'Chacina do Curió': sete anos após o crime, nesta terça (20) quatro PMs serão julgados pelas mortes

De acordo com o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), a sessão está programada para começar às 9h, no Fórum Clóvis Beviláqua

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
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Legenda: 11 pessoas foram mortas na chacina
Foto: Reprodução

Mais de sete anos após uma das maiores chacinas do Ceará, a 'Chacina do Curió', agora, faltam horas para o que as famílias das vítimas acreditam que possa ser o 'início de se fazer Justiça'. Na manhã desta terça-feira (20), sentam nos bancos dos réus os quatro primeiros policiais acusados pelas mortes ocorridas em novembro de 2015.

De acordo com o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), a sessão está programada para começar às 9h, no 1º salão do Júri do Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza. Em decisão proferida no último dia 6 de março, ficou decidido que nesta data vão a julgamento: Marcus Vinícius Sousa da Costa, António José de Abreu Vidal Filho, Wellington Veras Chagas e Ideraldo Amâncio.

Além do interrogatório dos 4 réus, o Colegiado de Juízes que atua no processo criminal determinou a oitiva de sete vítimas sobreviventes, quatro testemunhas arroladas pela acusação e nove testemunhas arroladas pela defesa.

O Diário do Nordeste acompanha o caso desde 2015, quando 11 pessoas foram assassinadas nas ruas da Grande Messejana

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Para a sessão, o coletivo 'Mães do Curió' pediu ao governador do Ceará, Elmano de Freitas, reforço na segurança no entorno e dentro do fórum.

"Além deste primeiro júri, que estreia a série de julgamentos do caso que reúne, ao todo, 30 réus, outros 16 acusados estão previstos, até o momento, para irem a julgamento em duas outras sessões que devem ocorrer em agosto e em setembro, sendo oito em cada uma delas", disse o TJ.

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CLAMOR POR JUSTIÇA

"Quem perde um filho com 17 anos, não tem mais esperança, mas a fé por Justiça move a gente". Em março deste ano, quando o primeiro júri foi agendado, Suderli de Lima renovou sua expectativa por 'Justiça'. 

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Legenda: Dia da reunião das 'Mães do Curió' com o governador do Ceará, Elmano de Freitas
Foto: Emanoela Campelo de Melo

Ela não considera que a marcação da data do julgamento se trata de uma conquista, "sem a certeza que os acusados serão condenados".

"Enquanto eles vivem, nossos filhos não tiveram direito de viver. Tiraram esse direito dos nossos filhos naquela noite. Inocentes pagaram com a vida, foram executados. Eu, como mãe, sinto que não é uma conquista. Para mim conquista seria meu filho vivo. Quem perde um filho com 17 anos, não tem mais esperança, mas tenho fé pela Justiça. É isso que move"
Suderli de Lima
mãe do Jardel Lima

AS VÍTIMAS MORTAS NA CHACINA

  • Álef Souza Cavalcante, 17 anos
  • Antônio Alisson Inácio Cardoso, 16 anos
  • Francisco Elenildo Pereira Chagas, 40 anos
  • Jardel Lima dos Santos, 17 anos
  • Jandson Alexandre de Sousa, 19 anos
  • José Gilvan Pinto Barbosa, 41 anos
  • Marcelo da Silva Mendes, 17 anos
  • Patrício João Pinho Leite, 16 anos
  • Pedro Alcântara Barroso do Nascimento Filho, 18 anos
  • Renayson Girão da Silva, 17 anos
  • Valmir Ferreira da Conceição, 37 anos.

A Defensoria Pública do Ceará destaca que foi por conta da 'Chacina do Curió' que, em 2017, criou a Rede Acolhe, "programa focado em dar assistência a familiares de vítimas e vítimas sobreviventes de atos de violência no Ceará".

DECISÕES

O TJCE destaca que o caso é de alta complexidade pela quantidade de réus envolvidos (que no início somavam 44). Destes, 34 foram pronunciados. 

"Do total de pronunciados, três tiveram o declínio de competência para a Vara de Auditoria Militar e um outro faleceu durante a tramitação. Restando, portanto, 30 acusados. O processo, que possui mais de 13 mil páginas, foi divido em três para dar maior agilidade ao julgamento", segundo o Tribunal.

Os advogados Abdias Carvalho, Roberto Duarte, Talvane Moura e Sandro Silva, que representam a defesa do policial militar Ideraldo Amancio, afirmam que ele foi "acusado injustamente de participar da chacina da Messejana". Segundo a defesa, "o único elemento mencionado nos autos contra o PMCE é uma imagem de um veículo semelhante ao seu, porém com placa adulterada e que estava distante do local dos crimes. Acreditamos na imparcialidade do sistema judiciário e confiamos que os fatos e a verdade prevalecerão. Amâncio é inocente!", afirmaram.

 

 

 

 

 

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