Regina Duarte é convidada para a Secretaria da Cultura, diz jornal

Atriz prometeu dar uma resposta neste sábado

Escrito por Redação ,
Legenda: Atriz Regina Duarte é convidada para assumir cargo no Governo Bolsonaro
Foto: Foto: Alex Carvalho

A atriz Regina Duarte foi convidada pelo governo para assumir a Secretaria Nacional de Cultura e promete responder até este sábado (18), informou, nesta tarde, o site do jornal Folha de S.Paulo.

Segundo a publicação, ela já foi chamada anteriormente para o posto pelo presidente Jair Bolsonaro, mas recusou.

"Dessa vez, no entanto, o assédio a ela aumentou. A atriz, conhecida por suas posições de direita, vem sendo cortejada por membros do entorno de Bolsonaro desde o anúncio da saída de Roberto Alvim. Regina disse a interlocutores que ficou animada, mas ainda está em dúvida sobre assumir o cargo", informou o jornal paulista.

Propaganda nazista

O secretário de Cultura do Governo Bolsonaro, Roberto Alvim, foi exonerado nesta sexta-feira (17) após o impacto negativo causado por um discurso em que parafraseou o ministro de propaganda nazista Joseph Goebbels. 

"Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência", afirmou Bolsonaro em comunicado após a onda de indignação gerada pelas declarações do secretário. 

O controverso discurso foi gravado para um vídeo oficial publicado na véspera do lançamento de um novo Prêmio Nacional de Artes. 

"A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", afirmou Alvim na quinta-feira à noite. 

A frase é muito parecida com a de Goebbels - na qual o líder nazista falou de arte "heroica", "nacional" e "imperativa" -, citada no livro "Goebbels: a Biography" (2015), de Peter Longerich. 

Alvim disse que foi um "erro involuntário" e que não sabia a origem da sentença. 

"No meu pronunciamento, havia uma frase parecida com uma frase de um nazista. Não havia nenhuma menção ao nazismo na frase, e eu não sabia a origem dela. O discurso foi escrito a partir de várias ideias ligadas à arte nacionalista, que me foram trazidas por assessores. Se eu soubesse da origem da frase, jamais a teria dito", afirmou.

Repúdio

O vídeo gerou a rejeição das mais altas autoridades do país, como os presidentes da Câmara dos Deputados e o Supremo Tribunal Federal (STF).

A Confederação Israelense do Brasil (Conib), que representa a comunidade judaica, também considerou o discurso "inaceitável" e pediu que o secretário fosse afastado.

"Goebbels foi um dos principais líderes do regime nazista, que empregou a propaganda e a cultura para deturpar corações e mentes dos alemães e dos aliados nazistas a ponto de cometerem o Holocausto, o extermínio de 6 milhões de judeus na Europa, entre tantas outras vítimas", afirma a nota da Conib.

"Reitero nosso repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas. Manifestamos também nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos valores em comum", disse ainda Bolsonaro, aliado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. 

"Renascimento" da arte

No vídeo que desencadeou a controvérsia, cerca de seis minutos, Alvim anuncia solenemente a criação de um prêmio que destinará 20 milhões de reais para financiar projetos de ópera, teatro, pintura, escultura, literatura, música e quadrinhos. 

A iniciativa busca promover o "renascimento da arte e da cultura no Brasil", diz o secretário, que usa como som de fundo a ópera Lohengrin de Richard Wagner (1813-1883), compositor antissemita admirado por Adolf Hitler. 

"A pátria, a família, a coragem do povo e sua profunda ligação com Deus amparam nossas ações na criação de políticas públicas. As virtudes da fé, da lealdade, do autossacrificio e da luta contra o mal serão alçadas ao território sagrado das obras de Arte”, declarou Alim.

Ao assumir o cargo em novembro passado, Alvim prometeu iniciar uma "guerra cultural" contra o progressismo e alinhar as políticas públicas aos valores conservadores do governo de de Bolsonaro.

Depois de chegar ao poder em janeiro, Bolsonaro transformou o Ministério da Cultura em uma secretária de Estado subordinada ao Ministério da Cidadania e em novembro o transferiu para a órbita do Ministério do Turismo.