Policial ficou por 40 minutos na casa e mandou fotos para a esposa, até ser surpreendido e morto

Um suspeito de participar do crime foi detido e, durante audiência de custódia, a Justiça decidiu relaxar a prisão

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Edson Macedo já foi encontrado morto por uma composição da Polícia Militar do Ceará (PMCE), na sala da casa
Legenda: Edson Macedo já foi encontrado morto por uma composição da Polícia Militar do Ceará (PMCE), na sala da casa
Foto: Reprodução

O escrivão da Polícia Civil do Ceará (PCCE), Edson Silva Macedo, de 42 anos, passou cerca de 40 minutos na casa em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), e chegou a mandar fotografias do local para a esposa, antes de ser surpreendido e assassinado a tiros pelos criminosos, na noite do último sábado (8). Um suspeito de participar do crime foi preso pela Polícia Civil e solto pela Justiça Estadual, em audiência de custódia.

Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, o escrivão chegou à residência, localizada na Rua Canaã, no bairro Padre Júlio Maria, no início daquela noite, e conversou com um vizinho, que confirmou a ele a invasão do imóvel por pessoas com frequência. Cerca de 40 minutos depois, o mesmo vizinho ouviu os tiros.

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Edson Macedo já foi encontrado morto por uma composição da Polícia Militar do Ceará (PMCE), na sala da casa. O corpo do policial tinha 15 perfurações, sendo 13 somente na cabeça.

Outra mulher afirmou à Polícia que o plano de Edson era fechar a porta da sala da casa por dentro com madeiras - para dificultar o acesso dos criminosos - e sair pelo telhado. Os policiais encontraram, no celular do escrivão, fotos compartilhadas com a sua esposa, mostrando como a casa estava revirada.

Devido aos indícios, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, acredita que a vítima estava sozinha na casa e foi surpreendida pelos criminosos, que invadiram a propriedade. O muro da residência tinha a pichação de "X9" (que significa "traidor") e uma sandália foi deixada próximo a uma árvore - por onde os executores teriam entrado e saído da casa.

Justiça manda soltar suspeito 

O primeiro suspeito de matar o escrivão Edson Macedo foi preso horas depois do crime, mas a detenção foi divulgada pela Polícia Civil somente na última segunda-feira (10). Michael da Costa de Queiroz, o 'Maikin', 18, foi encontrado em uma residência próximo ao local do crime. Com ele, foi apreendida uma pequena quantidade de droga.

Ainda nessa segunda-feira (10), quando Michael passou por audiência de custódia, a Justiça decidiu relaxar o flagrante e ordenou sua soltura. Conforme o juiz, há "ausência absoluta de indícios de sua participação no delito".

Testemunhas afirmaram à Polícia que 'Maikin' era um dos quatro ou cinco criminosos que participaram do assassinato do policial civil e que fugiram utilizando cavalos. O grupo tinha informantes em toda a região, que se comunicavam por um grupo no aplicativo WhatsApp.

O Ministério Público do Ceará (MPCE) chegou a se manifestar pela conversão do flagrante em prisão temporária para que fossem investigados outros indícios da participação.

No entanto, para o juiz Carlos Eduardo de Oliveira Holanda Junior,  uma denúncia anônima não é suficiente para manter o suspeito em cárcere. 'Maikin' deve passar por um novo exame de corpo de delito, porque alegou ter sofrido agressões quando detido.

Outro suspeito de cometer o homicídio é um adolescente de 17 anos (identidade preservada), que é procurado pela Polícia, como noticiado pelo Diário do Nordeste no último domingo (9). Conforme as investigações policiais, ele é o principal executor da facção criminosa.

O escrivão foi assassinado em uma casa que alugava e que estava desocupada, no bairro Padre Júlio Maria
Legenda: O escrivão foi assassinado em uma casa que alugava e que estava desocupada, no bairro Padre Júlio Maria
Foto: Darley Melo

O adolescente já era conhecido da Polícia em Caucaia e foi identificado como suspeito por outro homicídio e por uma tentativa de homicídio - ocorridos na mesma região onde o agente de segurança foi assassinado. A Polícia Civil já havia pedido pela internação provisória do adolescente em duas ocasiões, no ano passado, mas o Ministério Público do Ceará (MPCE) e a Justiça Estadual se posicionaram contra.

A investigação policial também aponta que esse grupo criminoso era subordinado a Alban Darlan Batista Guerra, chefe de uma facção em Caucaia, que passou meses sendo procurado pela Polícia, até ser encontrado e morto em um confronto, no Rio de Janeiro.

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