Escritores de Limoeiro perpetuam tradição

Escrito por Redação ,
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Mesmo com dificuldades, escritores de Limoeiro conseguem publicar suas obras literárias

Limoeiro do Norte. O cenário literário do interior do Ceará vem passando por transformações significativas. Existem vários escritores despontando, publicando e provocando uma leitura instigante e repleta de criatividade. As linguagens variam de escritor para escritor ou de livro para livro, mas o importante é que este movimento, inicialmente silencioso, está cada vez mais forte e evidente, trazendo à tona verdadeiros prodígios das letras.

Limoeiro do Norte apresenta uma gama de escritores: poetas, cronistas, contistas, romancistas. Uma cidade que valoriza e reconhece seus talentos, assim confirmado pela existência da Academia Limoeirense de Letras, já há uma década em atividade. Publicações tanto autônomas de poetas e cordelistas e quanto de ganhadores de editais provam, assim, que também se faz literatura nos Municípios deste Ceará, apesar de todas as dificuldades.

Percurso produtivo

O jovem escritor Dércio Braúna, limoeirense atualmente radicado em Jaguaruana, se destaca pelas suas muitas publicações mesmo em tão pouco tempo. Dércio publicou seu primeiro livro em 2005, reunindo poesias na obra "O pensador do jardim dos ossos". A obra, que não teve editora ou amparo financeiro de edital, foi realizado custeado pelo próprio autor, que queria ver seus versos divulgados, revelados ao público, lançados neste espaço de efervescência cultural.

Mas este foi apenas o primeiro de uma lista que já conta com cinco obras, todas apreciadas por outros escritores e pelo público em geral. O jovem escritor se identifica com uma escrita intensa e sofrida, reveladora de toda a sua poesia interior. Ele denota um cuidado sensível a sua língua materna e suas palavras falam ao coração e à alma de quem o lê.

Na lista de Dércio Braúna, um autor que se define como "um escrevente de coisas ´sentintes´, um ser que não esquece a infelicidade, de onde nos vem esta necessidade de ir pelo mundo usando de palavras", ainda existe "A selvagem língua do coração das coisas", de 2006, ganhador do II Edital de Incentivo às Artes do Estado do Ceará na categoria de poesia; "Uma nação entre dois mundos", de 2008, resultado de sua pesquisa monográfica da graduação em História pela Fafidam/Uece, financiado por conta própria.

Ainda no mesmo ano, publicou o poético "Metal sem húmus", desta vez pela Editora 7 Letras, que após conferir seu material, interessou-se em divulgá-lo. O mais recente escrito é do ano de 2010, o livro de contos "Como um cão que sonha a noite só", também pela Editora 7 Letras. O poeta, contista e ensaísta participa ainda do projeto KAYA - Revista de Atitudes Literárias, uma publicação eletrônica que se propõe a revelar os talentos jaguaribanos.

Divulgação virtual

Incrementando a lista de escritores da terra, pode ser citado o poeta, ensaísta e historiador Kelson Oliveira, que publicou já, há quatro anos, o livro de poesia "Quando as letras têm a cor do sonho", por meio do Edital de Incentivo às Artes.

O autor comenta a dificuldade de publicar. "Só nos resta os editais, ainda assim, com muita burocracia", desabafa. Em seu blog, expõe seus poemas, ensaia críticas à outros autores, discorre sobre política e literatura e mostra ao público uma escritura delicada, mas tocante, lúdica, porém cortante.

Enfim, uma escrita lírica, que se entranha nas mentes e corações, tamanha sua força poética, como pode-se observar nos versos "Esta página não é página/ É portal de papel/ Não bata para ir além/ Não chame nem se apresente/ Só aceitamos a entrada/ De pessoas pueris".

Duas novas publicações serão lançadas no início de 2011: o estudo antropológico "Os trabalhos de amor e outras mandingas", pela Editora 7 Letras, resultado de sua dissertação de mestrado, e o "Para comover borboletas", pelo I Prêmio Literário do Autor Cearense. Kelson integra, junto ao Dércio, a equipe da revista eletrônica KAYA.

Muitas escritas se descortinam neste ambiente da região jaguaribana de letras e sons, trazendo autores jovens, cheios de energia e empolgados em mostrar que ainda é possível fazer arte, apesar das dificuldades, da lentidão de efetivação dos editais e, ainda, da falta de editoras interessadas em artistas desconhecidos.

ATIVIDADES

Academia tem 10 anos de história

Limoeiro do Norte. A Academia Limoeirense de Letras existe há uma década. E em dez anos de atividade, apresentou aos limoeirenses um mundo de escritores, alguns em exercício há algum tempo e outros inéditos. A Fundação Educacional e Cultural Academia Limoeirense de Letras (Funecult) foi fundada em outubro de 2001, com o intuito de realizar atividades de organizações ligadas à arte de um modo geral. É uma entidade civil, sem fins lucrativos.

No estatuto da Academia, foram instituídas duas comendas, como meio de homenagear os escritores limoeirenses. A "Pe. Valdevino Nogueira" deve ser concedida ao cidadão que fizer jus a um prêmio na área de literatura clássica; e a "José Dantas Pinheiro" será conferida aos poetas de literatura popular e personalidades destacadas na área cultural, assim julgados merecedores de tal galardão.

A nova diretoria, eleita em 2009 para o biênio 2009/2011, é composta pelo presidente Francisco Irajá Pinheiro e demais acadêmicos, distribuídos em três conselhos distintos: diretor, fiscal e consultivo. A Academia é formada, ao todo, por 40 membros, entre titulares, efetivos, perpétuos, correspondentes, honorários e sócios beneméritos. As publicações dos acadêmicos são as mais variadas, tratando desde questões de relevância social e historiográfica a poesias e contos. Os lançamentos acontecem geralmente na sede, uma casa antiga, conhecida como o Casarão dos Osternes, família tradicional que teve grande relevância no cenário sócio-político-cultural de Limoeiro do Norte.

Em seu espaço, a Academia dispõe da Biblioteca Francisco de Andrade Carneiro, inaugurada em novembro de 2004. Desde sua fundação, o acervo é amplamente agraciado por significativo número de doações, em sua maioria, dos próprios membros, mas todo e qualquer cidadão pode doar, bem como dispor do acervo para consulta. A Praça da Poesia é mais um ambiente agradável que o espaço acadêmico agrega, esta inaugurada no dia 14 de março de 2008 (Dia da Poesia).

A ALL desenvolve atividades sócio-culturais não apenas constante, mas significativamente, em que limoeirenses têm seu trabalho reconhecido, bem como o devido prestígio aos demais jaguaribanos que tenham contribuído para a formação da cultura local.

MAIS INFORMAÇÕES

Dércio Braúna - http://www.derciopoeta.blogspot.com

Kelson Oliveira - http://www.kelsonoliveira.blogspot.com

Academia Limoeirense de Letras (ALL)

(88) 3423.12 13
Email: academia_limoeirense@yahoo.com.br





Milena Bandeira
Especial para o Regional