Trio do Comando Vermelho e alvo de tentativa de chacina durante festa em Fortaleza é condenado

Um dos advogados dos réus também já foi condenado na Justiça Estadual por integrar organização criminosa

Escrito por Redação , seguranca@svm.com.br
morro santiago
Legenda: Duas pessoas morreram na tentativa de chacina
Foto: Thiago Gadelha

Três acusados de integrarem a facção criminosa Comando Vermelho (CV) foram condenados na Justiça cearense. Kilderson Damasceno da Silva, Taylane Manuela Vitoriano Ricardo e Vanderson Ruan de Lima Mesquita foram sentenciados a cumprir, cada um, 11 anos e três meses de reclusão, em regime inicialmente fechado.

Os juízes da Vara de Delitos de Organizações Criminosas do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) decidiram condenar o trio pelos crimes de integrar organização criminosa e posse ilegal de arma de fogo de uso restrito. Foram mantidas as prisões preventivas dos réus. A reportagem não localizou as defesas dos réus. O espaço segue aberto para possíveis manifestações.

A Polícia Civil chegou aos criminosos após uma tentativa de chacina na Barra do Ceará, em Fortaleza. O trio estava em uma festa e foi alvo do ataque, protagonizado por uma facção rival. O crime aconteceu no início deste ano de 2024 e deixou duas pessoas mortas e 15 feridos.

Consta na sentença que "a existência de elementos suficientes para a formação da certeza necessária à prolação do decreto condenatório, uma vez que o conjunto probatório demonstra que os acusados Taylane Manuela Vitoriano Ricardo, Vanderson Ruan de Lima Mesquita e Kilderson Damasceno da Silva integram a facção criminosa Comando Vermelho – CV"

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FACÇÃO CONTA COM PARTICIPAÇÃO DE ADVOGADO

Um dos advogados dos réus é Júlio César Costa e Silva Barbosa. Júlio foi condenado na Justiça Estadual por também integrar organização criminosa. O advogado foi flagrado em setembro de 2021 em posse de bilhete após atender um cliente em um presídio na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Júlio César atendeu o detento Paulo Henrique Oliveira dos Santos, 31, o ´Sassá', apontado pelas autoridades como um dos chefes no Ceará de uma organização criminosa carioca. Ao tentar sair da unidade de segurança máxima, o advogado foi revistado e se recusou a mostrar o papel.

Ele foi acusado de ser mensageiro do grupo armado e estaria se valendo da função para levar e receber informações entre os detentos e o mundo externo.

Apesar da condenação, em consulta ao Cadastro Nacional dos Advogados (CNA) a reportagem do Diário do Nordeste verificou que a situação de Júlio César está como regular, sendo ele apto para continuar a exercer a advocacia. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Secção Ceará foi procurada, mas não se manifestou até a edição desta matéria.

VÍNCULO COM O COMANDO VERMELHO

Ainda sobre o trio condenado, conforme denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), Taylane confessou que anteriormente era vinculada com a facção Guardiões do Estado (GDE), afirmando em depoimento que "já deu fuga para diversos integrantes, utilizou armas de fogo e outros crimes conexos".

Ela disse aos policiais que o ex-marido membro da GDE foi assassinado devido às brigas de facção e que após a morte dele "ficou com medo de ser assassinada também e dessa forma procurou segurança de Kilderson Damasceno e Vanderson Ruan".

Integrantes da Guardiões teriam visto pelas redes sociais que "inimigos do Comando Vermelho estavam reunidos no aniversário de Kilderson, no Morro Santiago, e resolveram praticar uma chacina".

"Assim, alguns criminosos a bordo de um veículo branco subiram o Morro Santiago, onde havia a concentração de mais de 50 pessoas e proferiram vários disparos de arma de fogo para pegar em qualquer uma das pessoas que participavam da festa de Kilderson. Nesta toada, apurou-se que após cinco dias, o acusado Kilderson Damasceno da Silva junto com outros integrantes da facção Comando Vermelho arquitetaram uma revanche que culminou na morte de Camila Barbosa de Oliveira e na lesão a bala de Leonardo Leitão de Alcântara", segundo o MP.

A Polícia teve acesso ainda a publicações em redes sociais que comprovam o vínculo do trio ao Comando Vermelho. Os policiais obtiveram informações do paradeiro de Kilderson e chegando ao local, no bairro Bonsucesso, em Fortaleza, prenderam o suspeito junto aos outros dois comparsas.

Já na delegacia, como consta nos autos, os denunciados teriam comentado sobre as ameaças sofridas pela facção rival e a necessidade de revidar. O trio foi acusado pelo MPCE em fevereiro de 2024 e a Justiça recebeu a denúncia em todos os termos.

 

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