Secretário da Segurança Pública afirma que março tem 35% de queda nas mortes violentas no Ceará
Sandro Caron destaca que com o uso da Inteligência e tecnologia, as investigações policiais são mais eficazes e o trabalho dos policiais militares melhor direcionado
A implementação de novas estratégias na Segurança Pública do Ceará apontam para bons resultados. Em entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares, o secretário da Pasta, Sandro Caron, revelou que os dados parciais indicam considerável redução nos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) e Crimes Violentos Contra o Patrimônio (CVPs). De acordo com o gestor, 2021 é um dos anos com maior investimento na SSPDS, tendo como foco tecnologia, Inteligência e capacitação humana.
Confira a entrevista na íntegra:
Muito se tem divulgado sobre os investimentos na Segurança Pública do Ceará, a exemplo do Programa Integrado de Prevenção e Redução da Violência (PReVio), o que significam estes investimentos na prática e como são aplicados?
O Previo é um programa mais amplo do que a Secretaria de Segurança Pública e tem ações em outras áreas. O fenômeno da criminalidade tem como causa fatores que passam por várias outras áreas. No que diz respeito à Segurança Pública vamos ter investimento maciço em equipamentos tecnológicos focados na Inteligência, focados na melhora da investigação, na perícia criminal.
Todo esse foco em tecnologia, em investigação, em Inteligência, é justamente para melhorar as investigações policiais. Tem também uma série de equipamentos tecnológicos que, com uso da Inteligência, vão nos permitir melhorar a atuação da Polícia Militar.
Como podem ser explicadas as ações para essa melhor atuação?
O fortalecimento da repressão leva a uma queda nos índices. Estamos desde novembro no viés de queda nos índices de homicídio. Começamos agora o ano de 2021 com uma queda ainda maior. Neste mês de março, do dia 1º até o dia de ontem (25) estamos com queda de 35%, aproximadamente, nos homicídios e queda de 43% nos Crimes Violentos Contra o Patrimônio, os CVPs, como os assaltos.
Nós usamos muito da Inteligência, da tecnologia para melhora das atividades de investigação policial e também uso da Inteligência e da tecnologia para melhora do serviço da Polícia Militar. Cito como exemplo a ferramenta Status, lançada neste ano.
Ela permite a todos dirigentes da Polícia Militar, cada um dentro da sua área, saber os microterritórios onde há maior incidência de crimes graves. Então ter uma ferramenta como essa, que é atualizada em tempo real, conseguimos dispor de maneira mais eficiente os policiais e toda a estrutura operacional.
Quais os números atualizados de prisões e de outros índices que monitoram a violência no Estado?
Desde o dia 1º de janeiro de 2021 até ontem (25) temos 7.691 capturas de pessoas que se envolveram no Ceará, adultos ou adolescentes, com a prática de crimes e atos infracionais. Então foram quase oito mil prisões em pouco menos de três meses.
Tivemos também 1.390 armas de fogo apreendidas só no ano de 2021. Levar pessoas que praticam crimes à prisão e apreender armas. Esse aumento nas operações e essa intensificação operacional apoiada na tecnologia e na Inteligência estão levando à queda nos índices de criminalidade.
Sobre as capturas, os investimentos ajudam a desmontar as facções e prender também quem está na cúpula destas organizações criminosas?
Com certeza. Quando menciono que estamos usando a tecnologia e a Inteligência para melhorar as investigações é para atingir a repressão qualificada. Conseguir nas investigações produzir provas e realizar prisões dos mandantes, dos líderes do crime organizado. Todos sabem que o desafio na Segurança Pública é a queda dos homicídios.
Há estatística de que 90% dos homicídios que acontecem em Fortaleza e na Região Metropolitana têm como causa o envolvimento de pessoas com crime organizado e tráfico de drogas. Com a repressão qualificada, investigação de qualidade amparada na Inteligência, conseguimos sim realizar prisões dos líderes do crime organizado aqui no Estado. Tivemos medidas recentes aqui, como a assinatura do acordo de cooperação. Essa força-tarefa já está atuando. É o máximo de patamar de integração.
