Chefe de facção e 'laranjas' em compras de casas no Ceará são condenados pela Justiça

Esquema criminoso foi descoberto pela Polícia Civil após a prisão em flagrante de 'Bida'

Escrito por Redação ,
A Justiça concedeu aos réus o direito de recorrer da sentença em liberdade
Legenda: A Justiça concedeu aos réus o direito de recorrer da sentença em liberdade
Foto: José Leomar

Casas compradas na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) com o dinheiro do tráfico de drogas, no nome de 'laranjas'. O esquema criminoso descoberto pela Polícia Civil do Ceará (PCCE) levou à condenação de um chefe de uma facção carioca e de três mulheres, na Justiça Estadual.

A sentença foi proferida pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas, no último dia 1º de fevereiro. Apontado pela Polícia como chefe da facção carioca no bairro Serrinha, em Fortaleza, Alan Darlan Batista de Lima, conhecido como 'Bida', foi condenado a 4 anos e 2 meses de reclusão, em razão do crime conhecido como lavagem de dinheiro.

Já as 'laranjas' do esquema criminoso, Josefa Zefinha da Silva, Paloma Emilly Almeida Castro e Maria Nina Martins Rodrigues, foram condenadas a 3 anos de prisão, cada, por participarem da lavagem de dinheiro. 

A Justiça concedeu aos réus o direito de recorrer da sentença em liberdade, e a defesa dos quatro acusados - representada pelo mesmo advogado - já informou à Justiça Estadual que irá recorrer da condenação.

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O colegiado de juízes que atua na Vara considerou que o crime de lavagem de dinheiro "exige o cometimento de um crime antecedente, através do qual os valores ilícitos aos quais se tenta dar uma aparência de legalidade foram adquiridos". Para isso, lembrou que 'Bida' já foi condenado, em outro processo, por integrar organização criminosa, posse irregular de arma de fogo de uso permitido e receptação, a uma pena total de 10 anos e 8 meses de prisão.

Os magistrados concluíram que "os valores movimentados por Alan Darlan, são provenientes da liderança do Comando Vermelho, por ele exercida, notadamente pelos valores auferidos com o tráfico ilícito de entorpecentes"
.

Além da condenação dos réus, a Justiça Estadual decretou a perda, em favor do Estado, de dois imóveis adquiridos por Alan Darlan com o dinheiro do tráfico de drogas, em Itaitinga. Já a terceira residência já havia, em outro processo, sido resgatada pela empresa construtora do imóvel, que ainda recebia pagamentos do criminoso. Com isso, foi determinado que o valor paga pela construtora, R$ 115 mil, seja transferido para o Estado.

Como o crime foi descoberto

Alan Darlan Batista de Lima já era procurado pela Polícia Civil do Ceará por liderar uma facção, quando foi preso em flagrante na noite de 27 de outubro de 2020. Na sua residência, foram apreendidos um revólver calibre 38, com cinco munições, e comprovantes relacionados à aquisição de residências.

O aprofundamento da investigação sobre as residências levou a Polícia Civil a descobrir um esquema de lavagem de dinheiro. Pelo menos três imóveis foram adquiridos por 'Bida' em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza, no nome de Josefa Zefinha da Silva, Paloma Emilly Almeida Castro e Maria Nina Martins Rodrigues, com quem ele tinha amizade.

Os imóveis foram comprados por valores entre R$ 106 mil e R$ 115 mil. 'Bida' morava em um deles, quando foi preso. As investigações descobriram ainda que o vendedor de uma residência foi um policial rodoviário federal.

Ao ser interrogado pela Polícia Civil, Alan Darlan negou chefiar uma organização criminosa, apesar de reconhecer "ter praticado coisas erradas no passado". Ele garantiu que, até ser preso, se dedicava a uma oficina de veículos e justificou que tinha uma arma de fogo para se proteger de assaltos que aconteciam no seu bairro e de antigos inimigos.

Paloma Emilly alegou, durante a investigação, que emprestou o seu nome para o amigo, mas nunca ouviu falar no seu envolvimento criminoso. Já Maria Nina sustentou que não sabia que seu nome seria utilizado para a compra de um imóvel, mas a Polícia encontrou a sua assinatura nos documentos. Josefa Zefinha não foi localizada pelos investigadores, para prestar depoimento.

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