Uece abre investigação contra professor suspeito de importunação sexual contra ex-aluna

Docente foi ouvido pela Instituição de Ensino, na semana passada, e pediu desculpas pelas mensagens enviadas à vítima

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Em 2020, o professor começou a utilizar as redes sociais para enviar mensagens para a ex-aluna com declarações de 'amor', que não foram respondidas
Legenda: Em 2020, o professor começou a utilizar as redes sociais para enviar mensagens para a ex-aluna com declarações de 'amor', que não foram respondidas
Foto: Shutterstock

A Universidade Estadual do Ceará (Uece) pediu à Procuradoria Geral do Estado (PGE) abertura de um processo administrativo disciplinar contra um professor do curso de História, do Campus de Quixadá, suspeito de cometer importunação sexual contra uma ex-aluna, pelas redes sociais. Ele foi ouvido pela Instituição de Ensino, na semana passada, e pediu desculpas pelas mensagens enviadas à vítima.

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Em nota, a Reitoria da Uece informou que tomou conhecimento do caso pela imprensa, no último dia 2 de abril, mas verificou depois que constava uma denúncia anônima na Ouvidoria da Universidade. "Com a denúncia, a Reitoria solicitou a imediata análise dos fatos pela unidade de vinculação do docente (a Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central - Feclesc)", descreve.

No dia 7 de abril, o processo, aberto pela direção da Feclesc/Uece, chegou à Reitoria, que, com parecer de sua Assessoria Jurídica (Asjur/Uece), tomou a decisão de abertura de processo administrativo disciplinar contra o docente. O referido processo será encaminhado, pela Asjur/Uece, à Procuradoria Geral do Estado (PGE), que realizará os próximos encaminhamentos."
Universidade Estadual do Ceará
Em nota

Ainda segundo a Universidade, "legalmente, apenas mediante instauração de processo administrativo, o que já foi diligenciado e que será processado pela PGE, será possível realizar o afastamento do servidor público de suas funções, garantindo a este o direito ao contraditório e à ampla defesa".

"Na oportunidade, a Universidade Estadual do Ceará ressalta seu forte compromisso no combate ao assédio sexual e à violência contra a mulher. Desde 2017, a Uece conta com o Núcleo de Acolhimento Humanizado às Mulheres Vítimas de Violência (NAH/Uece) para acolhimento e acompanhamento de mulheres vinculadas à Uece que estejam em situação de violência", conclui a nota.

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Suspeito pede desculpas por mensagens enviadas

A reportagem apurou que o professor do curso de História, do Campus de Quixadá, denunciado pelo crime, foi ouvido na Feclesc, no último dia 5 de abril. Ele admitiu o envio das mensagens - de cunho sexual - e pediu desculpas pelas mesmas.

O professor argumentou que não tinha a intenção de importunar, assediar ou ofender a ex-aluna, que não percebeu que as mensagens não eram bem recebidas e que estava solteiro e procurava por uma nova companheira. Alegou ainda que procurou familiares da ex-aluna com o objetivo de mostrar o seu interesse em ter um compromisso com ela. E disse que estava envergonhado e arrependido do que falou pelas redes sociais.

No âmbito criminal, a Delegacia de Defesa da Mulher de Quixadá investiga o caso. A reportagem apurou que a vítima, o irmão dela e outras pessoas já foram ouvidas pelos investigadores. A ex-estudante também apresentou provas que mostram as mensagens de cunho sexual enviadas pelo suspeito, nas redes sociais.

Questionada sobre o andamento da investigação, a PC-CE respondeu, em nota, que "a Delegacia Especializada está com diligências e oitivas em andamento. Mais informações serão repassadas em momento oportuno para não comprometer o trabalho policial".

No ano passado, as mensagens
Legenda: No ano passado, as mensagens "amorosas" passaram a ter conteúdo sexual
Foto: Reprodução

A bacharela em História contou ao Diário do Nordeste que, no período em que estudava no Campus de Quixadá, o docente oferecia chocolates e sorvetes a ela, que nunca aceitou. Em 2020, durante a pandemia de Covid-19, o professor começou a utilizar as redes sociais para enviar mensagens para a ex-aluna com declarações de "amor", que não foram respondidas. E passou a comentar em publicações com fotografias do filho da vítima que geraram constrangimento para a mesma.

No ano passado, as mensagens "amorosas" passaram a ter conteúdo sexual. "Oi, linda, lindinha, lindona de minha vida, estou maluco para estar convosco. Quero fazer tudo com você que tenho direito, como um homem loucamente", "Linda demais. O que faço para tê-la?" e "Nenenzinha de meu coração, acordei hoje com tanta vontade de te c* todinha, todinha mesmo" foram alguns dos textos enviados.

Depois de ignorá-lo e não surtir efeito, a jovem partiu para outra estratégia: "Eu dei um basta. Falei que não aceitava esse tipo de coisa, que nunca fiz nada que pudesse justificar essa atitude dele, que eu exigia respeito e que ele parasse."

Eu o bloqueei das redes sociais, mas ele começou a entrar em contato com os meus familiares. Mandou mensagem para dois irmãos meus, para pedir o número do meu telefone. Enviou solicitação de amizade para minha mãe e solicitação de amizade e de mensagem para meu filho, menor de idade. Então, além do assédio, tem a perseguição."
Vítima de assédio sexual
Identidade preservada

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