Guerra entre facções criminosas em Caucaia resultou na morte de quatro indígenas neste ano
O chefe de uma facção - também indígena e familiar das vítimas - e dois integrantes de uma organização criminosa rival foram capturados pela Polícia Civil nesta semana
Uma guerra entre duas facções criminosas em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), resultou na morte de quatro indígenas, neste ano. O chefe de uma facção - também indígena e familiar das vítimas - e dois integrantes de uma organização criminosa rival foram capturados pela Polícia Civil do Ceará (PCCE), nesta semana.
Delegados da Polícia Civil que participam da investigação contaram, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (7), que o conflito que resultou nas quatro mortes se iniciou quando um homem, de 23 anos, "rasgou a camisa" de uma facção cearense, atuante no bairro de Madureira, e se mudou - levando armas e drogas do seu antigo grupo - para a região de Sobradinho, onde ingressou em uma facção carioca.
A reportagem apurou que o "pivô" da guerra é Darlan da Silva de Freitas, que integrava a facção Guardiões do Estado (GDE) e mudou para o Comando Vermelho (CV). Ele foi preso no bairro Nova Metrópole, também em Caucaia, na última terça-feira (5), por suspeita de integrar organização criminosa e por ter rompido uma tornozeleira eletrônica.
Segundo a Polícia Civil, ao chegar em Sobradinho e aderir ao CV, Darlan de Freitas montou um grupo para atacar antigos comparsas da GDE, no bairro Madureira, no dia 6 de agosto deste ano. Porém, no confronto, a facção cearense capturou dois integrantes da facção carioca - ambos indígenas e primos de Darlan. A dupla foi dada por familiares como desaparecida e acabou sendo encontrada pela Polícia já morta, com sinais de tortura, no dia 14 de agosto.
"Em agosto de 2024, fomos acionados através da 12ª Delegacia de Homicídios para tratar do desaparecimento de dois indígenas. Iniciamos diligências, inclusive estive lá pessoalmente, no município de Caucaia. Naquele mesmo dia, uma sexta-feira, foi possível a gente já evoluir, identificar um dos autores do homicídio e localizar os corpos dos dois indígenas, que estavam mutilados e enterrados, próximo ao bairro de Madureira", revela o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Ricardo Pinheiro.
Sete dias depois de os corpos dos dois homens serem localizados, a mãe de Darlan foi assassinada a tiros. No dia 16 de outubro último, foi a vez de outro primo de Darlan ser executado com tiros de fuzil, em Caucaia. A Polícia Civil apura se as duas vítimas também tinham relação com a facção criminosa ou foram mortas em represália à ação do familiar que "rasgou a camisa".
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Prisão de dupla com armas
As investigações do Núcleo de Homicídios da Delegacia Metropolitana de Caucaia também chegaram a dois suspeitos de integrar a facção Guardiões do Estado no bairro Madureira e de terem relação com os assassinatos dos quatro indígenas, além de serem investigados por homicídios ocorridos em 2022.
Um homem de 20 anos e um adolescente de 15 anos foram capturados por policiais civis, na posse uma pistola Ponto 40, um revólver calibre 38, mais de 60 munições, dois carregadores, pedras de crack, balança de precisão, caderno de anotações e dinheiro.
A dupla ofereceu resistência à abordagem policial, e houve troca de tiros. O adolescente de 15 anos foi baleado na perna, mas foi socorrido e levado a uma unidade hospitalar com vida.
A Delegacia de Caucaia contou com apoio do DHPP, do Departamento de Polícia Judiciária Metropolitana (DPJM) e do Departamento de Inteligência Policial (DIP), da Polícia Civil, para realizar as capturas dos três suspeitos. A Polícia Civil espera, com as detenções, arrefecer a guerra entre as duas facções criminosas em Caucaia.