Vacina da Janssen chegará ao Brasil perto de vencer e deve ser destinada apenas a capitais
Três milhões de doses são esperadas pelo País. Doses vencerão no dia 27 de junho
As 3 milhões de doses da vacina da Janssen contra a Covid-19 que vão chegar ao Brasil ainda neste mês têm prazo de validade até 27 de junho. O comunicado foi feito nesta terça-feira (8) pelo Ministério da Saúde a técnicos das secretarias estaduais de todo o País. A informação preocupou os gestores.
A data de desembarque ainda não foi confirmada pelo Ministério, mas a previsão é de que as doses da Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson, cheguem ao Brasil na terça-feira (15).
Durante depoimento à CPI da Covid-19 nesta terça, o ministro Marcelo Queiroga confirmou a informação do prazo de validade "apertado" e afirmou que será preciso montar uma "estratégia" para não haver perda de vacinas. "É um prazo mais curto", reconheceu Queiroga.
"Isso foi pactuado com o PNI (Programa Nacional de Imunizações). Entendemos que temos que fazer uma estratégia pra aplicar esses 3 milhões de doses em um prazo muito rápido pra não correr o risco de perder vacina".
A chegada, disse Queiroga, está na dependência de liberação pela agência de saúde americana, FDA. "Quando o FDA der o posicionamento, a vacina pode vir. Pode que quando der o posicionamento essas vacinas não sejam mais úteis pra nós por conta da exiguidade de prazo", alertou o ministro.
Desafio logístico
O prazo curto entre a chegada do imunizante e a aplicação lança um desafio logístico de grandes proporções, na opinião de técnicos ouvidos pela reportagem. Eles terão pouco mais de uma semana para receber e distribuir as doses para os municípios de seus estados.
Um dos técnicos afirmou que o prazo exíguo gera tensionamento e exige remanejamentos para colocar a nova vacina na rede de forma imediata. Alguns gestores manifestaram contrariedade com as condições em que terão que trabalhar.
Vacina irá apenas para capitais
O Ministério da Saúde confirma o prazo de validade da vacina, mas afirma que está montando uma estratégia que permitirá a aplicação imediata das doses. Em primeiro lugar, afirma a pasta, elas serão distribuídas apenas às capitais - o que já estava sendo feito com a Pfizer, que exigia um esquema especial de manutenção a baixas temperaturas.
O ministério diz também que fará uma ampla campanha de utilidade pública incentivando as pessoas a procurarem os postos de saúde.
A pasta afirma ainda que o País tem capacidade de aplicar até 2,4 milhões de doses de vacinas por dia, e que em poucas horas as da Janssen estarão nos braços de 3 milhões de brasileiros.
O secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, por exemplo, já planeja aplicar as doses que serão destinadas à capital apenas em profissionais da educação.
Vacina em dose única
A vacina fabricada pela Johnson & Johnson tem eficácia de 85% na prevenção de casos graves e oferece proteção completa contra hospitalização e morte por Covid-19, segundo estudo divulgado em janeiro.
Ela tem a vantagem de ser aplicada em uma única dose, facilitando a imunização coletiva.
É a primeira vacina em dose única em estágios avançados de pesquisa e pode ser armazenada em geladeira.
O desempenho do imunizante e as facilidades logísticas relacionadas ao armazenamento e distribuição fazem com que ela seja considerada uma das melhores para aplicação em países em desenvolvimento
O Ministério da Saúde assinou um acordo com a Janssen para a aquisição de 38 milhões de doses da vacina da empresa, com previsão inicial de entrega de 16,9 milhões de doses entre julho e setembro e 21,1 milhões de outubro a dezembro.