Coronavírus: que remédios você pode usar se contrair a Covid-19?
Diário do Nordeste conversou com infectologistas para esclarecer as principais dúvidas sobre como tratar a doença. Quais os remédios indicados? Há medicações que devem ser evitadas?
Febre, tosse e dificuldade para respirar são, conforme o Ministério da Saúde, os principais sintomas da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. E quando esses sintomas aparecem, o que deve ser feito? Como tratar a doença? Há remédios que devem ser evitados? O Diário do Nordeste conversou com infectologistas para esclarecer essas dúvidas.
O que tomar caso apareçam os sintomas
Para o infectologista Robério Dias Leite, médico do Hospital São José de Doenças Infecciosas, os indicados são o paracetamol e a dipirona para o controle da febre, um dos sintomas mais recorrentes da doença.
Tratamento covid-19
Ainda não há um tratamento específico para combater o novo coronavírus. Os remédios recomendados são para o controle e alívio dos sintomas do paciente. "Podendo variar de um simples uso de antitérmico para a febre até suporte de ventilação mecânica para os casos de extrema gravidade", afirma Dr. Robério Leite.
O professor de medicina da Universidade Federal do Ceará, Ivo Castelo Branco, ressalta que tiveram alguns tratamentos experimentais com resultados positivos, mas não há como comprovar a relação.
Há remédios que podem agravar a doença ou sintomas?
"Medicamentos que suprimem a imunidade tornam os indivíduos mais vulneráveis. Como esses indivíduos necessitam desses medicamentos para controle ou tratamento da sua doença de base, a solução é oferecer maior proteção de isolamento social, maior cuidado com a higienização, já que não podem e não devem suspender esses medicamentos sem orientação médica", pontua Dr.Leite.
Há remédios com contra-indicação?
De acordo com o infectologista Robério Leite, não existem medicações com contra-indicação absoluta, contudo, recomenda evitar o uso de corticoide oral, caso não seja "absolutamente necessário".
"Evidentemente que um indivíduo que desenvolva uma crise asmática no contexto da Covid-19, dependendo do julgamento médico, poderá necessitar do uso de corticoide oral. Importante lembrar que não existe nenhum medicamento ou fórmula mágica, comprovada cientificamente, capaz de melhorar a imunidade. O recomendado é sempre manter hábitos saudáveis: alimentação equilibrada, vacinas em dia, não fumar.", explica.
Como lidar com medicamentos de uso contínuo sob suspeita de agravar a doença?
Ainda não há evidências científicas definitivas sobre medicamentos de uso contínuo que possam agravar a Covid-19, esclarece o infectologista. "Não se pode confundir o fato de que pacientes com doenças do coração sejam de maior risco para complicações da Covid-19 e correlacionar o uso de medicamentos para o controle das doenças cardiovasculares com maior gravidade da doença pelo novo Coronavírus, por exemplo", afirma Dr. Robério .
Segundo o Dr. Robério, a decisão de suspender ou não esses medicamentos deve ser tomada a partir de orientação médica, avaliando caso a caso. A Sociedade Brasileira de Cardiologia emitiu uma nota orientando que os cardíacos não deixem de tomar os remédios.
O Dr. Ivo Castelo Branco alerta que deixar de tomar a medicação de uso contínuo pode ser prejudicial. "Você descompensa a sua doença e fica mais vulnerável", pontua.
O ibuprofeno deve ser evitado?
O Dr. Robério pontua que não há evidências definitivas que o Ibuprofeno possa agravar a evolução de pacientes com Covid-19. "Não pode ser considerado um medicamento contraindicado nesses casos. Chamaria a atenção para o uso abusivo de Ibuprofeno e outros anti-inflamatórios, sobretudo nas pessoas com doenças dos rins", alerta.
Cloroquina e hidroxicloroquina
A Cloroquina e hidroxicloroquina, utilizadas, principalmente, no tratamento de malárias e doenças autoimunes, como o lupus, foram apontadas como possíveis remédios para a Covid-19 e inclsuive são usadas em hospitais do Ceará para tratar alguns casos da doença .
"Numa situação como a atual, a tendência das pessoas é buscar uma solução mágica a qualquer custo e isso pode ser muito perigoso. A ciência não funciona assim. Existe plausibilidade biológica de efeito antiviral da hidroxicloroquina, mas isso não resolve a questão. Não temos, até o momento, estudos bem controlados e revalidados demonstrando um benefício definitivo, infelizmente. Estudos estão em andamento acelerado e essa é a boa notícia", ressalta Dr. Robério.
O médico também pontua que o uso indiscriminado da hidroxicloroquina está fazendo com que ela fique indisponível para os pacientes com doenças reumatológicas, "que são os que seguramente necessitam, o que é algo realmente inaceitável. Além disso, é importante dizer que a hidroxicloroquina pode estar associada a efeitos colaterais muito sérios: arritmia cardíaca e comprometimento da visão", explica.