Bebês são trocados em maternidade de Alagoas, que nega erro e revolta famílias: 'Onde foi, então?'
A troca aconteceu no Hospital Regional de Arapiraca. As famílias são de cidades diferentes no interior alagoano

Dois anos após o nascimento dos filhos, duas mães descobriram que as crianças foram trocadas na maternidade. Débora Ferreira Silva, moradora de São Sebastião, e Maria Aparecida, de Craíbas, ambas cidades de Alagoas, deram à luz no Hospital Regional de Arapiraca, no interior do estado, em fevereiro e março de 2022, respectivamente.
Segundo a CNN Brasil, à época do nascimento, as duas crianças foram internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, mas, devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19, as mães não tiveram contato com outras famílias e não puderam acompanhar de perto as evoluções dos bebês.
Dois anos depois, em um vídeo compartilhado por uma creche local nas redes sociais, Débora identificou um menino idêntico a Bernardo, um de seus filhos. Gabriel, que é filho de Maria Aparecida, seria irmão gêmeo de Bernardo, enquanto Guilherme, outro filho de Débora, seria filho biológico de Maria Aparecida.
Em nota enviada à CNN, a Secretaria da Saúde de Alagoas informou apenas que a maternidade "não é pública e não integra a rede estadual de saúde".
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Investigação policial
O caso da troca de bebês passou a ser investigado pela Polícia Civil após o Ministério Público estadual solicitar a instauração de um inquérito.
Os investigadores deverão solicitar exames de DNA para confirmar a troca dos recém-nascidos. "Recebemos o ofício do Ministério Público pedindo para que fosse instaurado o inquérito policial por uma troca de bebês em Arapiraca, no Hospital Regional. Iniciamos as apurações, já foram ouvidas testemunhas, enfermeiros, médicos, funcionários, e essa investigação segue em curso", disse a delegada à frente do caso, Maria Fernandes Porto.
Até então, segundo ela, não há indícios de cometimento de crime. "É uma investigação muito detalhada. Dois anos após o fato. Então, temos que tratar o caso minuciosamente para que tudo seja esclarecido e esse inquérito seja remetido à Justiça", informou ela.
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Maternidade nega troca de bebês
De acordo com o UOL, a Justiça de Alagoas determinou que o Hospital Regional de Arapiraca comprove que não foi responsável pela troca dos bebês.
"Desde logo [o hospital] nega veementemente que tenha cometido alguma falha nos protocolos, não sendo causadora dos danos alegados. Todos os padrões exigidos pela legislação vigente foram rigorosamente observados", afirmou a instituição em manifestação à Justiça.
O argumento revolta a mãe dos gêmeos, Débora, que cobra da maternidade indenização de R$ 300 mil por danos morais. "Eu entrei no hospital unicamente para ganhar os meus filhos e não imaginei o trauma que iria estar enfrentando hoje. Se esse erro não aconteceu lá, onde foi, então?", questionou a agricultora.
"Foi registrado através de fotos que as pulseirinhas [de identificação] estavam presas nos berços, não nas crianças", diz a defesa dos pais de um dos bebês. As crianças, inclusive, já teriam sido submetidas a exames de DNA que comprovaram a troca.