copa das Confederações (2013). Vestindo a camisa do Flamengo, da Libertadores (2022) e da Copa do Brasil (2022 e 2024).
Pelo caminho, o Fortaleza terá as duas últimas, além de Campeonato Cearense, Nordestão e Série A. Consolidado na elite do futebol nacional e brigando por título nas disputas regional e estadual, o Tricolor almeja avançar na disputa continental. Depois de bater na trave e chegar ao vice na Sul-Americana (2023), é hora de direcionar o olhar novamente para a Libertadores. A meta é, no mínimo, chegar às oitavas.
A presença do novo zagueiro dá mais peso ao time que busca subir outro degrau no torneio sul-americano. Além da técnica e do preparo físico, é um nome agregador no vestiário, com rodagem e referência para os menos experientes. Não vem de uma boa temporada, vai disputar posição, mas é importante lembrar: Vojvoda roda o time, experimenta e pode ter no jogador a peça-chave para conduzir o grupo em campo nos momentos de pressão.
O zagueiro decidiu morar na capital e escolheu atuar no Leão. Mas, pelo contexto, há diversos recados nas entrelinhas dessa contratação. Primeiro, eleva o patamar do clube no mercado que, já respeitado pela prudência na gestão, tem na decisão do jogador outra ratificação deste trabalho.
Outro fator importante é que isso pode abrir portas para futuras contratações e certamente fará o clube nordestino entrar na lista de destinos prováveis para outros grandes jogadores. Além disso, maior atenção da imprensa com o acerto. David Luiz pode deixar um legado além do futebol em campo. Chega para agregar na bola e contribuir no projeto em evolução.
Decerto o torcedor sempre espera do Fortaleza algo além. E deve. O time tem dado motivos para acreditar na potencialidade desse grupo amadurecido e lapidado pelo técnico argentino. É hora de avançar um novo patamar no protagonismo. O receio é natural. No entanto, é inegável que buscar e conseguir trazer David Luiz mostra a ousadia de um clube que sonha grande, mas possível.
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