Temos no mesmo ambiente físico policiais estaduais, policiais federais, policiais rodoviários federais, representantes da SAP, realizando investigações. Esse acordo nos dá tentáculos fora do Estado do Ceará. Como os grupos que aqui atuam, muitos deles, têm origem em outro estado e atuação em todo o Brasil, você não pode tentar reprimir regionalmente um grupo que é nacional.
Muitas das prisões de lideranças do crime organizado que davam ordens e comandavam crimes organizado no Ceará foram realizadas fora do Estado do Ceará. Neste ano, por exemplo, em uma operação em relação ao grupo que aqui atua e tem atuação nacional, conseguimos prender o número 1. Ele estava no Estado do Pará e de lá comandando crimes no Ceará.
Esta operação Guilhotina levou à prisão de 16 lideranças desse grupo. Foi o maior golpe que este grupo já sofreu de parte das forças de segurança do Ceará. Conseguimos, no decorrer dessa investigação, apreensão em parceria com a Polícia paraense, de mais de 1.500 quilos de cocaína.
Essa droga viria para o Ceará. Viria abastecer pontos de venda no Estado. Se não tivesse sido apreendida serviria como fonte de renda para esse grupo continuar praticando crimes aqui. Então é a repreensão qualificada, amparada em uma atuação de parceria que vêm produzindo resultados.
Com esse incremento na Segurança Pública do Ceará, este ano de 2021 se torna um dos anos com maior valor de investimento na SSPDS?
Sim. Nós já observamos há muito tempo investimento significativo aqui. É investimento em equipamentos, em tecnologia, em viaturas, em armamento e, claro, com esse recurso que chega no financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), temos aí sim um dos anos com maior investimento na área.
Já vem sendo feito estudo detalhado de muito tempo para que se use esses recursos naquilo que é de mais importante, para que a gente obtenha resultado. Nosso resultado é a redução da criminalidade no Estado.
Nos últimos meses aconteceram muitas promoções de militares e trocas de gestões, como a do delegado-geral. É uma preocupação desta gestão também valorizar os profissionais?
Eu acredito que o que há de mais importante nas organizações policiais são os homens e as mulheres que integram essas organizações. Falamos sempre nos investimentos de tecnologia, de equipamentos de ponta. Mas para que se tenha resultados efetivos, o mais importante são homens e mulheres que fazem a Segurança Pública. Que estão nas ruas.Então existe sim um permanente investimento para capacitação desses profissionais.
Tivemos uma série de medidas, como promoções em reconhecimento ao serviço prestado à sociedade cearense. Tivemos recente anúncio de concurso na Perícia Forense, Polícia Militar e Polícia Civil. Tivemos uma turma nomeada de oficiais do Corpo de Bombeiros recentemente. Então é investimento nos profissionais, aumento dos profissionais.
Em relação às trocas de cargos de chefias e de comando, é uma coisa que eu sempre procurei trazer que é o estilo de gestão adotado na Polícia Federal. Um estilo em que, a cada dois três anos, entendemos que essa troca de gestor é saudável. As pessoas ocupam cargos por um período e depois das trocas passam a ocupar outras posições.
Entendemos que de tempo em tempo é interessante essa troca de gestão. Toda vez que chega um novo gestor ele traz experiências que ele angariou ao longo da carreira. Aí pode sim trazer outras melhorias a cada um dos órgãos vinculados à Secretaria.
Com a pandemia, como ficou a mudança de atuação na Segurança Pública, já que a Polícia também é responsável por dispersar aglomerações e fazer valer o decreto estadual? Como a Polícia se adaptou?
É uma demanda a mais que a Polícia recebeu. É um trabalho integrado com vários órgãos, como a Vigilância Sanitária do Estado, Guardas Municipais, AMC, Agefis. Dentro dessa integração, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar ficam com um trabalho a mais. Então aquele policial que hoje está nas ruas e que a vida inteira esteve nas ruas procurando detectar situações de crime, agora tem mais uma missão de fiscalização.
Estamos conseguindo realizar esse trabalho extra e além disso aumentando número de prisões, número de apreensões de armas, número de apreensões de drogas. Esse trabalho de auxílio na fiscalização das medidas sanitárias também é um trabalho para preservar vidas.
O trabalho do policial sempre foi para preservar vidas, no sentido de evitar ocorrências de crimes. Agora, dentro dessa fiscalização, é um trabalho para que se evite que novas pessoas contraiam a doença e venham a perder suas vidas.