Apesar de queda, Ceará teve 3.221 casos de catapora em cinco anos

Número de pessoas infectadas no Estado caiu nos últimos anos, mas doença ainda preocupa. Segunda dose da vacina para crianças só passou a ser disponibilizada gratuitamente nos postos de saúde no ano passado

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
vacina
Legenda: Vacina contra a varicela está disponível na rede de saúde
Foto: JL Rosa

A virose é aparentemente comum e, para muitos, “a cara da infância” – mas as simples bolhas no corpo podem evoluir para quadros graves de febre alta e até desenvolvimento de doenças mais sérias em adultos. Entre 2014 e 2018, o Ceará registrou 3.221 casos de catapora (ou varicela), segundo o Ministério da Saúde. Somente os casos graves da doença, que exigem internação, têm notificação obrigatória pelas unidades de saúde.

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Apesar da grande incidência, a doença tem retrocedido. Em 2014, foram 805 casos no Estado, número que reduziu para 69 em 2018, queda de 91%. A Pasta federal não informou os dados referentes à Capital nem ao ano de 2019. 

Por não ter notificação compulsória, as secretarias estadual e municipal não contabilizam as infecções, mas esta última confirma que muitas crianças estão suscetíveis à varicela, já que a vacina só entrou no calendário nacional do SUS em 2013.

Antes disso, era preciso pagar pela imunização – informação desconhecida pela contadora Kilvia Carvalho, 34, que lida, agora, com os dois filhos infectados pela varicela: Davi, 14, e Gabriel, 8. “O mais velho pegou dois dias depois que voltou de uma viagem a São Paulo, suspeito que tenha relação. Começou com febre, dor de cabeça, e no terceiro dia apareceram as bolhas pelo corpo. Tá com mais ou menos 20 dias, isso, mas já cicatrizando”, relata a contadora.

Consequentemente, ambas as crianças foram afetadas pela virose, e com mesmo nível de gravidade. “Fiquei sabendo que a vacina, devido à idade, só era dada pela rede particular. Pela falta de conhecimento, acabaram não sendo vacinados na época. Eu acreditava que o SUS (Sistema Único de Saúde) englobava as vacinas, mas não”, lamenta Kilvia.

Vacina

Atualmente, o preço médio da tetraviral, para crianças e adolescentes menores de 12 anos, é de R$ 310 em clínicas da Capital. Já a imunização contra varicela, para maiores de um ano, é de R$ 180. 

Já na rede pública, as doses estão disponíveis em todos os postos de saúde. De acordo com o MS, foram repassadas ao Ceará, neste ano, 40 mil doses contra varicela e 80 mil doses de vacina tetraviral.

Infecção

Entre 2012 e 2017, o Nordeste teve quase 88 mil casos da virose. Naquele ano, mais de 23 mil pessoas tiveram catapora, número que caiu para 2.744 em 2017, uma redução de 88%. Os dados são do Ministério da Saúde, e apontam, ainda, que a faixa etária com a maior frequência de casos notificados em todo o Brasil foi de 1 a 4 anos, com 227.660; seguida por 5 a 9 anos, com 179.592. Pessoas maiores de 50 anos são as menos atingidas, totalizando 4.081 casos em seis anos.

De acordo com a coordenadora de imunização da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Vanessa Soldatelli, a vacinação é a forma mais eficaz de prevenção. A primeira dose, explica, deve ser tomada por bebês de 15 meses, e a segunda, por crianças de 4 a 6 anos. Para esta segunda faixa, a dose entrou no calendário de vacinação obrigatória apenas em 2018, o que pode ter tornado vulnerável boa parte da população.

“Muitas crianças tomavam uma dose no posto de saúde e a segunda em clínica particular, outras não tinham condições. Até 2018, muitas ficaram vulneráveis. Inclusive, entre os infectados de hoje pode haver adolescentes que foram vacinados na infância. A vacinação não quer dizer que nunca vá ter a doença, mas dificulta a infecção e a torna bem mais amena, sendo indispensável”, alerta a coordenadora.

Cobertura

Em Fortaleza, até maio deste ano, a cobertura vacinal (CV) contra varicela já totaliza 90%, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), número superior aos 89% de CV registrados em 2018. Em todo o Estado, 75% das crianças estão imunizadas contra a virose – ano passado, 89% colocaram o cartão de vacinação em dias com ambas as doses da varicela. A vacina, conforme a Sesa, está disponível gratuitamente nos 184 municípios cearenses.

Segundo Vanessa, Fortaleza tem, geralmente, dois surtos por ano: um em março e outro entre agosto e setembro. “Podem ser por conta do vento e de fatores climáticos. Mas durante todo o ano, sempre tem casos. Há também os surtos institucionais: uma criança vai à escola com a doença e outras pegam, ou uma criança internada tem catapora, aparece outra no hospital e bloqueamos o contato”, pontua.

Como já é do senso comum, só se pega catapora uma vez – mas, mesmo assim, o risco de entrar em contato com alguém que esteja com a doença é considerável. “Quando se tem contato novamente com o vírus, o adulto pode desenvolver Herpes zóster, que é causada pelo mesmo agente da catapora, mas é bem mais grave. Mas isso depende do organismo da pessoa”, afirma. A imunização contra herpes-zóster custa, em média, R$ 550 em clínicas particulares. 
 

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