Entidades do comércio mostram apoio aos caminhoneiros

CNDL e Abad se manifestaram a favor da paralisação contra o alto valor dos combustíveis no País

Escrito por Redação ,
Legenda: Representantes do varejo e do atacado reclamam dos constantes reajustes promovidos pela Petrobras que, afirmam, impactam os setores, encarendo o frete. Caminhoneiros realizaram paralizações desde segunda
Foto: FOTO: JOSÉ LEOMAR

Fortaleza/São Paulo/Rio. A Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), considerada a maior entidade representativa de livre adesão do varejo no Brasil, emitiu nota, nessa quinta-feira (24), manifestando apoio à paralisação dos caminhoneiros autônomos realizada em quase todos os estados do País, que teve início na última segunda-feira (21) e foi suspensa ontem por 15 dias, sendo que duas associações que representam os caminhoneiros mantém a greve.

"Entendemos que o custo do frete, que já é alto, vem sendo ainda mais afetado pela alta dos combustíveis devido à política de preços praticada pela Petrobras, desde 3 de julho do ano passado. Dessa forma, os reajustes ocorrem até diariamente, refletindo as variações do petróleo e derivados no mercado internacional, e também do dólar. Somente na semana passada, foram 5 reajustes diários seguidos. Os lojistas são diretamente prejudicados por essas altas constantes e também pagam a conta", afirma a nota da entidade.

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Peso dos tributos

A CNDL destacou que, segundo a Associação dos Caminhoneiros, a incidência tributária é responsável por 27% do preço final do produto, sendo 1% Cide, 12% PIS/Cofins e 14% ICMS. A cobrança da Cide é de R$ 0,10 por litro de gasolina e de R$ 0,05 por litro de diesel.

"Sabemos, como empresários, o quanto a carga tributária no Brasil é pesada e complicada, dificultando o desenvolvimento do ambiente de negócios. De nossa parte, já apoiamos a realização anual do Dia da Liberdade de Impostos (DLI), marcado para amanhã em 15 estados e no Distrito Federal. Precisamos nos unir e criar condições para que quem gera empregos e riqueza possa trabalhar e promover o desenvolvimento do País", conclui a nota da CNDL.

'Efeito gigantesco'

O setor atacadista e distribuidor, responsável pelo abastecimento de pequenos supermercados, também afirmou, ontem, que o preço do diesel tem representado um efeito "gigantesco" nos custos das companhias. Em nota, a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) pede que o governo atue para que "claros os critérios adotados para o aumento de preços e para que as empresas tenham um mínimo de previsibilidade".

A entidade considerou que a negociação que envolveu a votação da reoneração da folha de pagamentos em troca da promessa do governo federal de eliminar a Cide "não é uma saída para solucionar a atual greve dos caminhoneiros". "Cabe ao governo encontrar uma saída verdadeira para esse impasse, que contemple não só a questão do preço como a frequência dos reajustes realizados, sem que isso represente ingerência ou um retrocesso no processo de recuperação da Petrobras", conclui.

Política de preços

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou, ontem, que, para mudar a política de preços da companhia, o governo teria que mudar sua diretoria. De acordo com o executivo, porém, ele não acha que o governo tenha essa intenção e, portanto, não há razão para que ele deixe o cargo. Em teleconferência com analistas de bancos, ele ressaltou que o governo não influenciou na decisão de congelar o preço do diesel, que foi tomada pela diretoria da estatal "pensando no melhor interesse da empresa". De acordo com Parente, caso Brasília deseje implementar subsídios, a Petrobras teria que ser reembolsada. "O governo teria que colocar um novo 'management' para alinha uma mudança na política de preços (da Petrobras). Mas não vejo o governo fazendo isso. O anúncio (sobre o diesel) foi uma iniciativa tomada pela diretoria pensando no melhor interesse da companhia", disse.

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