Quem é 'Cruel', membro do grupo da Majestade solto após matar homem que comia espetinho em um bar

Natanael Pereira da Costa tem extensa ficha criminal. Ele foi preso novamente nesta semana

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
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Legenda: A Polícia Civil chegou aos nomes de dezenas de pessoas ligadas ao grupo da 'Majestade'
Foto: Divulgação/Polícia Civil

Desde agosto de 2021, com a prisão de Francisca Valeska Pereira, conhecida como "Majestade', as forças da Segurança Pública do Ceará desarticularam o alto escalão deste grupo criminoso. A prisão mais recente foi a de Natanael Pereira da Costa, também conhecido como “Cruel”, com extensa ficha criminal e suspeito de falsificar documentos para o bando.

'Cruel' foi capturado na última quarta-feira (14), em Maranguape. Mas antes de se tornar o homem que tinha como função no grupo da 'Majestade' desvencilhar a facção das investidas policiais a partir do uso de documentos falsos, Natanael chegou a ser preso por matar uma vítima que comia espetinho e tomava cerveja em um bar, no Centro de Fortaleza.

O fato se deu em setembro de 2013, quando 'Cruel' já era conhecido das autoridades como um 'ladrão de cargas'. Consta em documentos obtidos pela reportagem que ele e a vítima Arnaldo Rodrigues do Nascimento disputavam território para o tráfico de drogas, e Natanael resolveu retirar o desafeto do caminho dele.

Arnaldo estava em via pública, no Centro de Fortaleza, comendo espetinho e tomando cerveja, quando foi surpreendido com a aproximação de Natanael. Primeiro, ele agrediu a vítima fisicamente e depois efetuou disparos, conforme a investigação

O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou Natanael Pereira pelo homicídio e destacou que ela "é pessoa de alta periculosidade, sendo inclusive apontado como traficante de drogas, homicida e que ameaça testemunhas do processo". A acusação foi aceita, mas em 2017 o réu foi solto por decisão judicial.

LENTIDÃO NO PROCESSO RESULTOU EM SOLTURA

A defesa do suspeito entrou com ação de habeas corpus alegando que desde dezembro de 2015 o paciente estava preso por força de mandado de prisão preventiva, mas que havia excesso de prazo na formação de culpa,  "tendo em vista que “o acusado se encontra preso cautelarmente há mais de 20 (vinte) meses sem a conclusão da instrução”.

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Na época, a audiência estava agendada para acontecer em fevereiro de 2018 e o fim da instrução era atribuído exclusivamente a não localização ou o não comparecimento das testemunhas de acusação. A defesa também alegou que no processo não havia complexidade ou múltiplos réus.

Diante das considerações, o juiz decidiu pela soltura do réu. O magistrado ponderou que a morosidade na prestação jurisdicional não poderia justificar o acautelamento provisório, mas que precisaria aplicar medidas cautelares porque 'Cruel' é "paciente que apresenta periculosidade".

Em novembro de 2017, foi expedido o alvará de soltura, ficando determinado que Natanael usasse tornozeleira eletrônica e fosse proibido de se ausentar da Comarca onde residia.

Em 2019, ele foi pronunciado para ser submetido ao Tribunal do Júri. Somente em agosto de 2021, quase dois anos depois da pronúncia, a Justiça determinou que fossem intimadas as testemunhas do caso a serem ouvidas no julgamento, que ainda não aconteceu.

ROUBOS DE CARGAS

Natanael Pereira da Costa também responde por dois roubos de cargas. Em 2013 e 2014, o suspeito se mostrava especialista em assaltar caminhões que carregavam tecidos. Em julho de 2013, participou de uma ocorrência no bairro Montese.

Na ocasião, ele teria oferecido aos policiais militares R$ 5 mil em troca que não prendessem os parceiros de crime. Os agentes simularam aceitar a oferta esperando que 'Cruel' aparecesse para efetuar o pagamento, mas ele não foi ao local combinado.

Os irmãos foram presos, Natanael não. Meses depois ainda em 2013, a dupla foi solta.

Em 2014, um novo roubo. 'Cruel foi denunciado por ter participado de um assalto a uma carga avaliada em R$ 305 mil. O episódio se deu no dia 30 de junho daquele ano, no bairro Pedras, em Fortaleza. Uma quadrilha de pelo menos sete membros teria participado do assalto.

O GRUPO MAJESTADE

Em agosto do ano passado, Francisca Valeska Pereira Monteiro, conhecida como "Majestade", foi presa enquanto estava de férias em Gramado. A mulher é suspeita de ser responsável pelo controle financeiro e pela distribuição de territórios para a venda de entorpecentes ilegais da facção criminosa.

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Legenda: 'Majestade' foi presa enquanto estava de férias em Gramado.
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Desde então aconteceram outras prisões em sequência, em prol de desarticular o grupo criminoso. Natanael Pereira da Costa passou a ser alvo das investigações policiais desde o ano passado, após a prisão do companheiro de  “Majestade”, João Vitor, também conhecido como “Adidas”.

Até o fim de 2021, 54 acusados de participar do grupo de 'Majestade' já estavam na condição de réus no Judiciário cearense. Maior parte dos denunciados foram alvos de uma investigação da Polícia Civil que identificou 361 integrantes de uma facção criminosa carioca no Ceará.

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