Caso Escola Base vira tema de documentário do Globoplay; relembre história

Seis pessoas foram acusadas injustamente de abusar sexualmente de alunos e os erros da imprensa na cobertura do episódio marcaram o jornalismo brasileiro

Escrito por Redação ,
Fachada da Escoa Base, em São Paulo
Legenda: As dependências do colégio foram pichados e os envolvidos foram alvos de ameaças de morte
Foto: reprodução/YouTube

Há 28 anos, seis pessoas foram acusadas injustamente de abusar sexualmente de alunos e tiveram a reputação e a vida arruinadas. Conhecido como caso Escola Base, o episódio ocorrido na Zona Sul de São Paulo é um marco no jornalismo nacional e é o tema do documentário "Escola Base – Um repórter enfrenta o passado", que estreia nesta quinta-feira (10) na plataforma Globoplay.

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Os erros cometidos pela imprensa na cobertura do assunto são lembrados até hoje, além de virarem estudo obrigatório nas faculdades de comunicação do País. As informações são do portal g1

No longa documental, o primeiro profissional da mídia a noticiar as acusações contra o grupo, Valmir Salaro, revisita o caso, os equívocos do jornalismo nacional e reencontra parte dos acusados, além de outros personagens. 

O que foi o caso Escola Base?

Em março de 1994, os donos da instituição particular Escola de Educação Infantil Base, no bairro da Aclimação, em São Paulo, Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, e a professora Paula Milhim Alvarenga, o marido dela, o motorista Maurício Monteiro de Alvarenga, e um casal de pais de estudantes foram acusados de abusar sexualmente de alunos de 4 anos, após a denúncia de duas mães.

Na época, o delegado da Polícia Civil então responsável pelo caso, Edelcio Lemos, determinou a prisão do grupo antes de a investigação ser concluída. A imprensa acabou reproduzindo a versão da corporação, sem questionar a história. 

Com a repercussão do assunto, as dependências do colégio foram pichados e os envolvidos foram alvos de ameaças de morte

Erros do jornalismo nacional

Ao divulgar amplamente somente a versão fornecida pela Polícia Civil, a mídia não deu espaço para a defesa dos acusados — premissa conhecida pelo jargão jornalístico "ouvir o outro lado" e que considerada eticamente fundamental dar oportunidades iguais para os envolvidos. 

No entanto, após a troca de delegado e, cerca de três meses depois, o grupo foi inocentado e o inquérito arquivado por falta de provas. 

Segundo o diretor de jornalismo da TV Globo, Ricardo Villela, retornar ao caso na produção “aprimora o exercício do jornalismo”.

"Esse é um momento-chave na vida do jornalismo brasileiro, é uma cicatriz na história da nossa imprensa e decidir voltar para ela - e entendê-la - avança o conhecimento e aprimora o exercício do jornalismo", disse.

Valmir Salaro

VALMIR SALARO
Legenda: Profissional acredita que atual jornalismo brasileiro não deve repetir os erros do caso Escola Base
Foto: divulgação

O jornalista e repórter brasileiro foi o primeiro a noticiar as acusações do caso Escola Base na mídia. Atualmente atuando pelo Fantástico, o profissional revisita o episódio na produção da Globoplay. 

Na sessão de pré-estreia do longa, realizada para estudantes de jornalismo nesta quarta-feira (9) em São Paulo, Valmir Salaro detalhou acreditar que “essa história nunca mais se repetirá”.  

“A imprensa, de uma certa forma, mudou muito depois da Escola Base. Erros continuam acontecendo, mas é porque somos humanos. Eu errei, assumi minha parcela do erro. Foi um erro em conjunto. O caso marcou e vai marcar para sempre", afirmou.

Com direção de Eliane Scardovelli e Caio Cavechini, a produção mostra os reencontros de Salaro com os acusados e outros personagens da história, como Ricardo Shimada, filho do casal de proprietários da escola, já falecidos.

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