Após tragédia com bolo envenenado em Torres (RS), menino escreve carta pedindo orações por mãe e avó
Três mulheres morreram após ter ingerido alimento; criança recebeu alta da UTI
O menino de 10 anos que comeu um bolo com a família em Torres, no interior do Rio Grande do Sul, escreveu uma carta para dois padres pedindo orações para ele e para a mãe e a tia, mortas após ingerir o alimento no último dia 23 de dezembro.
Tatiana Denize Silva dos Anjos e Neuza Denize Silva dos Anjos morreram após comerem o bolo. A criança escreveu que não poderia estar presente no velório por estar internado. Além das duas, faleceu também Maida Berenice Flores da Silva, tia e madrinha do menino. As informações são do portal g1.
"Querido padre Leonir ou Almo, quero pedir que minha mãe, dinda e vó descansem em paz. Que Deus acolha elas e dê a paz eterna. Eu não posso estar presente pelo motivo de estar hospitalizado ainda. Gostaria que fizessem uma orações por elas e por mim. Obrigado", disse a criança.
Leonir Alves, padre da Paróquia São Domingos de Torres, pontuou que se emocionou ao receber a carta. Ele recebeu o item do avô do menino durante uma missa, e relatou que a comunidade realizou o pedido da criança no fim da celebração.
"Quando abri, fiquei emocionado com o convite, porque uma criança escrevendo daquele jeito e com toda essa tragédia. Daí eu só perguntei 'eu posso ler aqui pra rezarmos juntos?' Então, no final da missa, li a cartinha e pedi pra comunidade toda rezar conosco, por ele", declara.
Menino saiu da UTI e está na ala pediátrica
O pároco visitou o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres, logo após o menino deixar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Apesar da tragédia, a criança estava feliz por estar bem.
"Ele estava faceiro porque saiu da UTI. Ele me disse: 'só falta um remédio, daqui a pouco, vou poder ir para casa'", ressaltou o padre.
Ainda de acordo com Leonir Alves, a criança lhe disse que, pouco tempo depois de comer o bolo, os familiares começaram a passar mal.
"É muito triste, ainda mais em um período que, de modo geral, é alegre. Período de encontro, confraternização das famílias. Fiquei muito sensibilizado com isso e, de alguma forma tentando fazer algo, ser presença, pelo menos, estar ali", definiu o padre.
A mulher que fez o bolo, Zeli dos Anjos, de 60 anos, é tia-avó do menino e segue internada. Segundo o último boletim médico, ela segue na UTI por intoxicação alimentar. O estado dela é estável, mas ela teve piora na função ventilatória.
Ao todo, sete pessoas comeram o bolo. Segundo relatos, foi percebido um sabor apimentado, porém desagradável, nos primeiros pedaços. O consumo foi interrompido com pouco tempo, mas as pessoas começaram a passar mal. Amostras de arsênio, substância altamente tóxica, foram encontradas no alimento.