Mansão de 'Gegê do Mangue' e 'Paca' em condomínio de luxo no Eusébio vai a leilão

O imóvel tem mais de 914m² e foi avaliado em R$ 3,7 milhões. Dupla gastou cerca de R$ 10 milhões em bens no Ceará

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
'Gegê' e 'Paca' adquiriram casa semelhante no Porto das Dunas, em Aquiraz
Legenda: 'Gegê' e 'Paca' adquiriram casa semelhante no Porto das Dunas, em Aquiraz
Foto: Reprodução

A Justiça Federal no Ceará decidiu levar a leilão uma mansão, localizada em um condomínio de luxo no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Segundo as investigações da Polícia Federal (PF), o imóvel pertencia a Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', e Fabiano Alves de Sousa, o 'Paca', líderes de uma facção criminosa paulista, mortos no Ceará.

R$ 3,7 mi
Segundo a decisão da 32ª Vara Federal, publicada no Diário da Justiça Eletrônico da última quarta-feira (5), a mansão foi avaliada em R$ 3,7 milhões e o leilão será realizado no dia 1º de junho deste ano, a partir de 15h, pela Internet. O imóvel tem mais de 914m² e fica localizado no Alphaville Eusébio Residencial, na Rua Áustria.

A Justiça já tinha determinado a alienação do bem, em favor do Estado, em junho do ano passado. Conforme a decisão, "com a alienação antecipada bem, haverá sub-rogação da garantia (sequestro do imóvel) no preço obtido com a sua venda em hasta pública, permanecendo a quantia indisponível, depositada em conta judicial vinculada ao procedimento criminal onde determinada a medida cautelar de apreensão de bens, para fins de assegurar a utilidade e efetividade da sentença penal, ou seja, ressarcimento da vítima, pagamento de multas, prestação pecuniária, perdimento etc.".

As investigações policiais apontam que 'Gegê do Mangue' e 'Paca' adquiriram o imóvel no Eusébio no nome de um suposto 'laranja', José Cavalcante Cidrão. A defesa de Cidrão afirma que "sempre concordou com a alienação antecipada e aguarda o julgamento da ação principal para que a imagem e reputação dele (cliente) seja reestabelecida".

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Lavagem de dinheiro do tráfico de drogas

A Polícia Federal apurou que Rogério Jeremias e Fabiano Alves movimentaram entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões, na aquisição de bens, em uma vida luxuosa que levavam no Ceará. O dinheiro seria proveniente do tráfico de drogas de uma facção criminosa paulista e os bens teriam sido comprados no nome de 'laranjas', para realizar a lavagem de dinheiro.

A Operação Node foi deflagrada pela PF em novembro de 2020 para cumprir 12 mandados de busca e apreensão em imóveis de 'Gegê', de 'Paca' e de 'laranjas', situados no Ceará, em São Paulo e em Minas Gerais.

A Polícia Federal chegou a representar pela prisão de 'laranjas' do esquema criminoso e membros da facção, mas a Justiça Federal no Ceará negou os pedidos, sob a justificativa de falta de contemporaneidade. Em contrapartida, foram deferidas quebras de sigilo bancário, para analisar a movimentação financeira do grupo criminoso.

Imóveis dos líderes da facção criminosa paulista foram alvos de mandados de busca e apreensão cumpridos pela PF, em novembro de 2020
Legenda: Imóveis dos líderes da facção criminosa paulista foram alvos de mandados de busca e apreensão cumpridos pela PF, em novembro de 2020
Foto: Divulgação/ PF

Conforme as investigações, os líderes da facção começaram a se estabelecer no Ceará em 2016 e faziam viagens constantes para a Bolívia. A suspeita é que eles continuavam a praticar o tráfico internacional de drogas, nesse período, com contatos no outro País.

Além do imóvel no Eusébio, a dupla comprou mansões no Porto das Dunas, em Aquiraz, e na Lagoa do Uruaú, em Beberibe, e um apartamento de alto padrão no Cocó, em Fortaleza. Os quatro endereços foram alvos dos mandados cumpridos na Operação.

Mortos por suspeita de desvio de dinheiro

'Gegê do Mangue' e 'Paca' foram assassinados a tiros, em uma reserva indígena em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza, no dia 15 de fevereiro de 2018. De acordo com os levantamentos da Polícia Civil do Ceará (PCCE), a facção criminosa paulista não aceitava a vida de luxo que a dupla levava em terras cearenses e suspeitava de desvios financeiros.

Dez pessoas foram acusadas por participação no crime, que teve uso até de um helicóptero. Quatro estão presas, o piloto Felipe Ramos Morais foi colocado em liberdade e cinco réus seguem foragidos. Os acusados que já foram localizados devem ser ouvidos pela Justiça Estadual do Ceará, por videoconferência, nos dias 1, 2, 7 e 8 de junho deste ano. São réus pelo crime:

  • Gilberto Aparecido dos Santos, o 'Fuminho' (preso);
  • André Luís da Costa Lopes, o 'Andrezinho da Baixada' (preso);
  • Jefte Ferreira Santos (preso);
  • Carlenilto Pereira Maltas (preso);
  • Felipe Ramos Morais;
  • Erick Machado Santos;
  • Ronaldo Pereira Costa;
  • Tiago Lourenço de Sá Lima;
  • Renato Oliveira Mota;
  • Maria Jussara da Conceição Ferreira Santos.
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