PM preso é investigado por receber droga dentro de pastel no Presídio Militar em Fortaleza
O militar já respondia a inquéritos por tráfico de drogas e desaparecimento de munições da Polícia Militar do Ceará. A defesa do militar não foi localizada pela reportagem.
Um policial militar, que já estava preso no Presídio Militar em Fortaleza, virou alvo de novas investigações criminal e administrativa, por receber drogas dentro de um pastel. Cinco dias antes, o PM tinha danificado a estrutura do presídio. O militar já respondia a inquéritos por tráfico de drogas e desaparecimento de munições da Polícia Militar do Ceará (PMCE).
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD) instaurou um Conselho de Disciplina para investigar a conduta do sargento Tércio Allen Neves Feitosa, conforme publicação no Diário Oficial do Estado (DOE) da última quinta-feira (9).
Na portaria, a CGD relata que o PM foi preso em flagrante "pelos crimes militares de dano simples e tráfico, posse ou uso de entorpecente ou substância de efeito similar, quando interno do Presídio Militar, por fatos ocorridos nos dias 03/10/2024 e 08/10/2024, e por ter se envolvido em condutas transgressivas em diversas oportunidades, incorrendo em crimes e faltas disciplinares graves de forma continuada".
A defesa do militar não foi localizada pela reportagem, mas o espaço segue em aberto para futuras manifestações.
Segundo documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, o sargento Tércio Allen foi autuado em flagrante pela Polícia Judiciária Militar, no dia 8 de outubro último, após receber drogas dentro de um alimento, no Presídio Militar.
Um policial militar que estava de plantão no Presídio recebeu a janta de Tércio (um pastel e uma lata de refrigerante) - entregue por um motociclista de aplicativo -, estranhou o peso do pastel e decidiu abri-lo. O PM encontrou um isqueiro, um saquinho com pó branco e outro saquinho com pedras de crack e chamou um militar de patente superior.
O sargento Tércio Allen foi retirado da cela para uma revista e entregou um aparelho celular, que também entrou no Presídio de forma ilícita. O aparelho foi apreendido pelos militares plantonistas.
A prisão em flagrante do PM foi convertida em prisão preventiva, em audiência de custódia, por decisão da Justiça Estadual. O processo criminal foi distribuído para a 2ª Vara de Delitos de Trafico de Drogas, que declinou da competência e o transferiu para a Auditoria Militar do Ceará, no dia 23 de outubro de 2024.
Cinco dias antes da prisão por tráfico de drogas, o policial militar já tinha sido autuado pelo crime de dano, em razão de ser flagrado quebrando o gesso do banheiro da sua cela, no Presídio Militar. O preso teria utilizado grades da cama para danificar a estrutura. Ele foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) à Justiça, no dia 23 de dezembro do ano passado.
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Tráfico de drogas e desvio de munições
O sargento PM Tércio Allen Neves Feitosa já respondia criminalmente por tráfico de drogas e por desvio de munições da Polícia Militar.
Tércio foi preso em flagrante pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), no Município de Picos, no Piauí, no dia 2 de fevereiro de 2023, na posse de 20kg de cocaína e 6g de skunk (droga conhecida como "supermaconha"). A droga foi avaliada em R$ 2,4 milhões, pela PRF.
Na abordagem, o militar afirmou que as 6 gramas de skunk seriam para uso pessoal. "Popularmente conhecido como 'supermaconha', a droga possui uma maior concentração de THC (tetrahidrocannabiol), a substância alucinógena existente na maconha e, por isso, tem um valor muito alto no mercado do tráfico", explicou a PRF, em nota.
O policial também responde a Inquérito Policial Militar (IPM) por desaparecimento de munições da Corporação, aberto pelo 13º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Tauá, na Região Sul do Ceará, no dia 28 de abril de 2022.
O militar apresentou uma Licença para Tratamento de Saúde (LTS), dias antes do caso, e, ao entregar a arma funcional à Corporação, deixou de apresentar 33 munições calibre Ponto 40, pertencentes ao 13º BPM.
Depois de Tércio fazer uma ligação, 33 munições foram entregues à Polícia Militar. Entretanto, a investigação mostrou que essas munições haviam sido compradas de uma loja de tiro, sediada em Fortaleza, a partir do Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF) do militar. Questionado por um superior sobre as munições oficiais da PMCE, o sargento preferiu não responder.
A Polícia Militar do Ceará concluiu, no Inquérito, em 26 de agosto do ano 2022, que "existem indícios de crime militar" e de transgressão disciplinar. O processo continua a tramitar na Auditoria Militar do Ceará.