Duas tentativas de fugas são registradas em presídios na Grande Fortaleza

Polícia frustou as ações, que envolveram pelo menos 9 detentos. Cabos de vassoura e ganchos metálicos foram apreendidos com os internos, em um presídio

Escrito por Messias Borges e Emanoela Campelo de Melo , seguranca@svm.com.br
Tentativas de fuga ocorreram em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza
Legenda: Tentativas de fuga ocorreram em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza
Foto: Natinho Rodrigues

Policiais penais frustraram duas tentativas de fuga de detentos, em presídios de Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), na última terça-feira (11). Pelo menos 9 internos tentavam fugir, somados os dois casos.

A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP) confirmou, em nota, que, na Unidade Prisional Professor José Sobreira de Amorim (UP-Sobreira Amorim), os policiais penais "flagraram 4 internos no pátio de banho de sol com a posse de lençóis, cabos de vassoura e ganchos metálicos, objetos não permitidos para esse local do presídio".

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Já na Unidade Prisional Professor Olavo Oliveira II (UPPOO II), a SAP informou que cinco presos "tiveram sua tentativa de fuga impedida pelos policiais penais plantonistas da referida unidade. Eles foram contidos ainda no interior do presídio".

Segundo a SAP, "o trabalho de combate ao crime possui a rotina prática de procedimentos preventivos de segurança e vistoria em todas as unidades prisionais do Ceará". "Os internos (envolvidos nas duas ocorrências) responderão a um Processo Administrativo Disciplinar sobre a infração cometida", completou a Pasta.

Na última sexta-feira (7), policiais penais apreenderam 14 aparelhos celulares, oito "serras" e uma corda (que possivelmente seria utilizada para fuga), na UPPOO II.

Instabilidade no Sistema Penitenciário

O Conselho Penitenciário do Ceará (Copen) e o Sindicato dos Policiais Penais e Servidores do Sistema Penitenciário do Ceará (Sindppen-CE) concordam que o Sistema Penitenciário cearense vive uma situação de "instabilidade". Há notícias de princípios de motim e de tentativas de fuga, em vários presídios, nos últimos dias, segundo os dois Órgãos.

A "instabilidade" ocorre após a divulgação de denúncias de torturas cometidas pelos policiais penais contra detentos, na semana passada. Familiares dos presos e a Defensoria Pública Geral do Ceará denunciaram práticas como agressões diárias, dedos quebrados e internos colocados de cabeça para baixo e com testítulos apertados.

"O Conselho Penitenciário vê com bastante preocupação essa instabilidade na segurança dos presídios, nos últimos tempos. Da semana passada para cá, há notícias de fugas e motins, em várias unidades. Tem uma instabilidade se desenhando, e a gente não tem uma resposta muito clara do que está acontecendo", afirma a presidente do Copen, advogada Ruth Leite Vieira.

A presidente do Sindppen-CE, Joélia Silveira, corrobora que "o Sindicato entende que está havendo um descontrole dentro dos presídios. Recebemos informações de fugas, princípios de motins, mas a gente não tem informações precisas".

O policial penal, que é para dar segurança, se sente inseguro, diante dessa instabilidade no Sistema. Mas é impossível dar segurança, diante do baixo efetivo. O descontrole está acontecendo também porque as direções dos presídios estão entregando as posições, porque está muito difícil trabalhar. Com essas denúncias de tortura, os policiais não podem trabalhar dentro dos procedimentos legais. Nossos policiais penais trabalham dentro dos critérios da Execução Penal."
Joélia Silveira
Presidente do Sindppen-CE

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