Médico é denunciado pelo MP por crime sexual no Ceará: "chegou a descer minha calça", diz vítima

Conforme a acusação, Cícero Valdizébio Pereira Agra se valia da condição para praticar atos libidinosos com as pacientes na região do Cariri

Escrito por
Emanoela Campelo de Melo e Itallo Rocha seguranca@svm.com.br
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Legenda: O médico chegou a negar as acusações. Segundo ele, as mulheres querem o prejudicar
Foto: Reprodução

O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou o médico Cícero Valdizébio Pereira Agra por crime sexual mediante fraude. Cícero passou a ser investigado pela Polícia Civil desde que pacientes contaram sobre abusos sofridos dentro do consultório na região do Cariri, Interior do Estado. Dentre os relatos, as mulheres dizem que tiveram os "seios massageados", "cabelos puxados" e a "calça tirada" durante as sessões, enquanto o médico afirmava que as atitudes eram parte do tratamento.

A acusação foi apresentada no último dia 14 de dezembro, pela 1ª Promotoria de Justiça de Crato. A reportagem do Diário do Nordeste teve acesso com exclusividade aos autos, nos quais o promotor pede instauração de ação penal contra Cícero, que ele seja citado e "após o interrogatório do réu e os debates, estando comprovado e provado o dito na presente denúncia, seja julgada procedente a ação penal, com a condenação do réu".

De acordo com o promotor de Justiça, José de Deus Terceiro Pereira Martins, Cícero Agra teria praticado violação sexual durante atendimentos realizados nos municípios do Crato e em Juazeiro do Norte, onde atua como acupunturista. O advogado do médico disse à Polícia que as alegações são falsas e quando contactado pela reportagem nesta segunda-feira (20) preferiu se abster de emitir posicionamento até o momento.

"SÓ PERCEBI AO FIM DA CONSULTA"

Uma das vítimas conta que no dia 21 de maio de 2021, por volta das 12h, foi até o bairro Centro, no Crato, onde está localizada a clínica na qual Cícero atendia. Naquele dia, a ideia era passar por uma consulta de acupuntura e homeopatia, mas a mulher, de identidade preservada, notou algo estranho instantes depois.

A vítima relata ter ficado constrangida com as atitudes do médico durante a consulta realizada "de forma diferente da habitual". Segundo ela, ele massageou suas costas e seios por mais de uma vez. "Na ocasião o profissional teria ainda feitos perguntas de cunho pessoal, tendo ainda lhe dado puxões de cabelo, descido a sua calça e a tocado demoradamente na região lombar", conforme consta na denúncia.

A paciente só teria percebido que as atitudes do denunciado possuíam conotação sexual quando ao sair da sala o médico lhe deu algumas tapas nas nádegas

Outra vítima que chegou a ir à delegacia prestar depoimento contra Cícero Agra disse ser paciente dele desde criança, e quando foi crescendo passou a perceber que o homem realizava procedimentos que a incomodava "tendo em muitas ocasiões percebido que este roçava as coxas e partes intimas dele nas suas, quando esta estava deitada na maca. Em outros momentos tirava sua calcinha e fica acariciando seu bum-bum muito embora seu problema fosse nas costas".

Uma testemunha que trabalhou junto ao acusado confirmou as declarações das vítimas e contou aos investigadores que uma vez recebeu o seguinte pedido: "Não me deixa mais sozinha aqui com o médico". Ao indagar o porquê do pedido, a paciente preferiu não detalhar o que aconteceu "porque tinha muita vergonha".

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A reportagem apurou que durante interrogatório o médico disse que as acusações das pacientes eram inverídicas e que as mulheres estavam querendo o prejudicar. Para o MPCE, Cícero Valdizébio Pereira Agra se utilizou da sua condição para "praticar ato libidinoso com suas pacientes, mediante fraude e outro e meio que impediram ou dificultaram a livre manifestação de vontade das vítimas".

MAIS VÍTIMAS

Aécio Mota, advogado que representa as pacientes, afirmou que como o caso segue em segredo de Justiça não poderia "tecer maiores comentários. Todavia, permanecemos acompanhando o caso". Aécio afirma que pelo menos outras duas vítimas se encorajaram a denunciar o profissional e acredita que mais mulheres que passaram pelo consultório do acusado devem comunicar abusos em breve.

"Muitas, sequer comunicaram os fatos a seus familiares mais próximos ainda. Continuaremos nosso trabalho para que seja feita Justiça e de alguma forma, seja amenizada a dor dessas vítimas. O papel da imprensa, neste caso é fundamental, para encorajar outras mulheres que passaram pela mesma situação a denunciar.  Ressaltamos a importância para que as mulheres que tenham sofrido algum tipo de violência sexual por parte deste médico denunciem", destacou o advogado.

 

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