Três bacias hidrográficas do Ceará estão com menos de 20% de volume acumulado; veja quais são
A situação hídrica é considerada preocupante, mas mantém segurança de abastecimento até o início da próxima quadra chuvosa, em fevereiro de 2022
As três bacias hidrográficas que acumulam menores volumes, atualmente, no Ceará, são Banabuiú (8,3%), Médio Jaguaribe (10,96%) e Curu (16,32%). As reservas hídricas dos 155 açudes estratégicos para abastecimento de centros urbanos e áreas rurais, no Ceará, estão com 25,6% nesta quinta-feira (16). O volume atual é 4,3 pontos percentuais inferior ao do mesmo período de 2020 (29,9%).
A situação, entretanto, segue melhor, na região Norte do Estado. A bacia hidrográfica do Coreaú acumula maior volume (80,45%), seguida do Litoral (72,7%), Acaraú (69,36%) e Ibiapaba (59,26%).
A região Metropolitana está com bom volume, 50,93%, porquanto recebeu toda a água vinda do rio São Francisco, transferida a partir do Castanhão, durante a última quadra chuvosa.
No momento não há nenhum açude sangrando no Ceará. O Portal Hidrológico da Cogerh aponta sete reservatórios com volume acima de 90% e 58, inferior a 30%.
Mesmo com transposição, barragens têm volumes menores em 2021
O acúmulo das reservas hídricas em 2020 era mais favorável do que neste ano, que contou com a transposição, pela primeira vez, das águas oriundos do rio São Francisco. A quadra chuvosa, que no Ceará ocorre entre fevereiro e maio, terminou com 30,2%, neste ano. Já no ano passado, o volume hídrico acumulado era de 34%.
Considerando o aporte e volume total liberado e perdido por evaporação, em fevereiro de 2020 o nível dos reservatórios saiu de 14,7% e chegou a 34% no fim de maio daquele ano, isto é, um aumento de quase 20 pontos percentuais. Já neste ano, o aumento final foi de apenas 5,9 pontos percentuais (Em 1º de fevereiro estava com 24,3% e em 31 de maio chegou a 30,2%).
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Evaporação e liberação para usos múltiplos
O semiárido enfrenta, entre junho e dezembro, o período intenso de perda de suas reservas hídricas por evaporação e liberação para usos múltiplos – abastecimento de cidades e localidades rurais, dessedentação animal e irrigação de culturas agrícolas permanentes.
“Até dezembro, é natural a queda das reservas hídricas e vamos terminar o ano com menor quantidade de água do que em 2020”, pontuou o secretário Executivo da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Aderilo Alcântara. “Daí a importância da economia, do uso responsável da água por todos nós”.
A Cogerh fez simulação recente e informou que até 31 de dezembro próximo, o Castanhão (maior açude do Ceará) chegará com volume equivalente a 7,93%; o Orós, 21,2% e o Banabuiú com 8,14%.
Dependência de chuvas
Mais uma vez, o Ceará vai depender de boas chuvas nas áreas estratégicas (bacias hidrográficas ou cabeceiras) para a recarga de seus principais açudes em 2022, isto é, no Cariri Cearense (rio Salgado) e no Alto Jaguaribe (rios Cariús e Jaguaribe).
A situação hídrica é considerada preocupante, mas mantém segurança de abastecimento até o início da próxima quadra chuvosa (fevereiro de 2022). Recentemente, o titular da SRH, Francisco Teixeira, observou que os olhares estão voltados para o Cariri e Alto Jaguaribe, que são as áreas que “direcionam água da chuva para os dois maiores açudes do Estado – Castanhão e Orós”.
Teixeira ressaltou que o Castanhão e Orós “são reservatórios estratégicos para o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza, a maior do Ceará, além de cidades do Médio e Baixo Jaguaribe”.
Na próxima quadra chuvosa, o Ceará deverá ter o reforço do abastecimento da água oriunda do rio São Francisco, a exemplo deste ano, mas ainda não está definido pelo Ministério do Desenvolvimento Rural (MDR) o período de início de bombeamento do recurso hídrico para o Canal de Águas do Ceará (CAC).
Técnicos ligados ao setor defendem o uso consciente da água, prioridade para o abastecimento humano e a dessedentação animal, porquanto não há como prever se haverá recarga adequada na próxima quadra chuvosa – fevereiro a maio de 2022 e a crise hídrica poderia se instalar no Ceará.