Veja tudo o que se sabe sobre a prisão de Braga Netto
Militar está sob custódia do Exército, sem prazo de soltura
Preso preventivamente nesse sábado (14), o general Walter Souza Braga Netto é alvo do inquérito sobre tentativa de golpe de Estado após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022. Ele teria atuado diretamente para manter o ex-presidente no poder, em esquema que também planejava o assassinato dos eleitos Lula (PT) e Geraldo Alkmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Segundo a Polícia Federal (PF), Braga Netto era o “mentor do golpe” e teria coordenado as ações ilícitas do grupo “kids pretos”, responsável pelas execuções. Ele também teria viabilizado o financiamento das operações criminosas e tentado controlar a apuração da PF ao buscar acesso ao acordo de delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e filtrar as informações cedidas por ele e outros investigados no inquérito.
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Com base nesses indícios, e temendo que ele volte a cometer ações ilícitas, a PF cumpriu mandado de prisão preventiva. Além disso, os agentes apreenderam o seu celular na casa onde o general mora, no Rio de Janeiro. Agora, ele está sob custódia do Exército, sem prazo de soltura.
Ele já passou por audiência de custódia, que manteve a prisão. Ao longo desta semana, o general deve prestar mais um depoimento à PF.
A defesa de Braga Netto garante que vai comprovar que o militar não atrapalhou as investigações.
O Coronel Flávio Botelho Peregrino, também da reserva, foi outro alvo de mandado nesse sábado, mas em Brasília.
Carreira de Braga Netto
Além de militar, Braga Netto foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022 e ministro-chefe da Casa Civil e da Defesa do governo passado. O general da reserva é mineiro e ingressou no Exército em 1975. Hoje, tem 67 anos.
Ele protagonizou outro momento na história recente brasileira: a intervenção federal na Segurança do Rio de Janeiro, em 2018. À época, o então presidente Michel Temer (MDB) o nomeou como interventor para comandar as polícias Civil e Militar, o Corpo de Bombeiros e o sistema penitenciário do estado sudestino.
Já no Governo Bolsonaro, Braga Netto assumiu posição de destaque em fevereiro de 2020, ao assumir a Casa Civil. No ano seguinte, migrou para o comando do Ministério da Defesa, do qual se desincompatibilizou em 2022 para disputar as eleições – do qual saiu derrotado.
A investigação
A Polícia Federal investiga uma tentativa de golpe de Estado no Brasil. A conclusão do inquérito aponta uma organização criminosa que atuou de forma coordenada na tentativa de golpe para manter Bolsonaro após derrota na eleição de 2022.
A investigação sobre a tentativa de golpe de Estado começou no ano passado e foi concluída em novembro deste ano. No mesmo mês, a Polícia Federal prendeu quatro militares e um policial federal acusados de tentar matar Lula, Alckmin e Moraes. Também indiciou 37 pessoas suspeitas de: abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Nesse grupo, Bolsonaro, Braga Netto e dois militares cearenses.
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O “mentor do golpe” teria se reunido com o general da reserva Mario Fernandes para receber o plano conspiratório montado pelo colega, em novembro de 2022. Braga Netto teria aprovado o documento, após deliberação com os tenentes-coronéis Mauro Cid e Ferreira Lima e o major Rafael de Oliveira.
O ex-ministro também repassou dinheiro vivo aos militares das Forças Especiais, chamados de "kids pretos", para financiar as ações criminosas. Ele teria usado até embalagens de vinhos com essa finalidade, aponta a PF.
O outro lado
Apesar de afirmar que vai provar a não interferência de Braga Netto nas investigações, a sua defesa informou que vai se manifestar nos "autos após ter plena ciência dos fatos" que levaram à prisão do militar.
"Com a crença na observância do devido processo legal, teremos a oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução as investigações", completam os advogados em nota
O Centro de Comunicação Social do Exército também se pronunciou, confirmando o cumprimento dos mandados. "O General Braga Netto ficará sob custódia do Exército, no Comando da 1ª Divisão de Exército na cidade do Rio de Janeiro", acrescentou.
O Exército afirmou, ainda, que acompanha “as diligências realizadas por determinação da Justiça e (segue) colaborando com as investigações em curso".