CE: reoneração afetará diretamente a indústria

Economista avalia que a medida é danosa e vai dificultar a recuperação dos empregos no Estado

Escrito por Redação ,
Legenda: Entre os setores que devem ser mais prejudicados, estão têxtil, confecção e calçados
Foto: FOTO: SAULO ROBERTO

A reoneração da folha de pagamento deve atingir diretamente a indústria cearense. Segundo o economista da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Guilherme Muchale, a medida do governo federal afeta de forma diferente os setores industriais do Estado. "É o caso dos setores ligados à moda, que geram mais de 110 mil empregos no Ceará. Eles já vinham apresentando recuperação e tendem a ter maior dificuldade por crescimento da demanda por empregos".

Segundo Muchale, a reoneração é danosa porque vai dificultar a recuperação dos empregos na indústria, uma vez que atualmente os índices de desemprego ainda estão elevados. "É uma medida que vem na contramão do ponto de vista de melhora da economia". Além disso, conforme o economista, há impacto no custo da indústria. "Com aumento dos custos na indústria cearense o produto fica menos competitivo em grandes mercados do Sul e Sudeste do País", analisa.

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'Equívoco'

Em nota, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) informou que considera a reoneração da folha de pagamento um equívoco.

"Esta medida reduzirá a competitividade e aumentará o custo da mão de obra de setores importantes na geração de emprego, tais como têxtil, confecção, máquinas e equipamentos, mobiliário, calçados e outros ligados à indústria, prejudicando os já frágeis crescimentos da atividade econômica e do emprego. Em alguns casos, poderá resultar em perdas de postos de trabalho", acrescentou a Fiesp.

Mais afetados

Segundo Guilherme Muchale, as indústrias dos setores têxtil, calçados, alimentos e confecções são os mais afetados com a greve dos caminhoneiros em diversos estados do País, inclusive no Ceará. De acordo com a avaliação do economista da Fiec, os impactos se dão em relação às dificuldade logísticas pontuais, mas é negativo para alguns segmentos industriais.

"É muito negativo para os setores do Ceará que atuam a nível nacional. São indústrias que acabam perdendo competitividade para estes quatro setores em que o Estado atua muito forte nacionalmente. Existem outros segmentos, como a linha branca, mas estes quatro são os mais afetados", acrescenta Muchale.

Segundo ele, a elevação do preço do diesel tem impactos diretos nos custos da indústria do Ceará. "Tem impacto na mobilidade urbana porque os trabalhadores do setor se locomovem de ônibus, e dificulta o escoamento de produtos para os supermercados, por exemplo, atingindo toda a cadeia produtiva".

Além disso, a logística se tornou um fator complicado para os produtos da indústria. "São produtos que se tornam pouco competitivos no mercado de Santa Catarina, por exemplo, com essa alta do diesel no País".

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