'Manobra homicida': réu por matar jovem em discussão de trânsito no Ceará será ouvido por juiz

Ayrton dirigia um veículo modelo Jeep Compass e as vítimas estavam uma moto, quando se desentenderam devido a uma "manobra arriscada feita pelo acusado"

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
carro
Legenda: O MP afirma que a situação foi provocada pela má conduta do acusado
Foto: Reprodução

Testemunhas, vítima sobrevivente e o réu Roberto Ayrton Bezerra Ramos devem ser ouvidos em juízo, nesta quarta-feira (20), sobre um episódio de discussão no trânsito que resultou em um homicídio. Roberto é acusado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) de ter praticado 'manobra homicida', que resultou na morte da jovem Hanna Moreira dos Reis e tentativa de assassinato do namorado dela.

A defesa do acusado traz uma nova versão acerca dos fatos. Os advogados destacam o depoimento de uma testemunha, que afirma ter visto uma das vítimas quebrando o vidro do carro do réu e que Roberto teria sido agredido injustamente. Para a defesa, o depoimento reforça que o réu "foi inicialmente agredido injustamente, pensando que havia sido vítima de um disparo e quando viu a moto ultrapassando o carro, pensou que iriam atirar mais".

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"A defesa vem a todo momento buscar a melhor elucidação dos fatos, contribuindo com as investigações. Ressalta que a versão apresentada pelo Sr Roberto Ayrton desde o momento da sua prisão, será comprovada nos autos", dizem os advogados Flávio Uchôa Baptista Filho e Pedro Felipe Lima Rocha.

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Conforme o MPCE, o crime se configura como 'doloso', quando há intenção de matar.

Os advogados responderam à acusação "aduzindo inépcia da denúncia". No último dia 11 de setembro, o juiz da 1ª Vara do Júri de Fortaleza ratificou o recebimento da denúncia contra o réu, designando a audiência de instrução para acontecer no dia 20 de setembro, às 14h40.

O DIA DO ASSASSINATO

O crime aconteceu no dia 15 de junho de 2023, por volta das 11h, no bairro Varjota, em Fortaleza. Ayrton dirigia um veículo modelo Jeep Compass e as vítimas estavam uma moto, quando se desentenderam devido a uma "manobra arriscada feita pelo acusado".

A discussão se prolongou por algumas ruas. O condutor da motocicleta tentava continuar rumo ao seu destino, quando foi surpreendido por Ayrton, que acelerou o carro imprensando-os contra outros veículos.

O MP afirma que a situação foi provocada pela má conduta do acusado, "que não admitiu o próprio erro ou não se conduziu melhor, evitando uma discussão infrutífera, em que, inevitavelmente, ninguém iria ceder ao entendimento do outro. Se isso custou ao acusado a sua liberdade, as vítimas tiveram um destino ainda pior".

"O acusado acelera, de modo proposital, quando não havia qualquer risco a sua própria pessoa. O réu confessou que "ficou nervoso", "pisou fundo no acelerador", e "ficou cego nessa hora". Logo em seguida, o acusado alegou que "[...] percebeu a motocicleta à sua frente e não deu tempo de parar".
MPCE

LAUDO

Hanna estava na garupa da motocicleta e teve como causa da morte a fratura de base de crânio e ferida em artéria femoral direita causadas pelo acidente. Ela morreu ainda no local.

Já o condutor da moto e sobrevivente, "sofreu edema cerebral difuso com cisternas patentes e sem desvio das estruturas da linha média e edemas na face posterior do tronco, ombro direito e nos antebraços, além de ter apresentado comportamento desorientado e agitado. O ofendido foi socorrido ao hospital IJF e sofreu lesões graves, com possíveis danos neurológicos", afirma o laudo anexado aos autos. Ele teve alta quase um mês após o fato.

O MP prevê que, em caso de condenação, seja fixado valor para reparação dos danos causados pelo denunciado à família da vítima, "que se viram violentamente privados de seu convívio pela conduta criminosa, no valor mínimo de R$ 40.500,00, tomando-se como parâmetro o triplo da indenização por morte paga pelo DPVAT em casos de mortes no trânsito".

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