Estudante de Medicina denuncia homofobia cometida por funcionários de barraca na Av. Beira Mar
Empregados do estabelecimento teriam dito para casal que uma família ficou constrangida com um beijo. Polícia Civil investiga o caso
Um estudante de Medicina utilizou as redes sociais para denunciar que foi vítima de homofobia, junto do namorado, cometida por funcionários de uma barraca, na Avenida Beira Mar, em Fortaleza, na noite do último domingo (27). A Polícia Civil do Ceará (PC-CE) investiga o caso.
Marto Pinheiro, de 28 anos, utilizou as redes sociais para narrar que se divertia com o namorado e com amigos, na Barraca Z, quando o casal resolveu fazer uma fotografia se beijando.
A reportagem entrou em contato com a Barraca Z sobre a denúncia de homofobia, mas não obteve resposta, até a publicação desta matéria.
Quem diria que essa ação iria estragar nossa noite?! Veio uma moça da barraca dizer que estávamos 'constrangendo uma família', que reclamou do nosso selinho (acredito que ninguém nem reclamou, mas eram eles mesmo os incomodados). Falando que 'tinham crianças ali', seguindo todo aquele discurso homofóbico bem conhecido."
O estudante de Medicina afirma que questionou à funcionária se ela sabia que aquilo era crime, e ela alegou que não era preconceituosa. Outros dois garçons teriam se aproximado para reforçar o discurso da colega de trabalho de que "tinham crianças ali".
"Perguntei o que eles queriam dizer com 'tem crianças'. Nós não podemos ter crianças também? Nossos futuros filhos não serão crianças? O que significa isso?", questiona.
Veja também
Homofobia é crime, segundo decisão do STF
Homofobia é considerado como um crime de racismo (e, logo, é imprescritível e inafiançável), conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2019. A pena, para o crime de racismo, vai de 1 a 3 anos de reclusão.
Marto diz que nunca tinha sofrido preconceito dessa forma: "Foi a primeira vez. O que me deixou bem angustiado na hora e sem saber como reagir. Já passei por situações de preconceito mais implícito, de olhares e atitudes desagradáveis. Mas nunca tinha passado por algo tão explícito, como chegar até a mim e dizer que estava constrangendo as famílias e as crianças a gente tirar uma foto dando um selinho".
O caso foi denunciado pelo estudante à Prefeitura de Fortaleza, que fiscaliza as barracas da Avenida Beira Mar; e à Polícia Civil do Ceará.
Em nota, a Polícia Civil informou que apura uma ocorrência de preconceito, por conduta homofóbica. O caso foi registrado pela vítima por meio da Delegacia Eletrônica (Deletron) e foi transferido para o 2º Distrito Policial (DP), que dará continuidade às investigações.