Policial acusado de matar quatro agentes em Camocim alega insanidade mental, mas Justiça nega
O crime aconteceu há um mês, no Interior do Ceará. As vítimas estavam dentro da delegacia
O inspetor da Polícia Civil do Ceará, Antônio Alves Dourado, acusado de matar quatro agentes dentro da Delegacia de Camocim, alegou à Justiça insanidade mental na tentativa de não ser punido pelos crimes. O Ministério Público do Ceará (MPCE) se posicionou contrário à instauração da insanidade e teve a manifestação acatada pela Justiça.
Por nota, o MP disse ter denunciado o policial civil nessa segunda-feira (12), mas como o caso tramita em segredo de Justiça, "não podem repassar mais informações". A partir da decisão do Judiciário contra a insanidade mental, o processo deve continuar a tramitar sem suspensão dos prazos.
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Nesta quarta-feira (14), o Diário do Nordeste publicou reportagem com estatísticas sobre o adoecimento mental dos policiais. Cerca de 30% dos afastamentos de policiais militares e 11% dos policiais civis foram por problemas psicológicos no Ceará em 2022.
Os dados foram obtidos pela reportagem a partir de pronunciamentos de representantes das corporações, que participaram de audiência pública, nessa segunda-feira (12), convocada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) a fim de discutir investimentos em prol da saúde mental dos agentes.
PRISÃO
Antônio Alves está preso há um mês. Na madrugada do dia 14 de maio de 2023, o acusado invadiu a delegacia e disparou contra quatro policiais que trabalhavam no local. Todas as vítimas morreram ainda dentro do prédio.
A reportagem teve acesso à parte dos autos, nos quais constam receitas médicas em nome de Antônio, indicando que ele fizesse uso de remédios antidepressivos.
O suspeito chegou a fugir em uma viatura
CHACINA EM DELEGACIA
A chacina ocorreu dentro da Delegacia Regional de Camocim, município no Litoral Norte do Estado. Os agentes de segurança mortos foram identificados como os escrivães Antônio Claudio dos Santos, Antônio José Rodrigues Miranda e Francisco dos Santos Pereira, e o inspetor Gabriel de Souza Ferreira.
O inspetor que cometeu o crime teria premeditado as ações, segundo a Polícia Civil. Ele usou um objeto para escalar o muro do local e depois fugiu em uma viatura que estava estacionada na unidade, mas se entregou momento depois.
Em nota de pesar, a Polícia Civil do Ceará lamentou o episódio e informou que a delegacia de Camocim está isolada e passa por perícia. "Neste momento de dor e tristeza, a Polícia Civil reforça que todo o aparato da instituição encontra-se disponível para os familiares e amigos das quatro vítimas, que são homens honrados que tanto contribuíram no combate à criminalidade no Ceará", comunicou a corporação.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), também em nota, se solidarizou com os familiares e amigos das vítimas e afirmou reconhecer os "relevantes serviços prestados à sociedade cearense pelos policiais civis".