2.800 pessoas na fila por prótese

Escrito por Redação ,
Legenda: Há pacientes à espera de próteses, órteses - como palmilhas ortopédicas - e instrumentos auxiliares de locomoção(cadeiras de rodas)
Foto: RAFA ELEUTÉRIO
Desde 2008, a Secretaria Municipal de Saúde não realiza licitação para aquisição dos equipamentos

A vida do aposentado José Vieira de Araújo, 65, tomou rumo inesperado há três anos, quando ele descobriu que tinha um câncer. Com muito esforço, o cearense, natural de Canindé, conseguiu superar a enfermidade, mas não sem antes ter que se despedir do ante-pé esquerdo, amputado por decorrência da doença. No mesmo ano, José trocou o Interior pela Capital, em busca de inscrição no programa de Órtese e Prótese com Reabilitação Física do Centro de Saúde Carlos Ribeiro, no bairro Jacarecanga.

Por três anos, ele amargou a espera, sem receber resposta do poder público. Após todo este tempo, a ajuda acabou vindo de fora. Os amigos do aposentado desistiram de esperar e resolveram agir por conta própria. Eles enviaram uma carta ao programa do radialista Paulo Oliveira, na Rádio Verdes Mares AM, contando o caso do amigo. Após ser lida no programa, a carta de José inspirou a doação por parte da Prefeitura de Caucaia, que financiou a prótese do aposentado, no valor de R$ 8 mil.

"A gente nunca depositou muitas esperanças no programa do Governo mesmo, porque já sabíamos que a coisa aqui era demorada e complicada", declara Evangelista Alves de Araújo, filho de José. Na manhã de ontem, Evangelista visitou o Centro de Saúde Carlos Ribeiro pela última vez, apenas para reaver os documentos necessários para a cirurgia do pai.

Entre os que sofrem com dificuldades de locomoção, o sentimento é de descrença com a saúde pública. "A gente tem que esperar, ter paciência, e só o que eles nos dizem é que não tem vaga", atesta José Trigueiro da Silveira, 53, autônomo que espera por uma prótese para seu pé esquerdo há cinco meses.

Fila

Segundo a coordenadora de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência de Fortaleza, Andressa Aguiar Paulino, mais de 2.800 deficientes físicos vivem esta realidade, na esperança de receber prótese, órtese ou meio auxiliar de locomoção, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Conforme divulgado em 23 de setembro pelo Diário do Nordeste, desde 2008 não é realizado processo licitatório para garantir os benefícios. Mais de três meses após a denúncia, a situação da distribuição de equipamentos permanece a mesma.

Segundo a coordenadora Andressa Paulino, o novo processo licitatório já foi concluído e a expectativa para o começo da distribuição dos benefícios é para o início do mês de fevereiro. De acordo com ela, nesse período, serão atendidas todas as pessoas que se inscreveram no programa até junho de 2011.
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