Árvores centenárias resistem e perpetuam sentimentos na Capital

Neste sábado, dia 21 de setembro, é comemorado o Dia da Árvore. Em meio a todo o verde de Fortaleza, espécies antigas resistem no cenário urbano para nos lembrar de preservar a natureza

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: OITI - Nome científico: Moquilea tomentosa Origem: brasileira de áreas de mata atlântica, em especial Amazonas, Bahia e Ceará . Em Fortaleza, a espécie é facilmente encontrada nas ruas, especialmente na Cidade da Criança. É uma árvore imune ao corte e de grande porte.
Foto: FOTO: FABIANE DE PAULA

Procurar abrigo em um local mais ameno em meio à atribulada correria do dia a dia, descansar no intervalo do trabalho ou apenas fugir do famoso "sol quente". Muitas situações do cotidiano encontram solução em um banco de praça, à sombra de uma boa árvore. Em Fortaleza, espécies centenárias ainda resistem ao tempo e a intervenções urbanas, sobretudo no Centro, onde o fluxo de pessoas é contínuo.

O Dia da Árvore, comemorado neste sábado (21), tem um significado especial para a enfermeira Sônia Oliveira, 51. Com um sorriso no rosto, cita felicidade e serenidade como sinônimos para aquela vegetação cheia de galhos e folhas. A sombra do dia é garantida pela grandiosa oiti, árvore conhecida pelo seu grande porte, enquanto Sônia observa a manhã passar no Parque da Liberdade, ou Cidade da Criança. Aguarda o marido retornar de obrigações corriqueiras, mas não se sente sozinha.

"Isso aqui é bênção, é natureza, é uma coisa muito bela. Não sei como ainda tem pessoas que cortam e retiram árvores. Tem sombra, tem amor. Eu olho para as árvores e penso 'a natureza é tão bonita, Senhor'", relata. "Somos privilegiados por sermos uma cidade bem arborizada", afirma a enfermeira.

Legenda: Benjamina - Nome científico: Ficus benjamina Origem: nativa de países da Ásia. Ela pode chegar a 30 metros de altura. A Benjamin é frequentemente utilizada em paisagismo e decoração de ambientes por suas longas folhas. Na foto, uma Benjamin imune ao corte, encontrada na Praça Coração de Jesus
Foto: FOTO: FABIANE DE PAULA

O Diário do Nordeste visitou três pontos da Cidade, localizados no Centro, que respiram verde literalmente, e guardam histórias e memórias da Capital e do seu povo: Passeio Público, Praça Coração de Jesus e Parque da Liberdade. No último, os oitis tomam quase toda a extensão do local e chamam atenção por sua imponência logo na entrada. Estão entre as espécies mais comuns de Fortaleza. Questionada se conhecia as espécies de árvores que ficam na Cidade da Criança, Sônia nega. O que importa para ela é outra coisa. "O nome eu não sei. O que eu sei é que elas são muitos lindas".

Protegida

Uma das espécies centenárias e desconhecidas é a Ficus benjamina, ou simplesmente benjamina, localizada na Praça Coração de Jesus. A árvore, apesar de ser originária da Ásia, se firmou como tradicional no coração da parte central da Capital, tanto que foi protegida oficialmente, listada entre as 45 árvores imunes ao corte em Fortaleza. Em 2007, o Decreto Municipal de número 12.227 instituiu que "por motivo de sua localização, raridade, beleza ou condição de porta-sementes", as plantas fossem protegidas.

Para Leonardo Jales, do Pró-Árvore, entretanto, as informações utilizadas na decisão da imunidade das plantas "talvez não utilizou critérios técnicos" para a proteção de todas as árvores. Ele aponta que outras espécies existentes nas ruas de Fortaleza, inclusive nativas do próprio Estado, ficaram sem proteção, mas são igualmente importantes. "O angico, por exemplo, é uma das árvores mais fantásticas que temos aqui e, inclusive, é proveniente da Caatinga", afirma, apontando para um modelo localizado ao lado da Benjamina, esta declarada imune.

Sobre a localização de espécies para a preservação, Vladimir Sena, engenheiro agrônomo da Autarquia de Urbanismo e Paisagismo de Fortaleza (UrbFor), afirma que "embora haja um decreto dizendo quais são essas árvores, a gente não consegue confirmar rigorosamente as localizações, pois a coordenadas geográficas que têm no decreto não são totalmente exatas". Segundo o especialista, há espécies com determinada no localização no Passeio Público, por exemplo, que não são encontradas nas coordenadas divulgadas. "Imprecisão do GPS", explica.

Legenda: Jucazeiro - Nome científico: Caesalpinia ferrea Origem: brasileira. Pode atingir tamanhos de 6 a 10 metros de altura, sendo considerada uma árvore de pequeno porte. Na foto, um Jucazeiro encontrado no Passeio Público. A árvore também é tombada, ou seja, imune ao corte.
Foto: FOTO: FABIANE DE PAULA

Memória

Em tempos de queimadas na Amazônia e também de incêndios em vegetações cearenses, o alerta é para a preservação das nossas árvores. De acordo com Leonardo Jales, a importância histórica das plantas, em especial das mais antigas, é essencial para a manutenção da memória da cidade. "É ligação afetiva também. As árvores e a vida vegetal são a base da vida do planeta por conta da retenção de oxigênio. É preciso ter cuidado para que elas sobrevivam. O principal, com árvores antigas, é fazer podas cuidadosas e criteriosas", comenta.

Entre os três pontos visitados pela reportagem, apenas o Passeio Público tem placas informativas sobre o nome popular e científico das espécies, e se ela é imune ao corte ou não. No local, segundo decreto que instituiu a proteção, são 10 árvores impedidas de cortes e grandes modificações. Para Jales, a identificação é essencial para a educação ambiental.

Legenda: Baobá - Nome científico: Adansonia digitata Origem: África É uma árvore de grande porte, podendo chegar a até 20 metros de altura. O Baobá do Passeio Público (foto) é atração constante para quem passa pelo local por conta de sua grandiosidade e beleza.
Foto: FOTO: FABIANE DE PAULA

"É importante saber que planta é essa, de onde ela vem, como ela pode ser plantada. Isso chama as pessoas para discussões ambientais e de preservação, e também forma a mente de crianças desde cedo para despertar a consciência ambiental", pontua. Sejam árvores tradicionais e centenárias como oitis, benjaminas, timbaúbas, baobás, ypês, eucaliptos, jucazeiros, flamboyants, angicos ou a planta que você rega diariamente em casa, a máxima é a mesma: árvores são vidas que precisam ser preservadas.

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